Produção De Fumo Em Mg No século 18
Exames: Produção De Fumo Em Mg No século 18. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: nelson1234 • 27/5/2014 • 4.687 Palavras (19 Páginas) • 263 Visualizações
INDICAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO E O COMÉRCIO DO FUMO
SUL-MINEIRO:
ANÁLISE DO LIVRO DE NOTAS DO NEGOCIANTE ANTÔNIO JOSÉ
RIBEIRO DE CARVALHO
Marcos Ferreira de Andrade
(Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Professor do
curso de História do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH e
professor colaborador do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal
de São João del-Rei – UFSJ)
Resumo
O trabalho discute a importância do cultivo do tabaco e da comercialização do
fumo sul-mineiro em algumas propriedades localizadas mais ao sul da antiga
da comarca do Rio das Mortes, nas freguesias de Santa Catarina, Carmo de
Minas e Cristina, na primeira metade do século XIX. Os indícios da importância
no fumo na área estudada foram cotejados a partir da análise dos inventários
de alguns escravistas e também do livro de notas de um fazendeironegociante.
Palavras-chave: Escravidão – Comércio – Fumo – Sul de Minas
Área Temática: História Econômica e Demografia Histórica
H3 – Urbanização e comércio em Minas Gerais no Século XIX
Indicações sobre a produção e o comércio do fumo sul-mineiro: análise
do livro de notas do negociante Antônio José Ribeiro de Carvalho
1. Introdução
Este trabalho tem por objetivo oferecer pistas sobre a importância da
produção e comercialização do fumo sul-mineiro, localizado nas freguesias e
distritos que compunham a região de Cristina, que até a década de 1830,
pertencia ao termo da vila da Campanha da Princesa. Considerando esse
aspecto, foram analisados alguns inventários de proprietários envolvidos com o
cultivo do tabaco, verificando o volume da produção que aparece arrolado nos
processos notariais, além das informações constantes do livro de notas do
negociante Antônio José Ribeiro de Carvalho, mais conhecido como o “velho
do Condado”. O que as fontes indicam é que a produção e comercialização de
fumo faziam parte de conjunto diversificado de atividades desenvolvidas pelos
fazendeiros/negociantes, um tipo social marcante no cenário sul-mineiro da
primeira metade do século XIX.1
2. O cultivo de tabaco no Sul de Minas
A importância que teve o cultivo do tabaco no Sul de Minas, mais
precisamente no termo de Baependi, é abordada de forma bastante genérica
em vários trabalhos, pois ainda faltam estudos mais detalhados dessa atividade
na região, destacando o volume da produção, a importância do comércio e sua
vinculação com o tráfico internacional,2 se é que ocorria. Este trabalho, por sua
vez, também não se destina a oferecer muitas respostas para o “ciclo do fumo
sul-mineiro”, como define Douglas Libby,3 mas, certamente, alguns inventários
denotam a importância que a atividade possuía na região e quantos
proprietários estavam diretamente envolvidos nela.
Merece destaque uma pesquisa recente e em andamento, desenvolvida
por Cristiano Corte Restitutti, que tem revelado informações de extrema
relevância para se compreender os circuitos mercantis do fumo de Minas, com
destaque para os principais centros produtores (Baependi, Cristina e Itajubá) e
os mercados que absorviam a produção sul-mineira, especialmente a cidade
do Rio de Janeiro. Os circuitos terrestres garantiam a chegada do fumo até a
praça mercantil carioca, que se tornou o principal centro consumidor e
distribuidor do fumo sul-mineiro para outras províncias (Rio Grande do Sul,
Pernambuco e Santa Catarina) e a bacia do Prata (Montevidéu e Buenos
Aires), através do comércio de cabotagem. Em 1827-1832 e 1833-1838, o Rio
1 Parte dessa discussão pode ser encontrada em minha tese de doutorado, recentemente
publicada. Ver Marcos Ferreira de Andrade. Elites regionais e a formação do Estado Imperial
brasileiro: Minas Gerais – Campanha da Princesa (1799-1850). Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 2008. pp. 50-52; 84-86; 90-94.
2 João Luís Fragoso relata o comércio de fumo e tecidos grossos para escravos, desenvolvido
entre Aiuruoca, Baependi e Cristina e a praça mercantil do Rio de Janeiro. Ver Homens de
grossa aventura, p. 25.
3 O autor destaca a inexistência de estudos mais sistematizados sobre o assunto, ao analisar
as obras de Kathleen Higgins e Laird W. Bergard sobre Minas Gerais. Douglas Cole Libby,
Minas na mira dos brasilianistas: reflexões sobre os trabalhos de Higgins e Bergard, p. 279-
304. Também já havíamos chamado a atenção para este aspecto em artigo em que
analisamos o potencial das fontes regionais para a história do sul de Minas. Ver Marcos
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