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Por:   •  19/3/2015  •  587 Palavras (3 Páginas)  •  197 Visualizações

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Resenha: A Sociedade Contra o Estado

Pierre Clastres

Clastres promove um questionamento e crítica sobre a real necessidade de busca aos

equivalentes de conceitos ocidentais de economia, escrita, Estado ou História em sociedades ditas

‘primitivas’ como forma de garantir ou não a classificação como sociedades ditas ‘civilizadas’1.

Realiza o autor outro questionamento, onde pergunta sobre a real inferioridade de

potencial tecnológico em equipamentos, estruturas e tecnologias apresentadas e possuídas por

sociedades ditas ‘primitivas’ quando comparadas com os mesmos recursos de sociedades ditas

‘civilizadas’.

O autor sugere a visão de utilização da economia de subsistência como feliz substituto ao

trabalho excessivo e desnecessário, que almejaria a produção excedente para propiciar material

para comércio com terceiros, e não como demonstrativo de miséria e incapacidade de produção

ou coleta em níveis considerados ‘adequados’.

Clastres também apresenta a divergência observada entre o ‘trabalho’ necessário para

sobrevivência e o ‘trabalho’ alienado. Ocorre, em sua concepção, que os índios realizam o

trabalho em proporção suficiente para atender todas as suas necessidades, com folga, e não há

bom senso, entre eles, que explique a necessidade de realização de trabalho adicional, visando o

determinado ‘excedente de produção’. Tal situação e comportamento são, segundo o autor, muito

mal-vistos, indesejados e não aceitos pelos brancos (europeus) quando chegaram nas terras da

América. Na extensão deste pensamento, o autor apresenta a

transformação do conceito de estudo

da economia, dentro da antropologia, para o conceito de economia na política, e finalmente

política, ainda no campo da antropologia.

1 Tanto os conceitos de “sociedade primitiva”, como “sociedade civilizada” são altamente discutíveis, aceitando

e defendendo ou não a teoria evolucionista. Não será o escopo desta resenha aprofundar sobre essa discussão

ou discutir se são válidos ou inválidos. Outros termos na extensão da resenha estão acompanhados por aspas

simples por sua significação ser dependente de contextualização, interpretação e perspectiva.

Segundo a consideração realizada pelo autor, a grande diferença entre o índio amazônico

e o índio inca está na hierarquização e na divisão de suas sociedades. Incas dividem-se, por

exemplo, em senhores e trabalhadores, ou “dominantes e dominados” nas palavras do autor. E tal

constatação é referência clara de organização política, por ser referência óbvia de organização

econômica, sendo que ocorre de forma bastante similar ao observado no continente europeu.

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