RESENHA MODOS DE VER
Dissertações: RESENHA MODOS DE VER. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: MSAPC • 9/5/2014 • 1.069 Palavras (5 Páginas) • 3.249 Visualizações
No livro Modos de Ver de John Berger, o autor demonstra como o olhar pode ser corrompido e manipulado. A forma de ver define o significado da imagem. Ele analisa aspectos sociais e culturais da geração de imagens (pintura à fotografia), a reprodutibilidade mecânica das obras, o nu e a imagem da mulher como objeto de visão, enfocando que “A maneira como vemos as coisas é afetada pelo que sabemos ou pelo que acreditamos”.
Segundo o autor, nunca olhamos para apenas uma coisa, sempre olhamos algo já o relacionando com nós mesmos. A partir disso, entende-se que tudo que vemos é interferido pelo que sabemos e acreditamos, junto com a influência direta do nosso repertório pessoal.
O olhar, de modo geral, refere-se ao ato de “dirigir a vista, de fitar os olhos em”
(PRIBERAM, 2009), no sentido de estar voltado para, observando e considerando atentamente os detalhes. Em contraposição, o ver refere-se ao ato de “exercer o sentido da vista sobre, enxergar, reconhecer”. Quando analisamos mais profundidade os elementos que vemos, é possível perceber detalhes antes não vistos, tornar a visão muito melhor como ferramenta. Outro ponto de atenção é saber como as pessoas possuem visões diferentes sobre os mesmos elementos e a forma que isso reflete em suas decisões e em diversificados resultados, o que torna particular, cada visão. “Todo o universo não é senão um depósito de imagens e sinais, aos quais a imaginação dará um lugar e um valor relativo; é uma espécie de alimento que a imaginação deve digerir e transformar” (BAUDELAIRE, 2008).
Para Berger, a invenção da câmera fotográfica, além de transformar o futuro, mudou o modo de vermos as imagens do passado. “Por vezes a pintura era transportável. Mas nunca podia ser vista em dois lugares ao mesmo tempo”. O autor comenta que, com a propagação da cópia, não há mais um único significado para a arte, mas uma multiplicação deles.
O fotógrafo suíço, Robert Frank usou sua câmera no projeto de conhecimento da sociedade norte-americana. Nos anos 50, contribuiu com um trabalho fotográfico mais subjetivo, com a consciência de que o significado é dado pelo observador. Na foto (1) abaixo, pode-se criar a nossa interpretação, construindo a nossa narrativa.
Foto (1) de Robert Frank
Na foto (2) abaixo, do fotógrafo nipo-brasileiro Haruo Ohara, um homem parece que tenta atravessar uma rua de terra, transformada em um imenso lamaçal. Ao focar a foto no lamaçal, deixando a povoação ao fundo, o autor deixa de fornecer informações, dando margem a diversas interpretações.
Foto (2) de Haruo Ohara
No livro, Modos de Ver, também se discute a ideia de que a presença social de uma mulher é diferente da de um homem. Isso porque a presença masculina depende do poder que ele corporifica, sugerindo o que é capaz de fazer, por ou para você, já a feminina depende da atitude que ela mostra em relação a si mesma, revelando o que ela permite ou não que lhe seja feito.
Enquanto o poder dos homens tem relação com sua moral, físico, temperamento, econômico, social e sexual, as mulheres se expressam através de seus gestos, voz, opiniões, expressões, roupas, gostos, ambientes escolhidos e tudo aquilo que ela faz. A partir disso, é possível concluir e perceber que a mulher é tratada como um objeto da visão. “Os homens atuam e as mulheres aparecem”, diz Berger. Um exemplo disso, citado e exemplificado pelo autor, são os nus europeus que são pintados como se a mulher estivesse a serviço do desejo do espectador que, em sua maioria, eram masculinos.
O simples fato de enxergamos (termos a visão proporcionada pelos olhos) não constitui que temos a capacidade de ter a visão (da forma total) e o discernimento de enxergamos as coisas como elas deveriam ser. O documentário,
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