Resenha
Trabalho Universitário: Resenha. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: teacherjackie • 4/11/2014 • 1.703 Palavras (7 Páginas) • 3.700 Visualizações
RESENHA
LIVRO: OFICINAS EM DINÂMICA DE GRUPO: um método de intervenção psicossocial
AUTORA: MARIA LÚCIA M. AFONSO
Com base no texto lido, é possível definir “Oficina” como um trabalho estruturado com grupos, independentemente do número de encontros, sendo focalizado em torno de uma questão central que o grupo se propõe a elaborar, em um contexto social. A elaboração que se busca na Oficina não se restringe a uma reflexão racional, mas envolve os sujeitos de maneira integral, formas de pensar, sentir e agir.
A oficina tem grande utilidade em diversas áreas como: saúde, educação e ações comunitárias, usando informação e reflexão, é uma prática de intervenção psicossocial, seja em contexto pedagógico, clínico, comunitário ou de política social.
De acordo com o texto para explicar a “Oficina” é necessário rever alguns pontos básicos da teoria de pequenos grupos, estabelecida pela Pesquisa-Ação em psicologia social, desenvolvida por Kurt Lewin, que considerava o grupo como um campo de forças, cuja dinâmica resulta da interação dos componentes psicossociais, ou seja o grupo é um conjunto de relações, em constante movimento. Ele entendia que toda pesquisa em psicologia social deveria fazer referência ao contexto e ter uma abordagem interdisciplinar. Como “campo de forças”, os pequenos grupos têm uma estrutura e uma dinâmica. A estrutura diz respeito à sua forma de organização, a partir da identificação de seus membros. A dinâmica diz respeito às forças de coesão e dispersão no grupo. “O pequeno grupo”, ou “grupo de interação face a face”, é constituído por um número restrito de pessoas unidas em torno de objetivos em comum. Na interação face a face, os sujeitos se apreendem mutuamente em um vivido partilhado, envolvidos em uma processo de comunicação intersubjetivo. A dinâmica interna dos grupos diz respeito à sua organização- regras, papéis, liderança e comunicação - bem como seu processo de mudança e resistência à mudança. A mudança cultural só é possível se partir da base da sociedade e essa mudança depende da interação entre fatores subjetivos e objetivos.
A reflexão consciente, racional, desenvolvida no grupo, se articula com a emoção e os vínculos, com a experiência, e pode surtir efeitos de mudança. Para compreender a vida emocional e inconsciente do grupo vamos recorrer à teoria psicodinâmica do grupo, defendida por Freud, Bion, Foulkes e Pichon-Rivière.
Freud que atribui o desenvolvimento de um sentimento de grupo às primeiras experiências em família e sustenta que a identificação é o núcleo dos mecanismos psicológicos que formam a identidade grupal. A vinculação com o líder ou ideal é que permite que os membros do grupo passem a perceber ou adotar uma identidade entre si, uma identidade grupal.
Bion parte do princípio de que o homem é um sujeito social e que a relação com o outro está sempre presente, ainda que de forma imaginária ou simbólica. O grupo funciona como uma unidade, mesmo quando seus membros não tem consciência disso.
Foulkes considera que, no grupo, existe uma rede de elementos transferenciais dirigidos: de participante para analista; de participante para o grupo; de participante para participante e do grupo para o analista.
Para Pichon-Rivière, o grupo é um conjunto restrito de pessoas, que ligadas por constantes de tempo e espaço, e articuladas por sua mútua representação interna, se propõem de forma explícita ou implícita uma tarefa, que constitui sua finalidade, interatuando através de complexos mecanismos de assunção e atribuição de papéis.
Para que uma oficina aconteça é preciso que o grupo aceite o trabalho a ser realizado e tenha a opção de participar ou não dos encontros. Os ideais de afiliação, pertencimento, comunicação, cooperação, aprendizagem e pertinência devem ser inerentes ao grupo.
A Oficina vai se articular em torno de um contrato inicial, ainda que este venha a ser reformulado. Como instrumento de intervenção psicossocial, a Oficina precisa estar ligada a uma demanda de um grupo. A “demanda” nem sempre aparece com um pedido explícito de realização de um grupo, até porque nem sempre as possibilidades de trabalho são conhecidas dos usuários. A Oficina pode ser proposta pelo profissional a partir de uma “escuta” e interpretação da demanda do grupo. A participação voluntária e a expressão do desejo dos participantes deverão ser respeitadas, para que o grupo venha a trabalhar sua demanda e a se apropriar de seu trabalho.
A pré-análise inclui um levantamento de dados e aspectos importantes dessa questão que poderão ser relevantes para o trabalho na Oficina. Na pré-análise, o coordenador deve inteirar-se da problemática a ser discutida, refletir, estudar, coletar dados e informações. A pré-análise possibilita, a partir do tema escolhido, o levantamento de “temas-geradores”, que poderão ser abordados no grupo, sempre respeitando essa questão.
O tema geral da Oficina é o "foco" em torno do qual o trabalho será deslanchado. Cada tema-gerador pode ser trabalhado em um encontro ou em vários encontros, dependendo do número de encontros propostos e do interesse do grupo.
É essencial que os temas-gerados tenham relações com o cotidiano do grupo e que não sejam apresentados de forma intelectualizada, em uma linguagem estranha ao grupo. O "enquadre" diz respeito ao número e tipo de participantes, o contexto institucional, o local, os recursos disponíveis, o número de encontros. Ou seja, é preciso preparar uma estrutura para o trabalho. O enquadre deve ser pensado em termos de facilitar à expressão livre dos participantes, a troca de experiências, a relação com o coordenador, a privacidade dos encontros e o espaço/tempo para levar uma reflexão sobre o tema, bem como os limites institucionais para a proposta de trabalho.
O planejamento de cada encontro resulta do desdobramento do foco ou tema geral e está à discussão dos temas-geradores. Trata-se de um planejamento flexível, isto é, o coordenador se prepara para a ação, antecipa temas e estratégias, como forma de se qualificar para a condução da Oficina. Entretanto, precisa estar ciente e preparado para acompanhar o grupo em seu processo o que pode, e provavelmente vai, significar mudanças no planejamento inicial. Por isso dizemos que é um planejamento
O coordenador busca facilitar a realização das tarefas internas para que o grupo possa realizar os seus objetivos, as tarefas externas. O coordenador terá um papel ativo, mas não intrusivo. O coordenador tem um papel importante de acolhimento e incentivo para que
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