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RESENHA- Ulisses Entre O Amor E A Morte

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Por:   •  14/11/2014  •  2.244 Palavras (9 Páginas)  •  5.610 Visualizações

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Esta resenha crítica se refere ao livro Ulisses Entre o Amor e a Morte (1953), 6º Edição de 1987, composto e impresso pela Editora Vozes Ltda. A obra foi escrita por Orlando Geraldo Rego de Carvalho, filho de José Rego de Carvalho e Aracy de Carvalho, natural da cidade de Oeiras, nasceu em 25/01/1930. Atualmente o autor vive em Teresina. Bacharel em direito, foi professor e bancário. Aos 10 anos já escrevia para o jornal da escola e em 1942 decidiu ser escritor. Foi um dos editores da revista “Caderno de Letras Meridiano” e pertenceu à Academia Piauiense de Letras. Grande escritor que é, escreveu outras obras: Rio Subterrâneo, (1967) e Somos Todos Inocentes (1971). O escritor modernista possui comentários e notas no Dicionário Prático de Literatura Brasileira (1979), de Assis Brasil, no Dicionário das Literaturas Portuguesa, Brasileira e Galega, Novíssimo da Literatura Brasileira, entre outros e possui um poema publicado no informativo da UBE/PI.

O livro Ulisses Entre o Amor e a Morte se firma sobre duas temáticas principais, como o próprio título já diz, a morte e o amor. A morte, pela perda de seu pai e o amor, pelo carinho dele por sua família e por Conceição. Além dessas duas temáticas, também, é abordado no livro o romance da tia, a loucura de Joana, insanidade muito frequente na época, em Oeiras, pelos casamentos entre parentes; o narrador também faz menção às estranhezas de José, irmão de Ulisses, e as aventuras de adolescente de Ulisses e seus amigos.

O livro está dividido em cinco partes, começando com “Viagem e cura” prosseguindo com “A Selga”, “Adolescência”, “Os pombos” e terminando com “Conceição”. A história conta com diversos personagens, sendo os principais Ulisses, José, Conceição, Pai e Mãe de Ulisses, sua irmã Anália, a tia Julinha e os amigos Olavo, Arnaldo e Norberto.

A primeira parte “Viagem e cura” está dividida em 8 capítulos, onde a historia tem início na cidade de Oeiras –PI, cenário de grande parte do enredo, cidade esta com suas trilhas íngremes e cheias de matos , com suas grotas, ladeiras, carnaubais e diversas casas com roças e fruteiras. A narrativa se inicia com relatos de uma procissão, onde já vemos a religiosidade dos habitantes da cidade; percebemos então o carinho de Ulisses por sua família, que queria estar diante de sua mãe para receber sua bênção e, em seguida, ir deitar-se; também vemos a preocupação dele com seu pai, que já dava sinais de não estar bem. A enfermidade do pai de Ulisses obriga parte de sua família a sair de Oeiras a procura de cura, viagem essa que deixa Ulisses com carga enorme de emoções, de angústia, tristeza, medo, não somente pela ausência dos pais, mas também pela falta de notícias. Muito rapidamente, o narrador faz menção ao romance de Julinha, tia de Ulisses com o Dr. João da Mata.

O narrador relembra a figura de José, garoto doentio, com pouco convívio familiar e poucos amigos e que pouco expressava seu pensamento, ao estar juntamente com Ulisses no flamboyant, local de lazer e refugio, deixa Ulisses em alerta, passando a observar mais seu irmão, ao dizer (p. 22), “Ulisses, eu tenho medo”. Ainda nessa primeira parte, percebemos como já dito, a existência de carinho, respeito e afeto familiar, mas havia pouca comunicação familiar, pois não há muitos diálogos entre membros da família e sim com outros personagens; isso fica evidente quando o narrador diz (p.25): “Passou apenas um segundo, e eu corria para abraçar os velhos. Apertei-os carinhosamente, esperando que houvesse júbilo de sua parte. Mas me enganei: nada disseram, e se limitaram a beijar-me a testa”. Com um capítulo breve e conciso, o narrador fala da morte do pai de Ulisses, relatando sobre a temática “morte” de forma metafórica, branda, leve e elegante.

A Selga é a segunda parte da narrativa, dividida em 8 capítulos onde a exposição de fatos ainda acontece em Oeiras; nessa parte, vemos o abalo emocional de Ulisses após a perda do pai, tornando-se em um garoto tristonho, abatido e perturbado psicologicamente, por gostar muito do pai, e agora se ver órfão dele, por estar abalado emocionalmente, ainda pensava que seu pai estava vivo, preocupando sua mãe, que aconselhada pelo médico, pede que envie Ulisses ao sitio de seu avô, para que o garoto melhorasse. Nem os preparativos para o natal o animaram; ele tem duvidas quanto à festa, se serão felizes; por ser uma festa que reúne a família toda, e, no momento, está faltando um membro. A perda do pai foi tão forte, que mesmo a tentativa de sua mãe de procurar que o filho melhorasse no sítio do avô não surtiu muitos efeitos; os passeios e as brincadeiras minimizaram o sofrimento, visto que se via órfão e as lágrimas corriam-lhe aos olhos, fugia e voltava sorridente disfarçando a dor que o afligia; com o tempo, reconhece que não adianta mais fugir e sim enfrentar as dificuldades.

O comportamento do já estranho José incomoda mais ainda Ulisses, principalmente ao escutar de sua tia que José é um menino que parece não prezar por sentidos ou reprimi-os, causando a impressão de não ver significação na morte do pai; a indiferença de José o faz pegar uns ovos de tetéu e os deixar cair propositalmente no chão, por pura birra. E mais uma vez a religiosidade é retratada na historia, com a novena, evento esse que conta com a participação de Joana, mulher que possuía insanidade mental, fato frequente na época. Mesmo com uma temporada no sítio, a melancolia ainda fazia parte de Ulisses e ainda impactado pelo acontecimento com o pai se vê sujeito a mudar-se para o novo local, perder o contato com seu primo Olavo e com os demais familiares.

Na terceira parte, que tem por título Adolescência e está dividida em 9 capítulos, ocorre a mudança de Ulisses de Oeiras para o novo cenário do enredo, Teresina , com ruas arborizadas, praças, lojas, o cinema, a escola e o rio Parnaíba. Em Teresina, assustado pelas incertezas da vida, pelo que ia de ser na nova cidade, que emoções e frustrações o sucederiam, é nesse cenário de Teresina, com muito movimento, desde cedo, tanto dos vendedores, criadas e habitantes indo à missa, que Ulisses conhece seu primo Norberto o qual tem a missão de levá-lo ao Ateneu. Contudo, ao se depararem com a paisagem do rio, com suas balsas flutuando pelas águas turvas, serenas, e levados pelas inquietudes da adolescência, na busca pelo novo, resolvem pescar e não frequentam a escola por alguns dias, apenas fazendo excursões pela cidade e divertindo-se, ato esse de fugir da escola ainda muito comum entre os adolescentes brasileiros.

E no interesse de novas descobertas e na necessidade de fazer parte de um grupo, os adolescentes acabam se metendo em situações indesejáveis, como é o caso de Ulisses, que influenciado por Norberto

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