Psicologia Do Direito
Dissertações: Psicologia Do Direito. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: IngridMH • 26/9/2014 • 853 Palavras (4 Páginas) • 206 Visualizações
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Ponto de vista: Lya Luft
A educação possível
"A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas é mais nociva do que uma sala de aula com teto e chão
furados e livros aos frangalhos"
Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo
(com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um
espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos,
enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em
que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é
modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos
repercutem, e muito.
Atômica Studio
Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram
em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem.
Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor
eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e
desenvolver sua personalidade?
É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um
computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais
elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos
claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e
chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.
Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar
bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As
outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de
sua idade.
No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar.
Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem
sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece,
nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão
mal aplicado: "cidadania".
O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou
tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma
coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se
conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados.
Sou de uma família de professores universitários.
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