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Propriedades Físicas Da Argamassa

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Por:   •  18/5/2014  •  2.391 Palavras (10 Páginas)  •  599 Visualizações

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PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DAS ARGAMASSAS DE CAL ADITIVADAS COM GRUDE DE GURIJUBA

M. A. de Souza; D. V. Ribeiro, C. C. Santiago

Rua Aristides Novis, 02. Escola Politécnica. 40210-630. Salvador/BA, Brasil.

e-mail: manuellasz@gmail.com

Universidade Federal da Bahia

RESUMO

De acordo com relatos não confirmados cientificamente, a bexiga natatória do peixe gurijuba (Arius Parkeri), foi historicamente utilizada para a produção de uma cola, popularmente conhecida como “grude”, que teria como finalidade melhorar as propriedades das argamassas de cal em edificações antigas, no estado do Pará (entre os séculos XVII e XIX). No presente estudo, o "grude de gurijuba" (GG) foi adicionado às argamassas de cal nos teores de 2% e 5%, em relação à massa do aglomerante, para que fosse observada a efetiva influência deste aditivo. Após a caracterização dos materiais envolvidos, moldaram-se corpos de prova que tiveram suas propriedades comparadas às das amostras de referência (sem GG) Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios, mostrando a viabilidade técnica do uso do GG como aditivo em argamassas de cal e reforçando a tese quanto ao uso deste material em edificações antigas.

Palavras-chave: Argamassas, cal, gurijuba, propriedades, restauração.

INTRODUÇÃO

Nas argamassas de cal, o aglomerante é o constituinte ativo da mistura e a areia, além de ser um material de enchimento, contribui com a estabilidade volumétrica, reduz a retração na secagem, o custo final e facilita a passagem do anidrido carbônico presente no ar atmosférico, sendo o responsável pelo processo de carbonatação do hidróxido de cálcio (1), mecanismo fundamental para que a argamassa se torne mais rígida e durável.

Além dos constituintes usuais, algumas substâncias podiam ser acrescentadas às argamassas antigas com a intenção de melhorar suas propriedades, funcionando como aditivos – muitos destes orgânicos – que variavam de acordo com o local e a disponibilidade dos materiais. Há registros na literatura sobre o uso das mais diversas substâncias tais como cerveja, crina de cavalo, açúcar, sangue animal, óleos, gorduras etc (2).

Uma vez que o uso de aditivos varia de acordo com os materiais disponíveis em cada região, optou-se pelo estudo de material característico do litoral norte do Brasil e historicamente relatado como possível aditivo orgânico para argamassas: o “grude” da gurijuba (Arius Parkeri), material obtido da bexiga natatória do peixe (órgão responsável por regular seu nível de profundidade), cujos relatos informam ter sido utilizado como aditivo orgânico para a produção de argamassas entre os séculos XVII e XIX, no estado do Pará.

O objetivo principal desse estudo foi investigar o efeito da adição de cola obtida da gurijuba no desempenho das argamassas de cal. De maneira específica, buscou-se: a) Identificar as propriedades da cola proteica de gurijuba e seu desempenho como aditivo, agregando mais uma utilização do produto junto aos mercados nacional e internacional; b) Obter material mais durável e compatível com os materiais de construção tradicionais, podendo ser utilizado para o preenchimento de lacunas em argamassas deterioradas de edifícios antigos; c) Incentivar o desenvolvimento de tecnologias para a construção alternativa, de modo a evitar o uso de materiais que agridam o meio ambiente.

MATERIAIS

A gurijuba é um peixe encontrado em abundante quantidade no norte do país, principalmente na região do Salgado, nordeste paraense. O principal atrativo da pesca desta espécie está na busca pelo “grude” da Gurijuba (GG), sua bexiga natatória que consiste numa vesícula composta por tecido conjuntivo fibroso que pode se encher de ar e tem a função de regular o nível de flutuação do peixe.

Muito valorizada no mercado internacional, é exportada principalmente para a China, o Japão, a Inglaterra, os Estados Unidos e a Alemanha sem nenhum tipo de beneficiamento. Apreciada como iguaria gastronômica no país mais populoso do planeta, é usada na clarificação de bebidas na Inglaterra e nos Estados Unidos e na Alemanha é empregada na fabricação de cola de alta precisão (3).

Relatos informam que esse subproduto da gurijuba, o GG, também era utilizado antigamente como aditivo para argamassas, com o intuito de melhorar suas propriedades, em construções dos municípios paraenses.

Na confecção dos corpos de prova utilizou-se como aglomerante cal hidráulica da marca Trevo, tipo CH-I (alta pureza), conforme estabelece a norma brasileira NBR 7175. Como agregado miúdo, foi utilizada areia de jazida, normalmente comercializada na cidade de Salvador, Bahia. Esta areia foi caracterizada quanto à sua massa unitária, massa específica e distribuição granulométrica.

MÉTODOS

A caracterização dos materiais envolveu análises dos parâmetros físicos tais como a determinação da massa específica dos agregados miúdos (NBR 9776), determinação da massa unitária e do volume de vazios dos agregados (NBR NM 45), absorção (NBR NM 30) e determinação da composição granulométrica (NBR NM 248). Após a caracterização física das matérias-primas, deu-se início a elaboração do traço de referência. O escolhido seguiu recomendações de Vitrúvio(4) para areia de jazida, ou seja, 1 : 3 (cal : areia), medidos em volume. Ao converter as medidas considerando a massa unitária da cal e da areia disponíveis, o resultado foi 1 : 8,4 : 2 (cal : areia : água), em massa.

A seguir, moldaram-se corpos de prova de referência (sem o grude) e contendo 2% e 5% de aditivo, em relação à massa de cal. Utilizou-se argamassadeira para misturar mecanicamente as matérias-primas por dois minutos, sendo a mistura, a seguir, vertida em moldes prismáticos com dimensões de 4x4x16 cm e vibradas durante 60 segundos, na frequência de 60 Hz. A metodologia de moldagem dos corpos de prova seguiu a norma NBR 13279:2005. A determinação da resistência à tração na flexão fez-se de acordo com a NBR 13279 e caracterização dos corpos de prova deu-se em duas idades: 150 e 300 dias para que a carbonatação da cal fosse razoavelmente efetivada.

Na determinação da absorção de água por capilaridade, os corpos de prova foram secos em estufa por 24 horas e, após isso, resfriados à temperatura ambiente e tiveram

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