Preferência Pela Liquidez, Disponibilidade De Crédito, Sistema Bancário E Desenvolvimento Regional: Uma Avaliação Da Região Da Produção - RS
Exames: Preferência Pela Liquidez, Disponibilidade De Crédito, Sistema Bancário E Desenvolvimento Regional: Uma Avaliação Da Região Da Produção - RS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Heitor666 • 25/10/2014 • 9.521 Palavras (39 Páginas) • 507 Visualizações
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar o impacto de algumas variáveis territoriais no volume total de crédito de uma região. Tais variáveis, derivadas das condições econômicas da região, são captados através da preferência pela liquidez do público e dos bancos. De acordo com o enfoque pós-keynesiano, regiões menos desenvolvidas possuiriam uma maior preferência pela liquidez, em virtude da maior incerteza econômica desta região. Como conseqüência, tanto a demanda por crédito quanto a oferta do mesmo seria menor em regiões menos desenvolvidas. Para analisar esta hipótese calculou-se a preferência da liquidez do público e dos bancos para a capital do Rio Grande do Sul e os principais municípios da Região da Produção do Rio Grande do Sul. Os resultados encontrados na análise descritiva e na análise econométrica indicaram a validade das hipóteses.
Palavras Chaves: Economia Regional, Sistema Bancário, Preferência pela Liquidez.
1. INTRODUÇÃO
A literatura que se dedica à regionalização brasileira sempre se caracterizou pelo impacto do comportamento das variáveis reais da economia (produção, emprego, salários etc.), sendo as variáveis monetárias e financeiras recorrentemente negligenciadas pelos estudiosos (Amado, 1998, p. 418).
Apesar destas dificuldades, estudos recentes como o de Cavalcante, Crocco e Jayme (2004 e 2006) mostraram que é possível fazer inferências relevantes sobre o tema. Os autores citam que grande parte das contribuições relativas ao poder da moeda em economias regionais tem se originado da economia macro-monetária. Tais trabalhos partem de inferências nacionais e dados que são regionalizados para cair em uma discussão antiga: se a moeda importa ou não. Os trabalhos com caráter de pura economia regional, por outro lado, sempre se pautaram por modelos que encaram a moeda como neutra (pelo menos em nível regional) ou, no melhor dos casos, como se tivesse uma perfeita mobilidade entre regiões; os fluxos monetários intraregionais seriam vistos como simples reflexos dos diferentes níveis de desenvolvimento das regiões e de suas instituições. É o caso de modelos como o neoclássico e o multisetorial. Para os pós-keynesianos a moeda não é exógena, entrando no sistema econômico através do crédito gerado pelos bancos e induzido pela sua demanda. Assim, o crédito permite determinar o investimento ao invés de determinar o nível geral de preços, tornando a moeda parte integrante do processo econômico e não neutra. (CAVALCANTE; CROCCO; JAYME, 2004).
É com o intuito de salientar a importância da moeda na economia regional que esse trabalho se apresenta, reforçando alguns pontos sobre o desenvolvimento regional através da ótica pós-keynesiana e verificando se a moeda é um dos fatores que influenciam o dinamismo das regiões. Nesse contexto, cabe indagar sobre quanto o dispêndio se alterará em relação ao estoque monetário em uma economia regional. Ou seja, quais os efeitos, sobre o lado real da economia que se observam, devido às movimentações dos ativos monetários em uma economia regional?
A região em que se focará este estudo é o COREDE Produção. Os COREDE´s são divisões territoriais do estado do Rio Grande do Sul consideradas como áreas de planejamento oficial para o governo do estado. Conforme Finamore (2009) a Região da Produção é composta por 23 municípios, e possui um núcleo industrial e urbanizado formado pelos municípios de Passo Fundo, Carazinho e Marau, e ainda outros 20 municípios com a maioria da população nas áreas rurais e uma rede bancária incipiente.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Pretende-se com essa revisão de literatura resgatar o marco teórico do trabalho, tratando o tema da moeda na economia. Nele é abordado o papel da moeda no arcabouço pós-keynesiano. Além disso, discute-se o papel da moeda no desenvolvimento regional, sob a perspectiva das principais escolas, e o efeito da estrutura espacial do sistema financeiro no padrão do desenvolvimento econômico regional.
2.1 A Moeda para os Pós-Keynesianos
A literatura identifica diversas abordagens ao explicar o papel da moeda na economia. No entanto, optou-se por tratar com maior nível de detalhes apenas da análise pós-keynesiana, pois esta é a base teórica que explica o estudo empírico proposto pelo trabalho. Os pós-keynesianos baseiam-se nos estudos que Keynes fez sobre a moeda principalmente no Tratado sobre a moeda, de 1930, e na Teoria Geral do Emprego do juro e da moeda, publicado em 1936 (CARVALHO et al. 2000). Segundo Keynes e a escola pós-keynesiana, a moeda não é neutra tanto no curto como no longo prazo. Nesta abordagem, a preferência pela liquidez passa a ser central para a determinação do produto e do emprego na economia.
Para Keynes [...] além de mero intermediário de troca a moeda torna-se um ativo líquido capaz de liquidar contratos em qualquer período de tempo e assim assume forma de um meio de se guardar riqueza. Ao tornar-se um ativo com reserva de valor, a moeda competiria com outros ativos reproduzíveis enquanto mecanismo de preservação de riqueza (CASTRO, 2002, p.27).
A seguir são apresentados três elementos conceituais de fundamental importância para a compreensão da não neutralidade da moeda: tempo, incerteza e preferência pela liquidez.
Para Amado (1998), o tempo deve ser entendido como uma grandeza unidirecional, fluindo do passado para o futuro, sendo assim, irreversível. Conseqüentemente, os agentes sabem que suas ações são irreversíveis. O autor salienta que a incerteza tem caráter não quantificável, os agentes não podem utilizar os métodos que se baseiam na teoria de probabilidades tradicional para lidar com ela e por isso não são capazes de definir as distribuições de probabilidade, objetivas ou subjetivas, para tomarem suas decisões.
Para Keynes, (apud carvalho et al, 2000) incerteza não se confunde com risco probabilístico, pois se refere a determinados fenômenos econômicos para os quais não se podem formar cálculos probabilísticos, objetivos ou subjetivos.
Conforme Carvalho et al, (2000) na Teoria Geral, Keynes salientou duas propriedades especiais da moeda, que a tornam um elemento central em economias monetárias modernas. A primeira seria a elasticidade de produção da moeda igual a zero, o que significa que a oferta de moeda não cresce facilmente quando a demanda por moeda aumenta. O autor coloca que outro atributo é o de que a elasticidade de substituição também é zero, ou seja, o fato da demanda por moeda não ser atendida, não leva os agentes a substituir a moeda por outros ativos.
Segundo
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