Relatorio De Estagio Supervisionado
Trabalho Universitário: Relatorio De Estagio Supervisionado. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: miane • 31/8/2013 • 2.893 Palavras (12 Páginas) • 764 Visualizações
Caros colegas,
Minha vida de professora começou cedo - aos 17 anos de idade -, e já faz um bom tempo! Passei por inúmeras experiências escolares. Dei aulas para crianças, jovens, adultos, em escolas regulares e especiais. Hoje, estou no ensino universitário, como docente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Leciono no Curso de Pedagogia e nos cursos de Mestrado e de Doutorado em Educação. Desde 1996, coordeno um grupo de pesquisa na Unicamp, o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – LEPED, onde oriento e desenvolvo trabalhos científicos.
Gosto e sempre gostei do que faço. Minha carreira é fruto do meu encanto pela educação. Considero-a uma expressão de amor verdadeiro pelo outro, pois educar é empenhar-se por fazer o outro crescer, desenvolver-se, evoluir.
Neste pequeno livro, quero lhes falar de minhas idéias sobre o ensinar, o aprender, compartilhando o que vivi em minha longa caminhada educacional. Minha intenção não é a de expor simplesmente o que penso, mas de dialogar comigo mesma e com vocês sobre problemas, questões, dúvidas, que carrego no dia-a-dia de trabalho e compartilhar bons momentos, sucessos, meus sonhos. São tantos os percalços, mas tantas as alegrias, que vivemos nesta lida de escola... A gente deixa passar, mas não devia.
Penso que sempre existe a possibilidade de as pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergarem de outros ângulos o mesmo objeto/situação, conseguirem ultrapassar obstáculos que julgam intransponíveis, sentirem-se capazes de realizar o que tanto temiam, serem movidos por novas paixões...
Essa transformação move o mundo, modifica-o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de um outro modo, que vai atingi-lo concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.
Como estão hoje as nossas escolas? Todos sabemos que elas estão deixando a desejar e que é urgente fazer alguma coisa para redefini-las, de todas as formas possíveis. É difícil o dia-a-dia da sala de aula. Esse desafio que enfrentamos tem limites e esse limite é o da crise educacional em que vivemos, tanto pessoal como coletivamente, no ofício que exercemos.
Em que nos apegamos para nos sustentar nessa crise? Será que todos temos consciência dela? E do nosso papel, para mantê-la ou revertê-la? O que nos tem guiado para não perdermos o norte da nossa trajetória?
Idéias, verdades não nos tiram inteiramente de dificuldades e muito menos são definitivas. Temos de nos habituar a reaprender constantemente com as nossas próprias ações individuais e em grupo. Esse é um material infalível.
E o que fazemos de nossos encontros formais e informais nas escolas para esse fim? Lamentamos nosso destino, o destino de nossos alunos, ou aproveitamos esse tempo para saber para onde queremos ir, que novas medidas temos de adotar para romper o cerco do pessimismo e da incerteza, do fracasso e da mesmice de nossa atividade profissional?
Quantas questões já de início! Seria a melhor maneira de se iniciar este livro?
Por que não? Se tenho tanta vontade de entender e de encontrar/inventar uma maneira de penetrar o desconhecido de mim mesma e de cada um de meus leitores, em busca de respostas, sempre parciais, sem dúvida, mas que nos dão força para continuar a buscar novas soluções, melhores condições de ensinar.
Não sou das que diz “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.Esforço-me por falar do que faço e assumo as conseqüências desse fazer.
Estou convicta de que, na maioria das vezes, remo contra a maré educacional. Mas já estou habituada, pois faz tempo que ensino. E do meu jeito!
Percebi, e reluto em admitir, as medidas excludentes adotadas pela escola ao reagir às diferenças. De fato, essas medidas existem, persistem, insistem em se manter, apesar de todo o esforço despendido para se demonstrar que as pessoas não são categorizáveis.
Mais do que demonstrar, eu tenho procurado reconstruir, tijolo por tijolo, como uma obra de restauração minuciosa e ciosa de sua importância, a organização do trabalho pedagógico, das grandes linhas aos seus detalhes menores, ou seja, dos princípios, valores, estrutura macro educacional às atividades e iniciativas que brotam do cotidiano escolar.
Estamos ressignificando o papel da escola com professores, pais, comunidades interessadas e instalando, no seu cotidiano, formas mais solidárias e plurais de convivência. É a escola que tem de mudar e não os alunos, para terem direito a ela!
O direito à educação é indisponível e, por ser um direito humano natural, não faço acordos quando me proponho a lutar por uma escola para todos, sem discriminações, sem ensino à parte para os mais e para os menos privilegiados. Meu objetivo é que as escolas sejam instituições abertas incondicionalmente a todos os alunos e, portanto, inclusivas.
Ambientes humanos de convivência e de aprendizado são plurais pela própria natureza e, assim sendo, a educação escolar não pode ser pensada e realizada senão a partir da idéia de uma formação integral do aluno, segundo suas capacidades, talentos e de um ensino participativo, solidário, acolhedor.
A perspectiva de se formar uma nova geração dentro de um projeto educacional inclusivo é fruto do exercício diário da cooperação e da fraternidade, do reconhecimento e do valor das diferenças, o que não exclui a interação com o universo do conhecimento em suas diferentes áreas.
Com tudo isso eu quero dizer que uma escola para todos não desconhece os conteúdos acadêmicos, não menospreza o conhecimento científico, sistematizado, mas não se restringe a instruir os alunos a “dominá-los”, a todo o custo.
Aprendemos a ensinar, segundo a hegemonia e a primazia dos conteúdos acadêmicos e temos, naturalmente, muita dificuldade de nos desprendermos desse aprendizado, que nos refreia nos processos de ressignificação de nosso papel, seja qual for o nível de ensino em que atuamos.
Mas estamos, verdadeiramente, certos de que o nosso papel é esse mesmo, o de transmissores de um saber fechado e fragmentado, em tempos e disciplinas escolares, que nos aprisionam nas grades curriculares? Seríamos tão reduzidos a meros instrutores, que conduzem e norteiam a capacidade de conhecer de nossos alunos, transformando-os em seres passivos e acomodados a aprender o que definimos como verdade? Já nos consultamos sobre o nosso maior compromisso educacional, seja no nosso íntimo, seja no coletivo de nossas escolas, em nossas organizações corporativas?
Essas questões de fundo precisam ser mais expostas
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