Resenha Colapso Jared Diamond
Pesquisas Acadêmicas: Resenha Colapso Jared Diamond. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JehM • 17/8/2013 • 3.834 Palavras (16 Páginas) • 2.460 Visualizações
RESENHA
DIAMOND, Jared. Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. 699 p.
Escolhas e Consequências
Jared Diamond, biogeógrafo e professor de geografia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), discute em sua obra Colapso – como as sociedades escolhem o fracasso e o sucesso, as consequências geradas pelas escolhas de cada indivíduo e enfatiza a fragilidade ambiental como determinante do futuro das sociedades. A principal indagação feita pelo autor ao longo do livro é se, ao estudar e entender o que aconteceu com as sociedades do passado, é possível diagnosticar os problemas atuais e prevenir que eles ocasionem impactos que possam levar à ruptura dos sistemas sociais e econômicos contemporâneos, assim como ao extermínio da espécie humana.
No prólogo, Diamond introduz o tema principal do livro e as ideias básicas através da comparação entre duas fazendas: Huls, no vale Bitterroot em Montana, EUA; e Gardar, na Groelândia. Ambas as fazendas criavam vacas leiteiras e eram as mais desenvolvidas tecnologicamente de suas regiões. Porém, conviviam com uma série de problemas como as grandes distâncias até os centros consumidores e as localizações inapropriadas para produção de laticínios, além de serem vulneráveis a mudanças climáticas. Apesar das semelhanças, a fazenda Huls ainda prospera, enquanto Gardar está abandonada há mais de 500 anos. No ápice de produção, parecia impossível que, um dia, a fazenda Gardar viesse a ruir, assim como hoje é impossível imaginar que Huls entre em colapso. Quais os fatores que levaram Gardar a ser abandonada? Podem eles estar se repetindo em Huls? É com essas questões que Diamond introduz a definição de colapso como uma “drástica diminuição da população e/ou da complexidade política, econômica e social” (p. 17) e cita os cinco principais fatores que, individualmente ou relacionados, podem levar ao colapso: dano ambiental, mudança climática, vizinhança hostil, parceiros comerciais amistosos e as respostas da sociedade aos seus problemas ambientais. Diamond entende que os colapsos tendem a seguir cursos similares, e estabelece oito processos principais pelos quais as sociedades do passado danificaram o seu ambiente: desmatamento, destruição do habitat, problemas com o solo (erosão, salinização e perda de fertilidade), problemas com o controle da água, sobrecaça, sobrepesca, efeitos de espécies exóticas introduzidas sobre as espécies nativas e aumento per capita do impacto do crescimento demográfico. As sociedades atuais adicionaram mais quatro problemas: mudanças climáticas provocadas ou aceleradas pelo homem, acúmulo de produtos sintéticos e/ou tóxicos no ambiente, carência de energia, utilização cada vez maior da capacidade fotossintética do planeta.
Na primeira parte do livro, Montana Contemporânea composta pelo capítulo 1, Sob o grande céu de Montana, Diamond descreve o estado de Montana, seu crescimento e quais as possíveis implicações futuras desse crescimento. Segundo o autor, o vale Bitterroot apresenta uma pequena amostra de todos os problemas ambientais dos EUA: aumento da população, imigração, escassez crescente, diminuição da qualidade de água e do ar, rejeitos tóxicos, maior risco de incêndios florestais, deterioração das florestas, perda de solo e de seus nutrientes, perda de biodiversidade, danos causados por espécies exóticas introduzidas e efeitos de mudanças climáticas. Parte desses problemas é ocasionada pela baixa precipitação, por uma localização geográfica não privilegiada em relação às colheitas e à distância até os centros comerciais. Além disso, a intensa mineração, extração de madeira e desmatamento para a agricultura e construção de moradias fez com que grandes extensões de terras ficassem improdutivas e ocasionou a contaminação dos lençóis freáticos. Ademais, segundo Diamond, mudanças climáticas estão fazendo com que Montana fique cada vez mais quente e seca, o que, juntamente com o número cada vez maior de consumidores, compromete o abastecimento de água. Sem água disponível, a agricultura se torna inviável. Quanto à perda de biodiversidade, a introdução de espécies exóticas levou ao desaparecimento de espécies nativas valiosas que serviam de alimento para espécies de fauna nativa, e a prejuízos econômicos pois se espalharam por áreas que poderiam ser utilizadas para a agricultura. Desse modo, os problemas ambientais que hoje assolam Montana são todos aqueles que um dia minaram sociedades do passado. Diamond mostra também, através da apresentação de diferentes pontos de vista de moradores do vale Bitterroot, a diversidade de valores e opiniões de cada grupo social e como isso dificulta nas escolhas a serem tomadas em relação, principalmente, aos problemas ambientais.
Na segunda parte, intitulada Sociedades do Passado, Diamond descreve as causas que levaram ao colapso de seis sociedades: os habitantes da Ilha de Páscoa, Ilha Pitcairn e Henderson, os anasazis dos EUA, os maias da península de Yucatán no México e os vikings da Groelândia nórdica. E, para contrastar, apresenta no último capítulo da seção, as sociedades da Nova Guiné, da ilha Tikopia e do Japão, que, mesmo em um ambiente difícil, conseguiram persistir por mais de mil anos. O exemplo mais palpável das sociedades que ruíram talvez seja o da Ilha de Páscoa. É o lugar mais isolado da Terra e quando os europeus lá chegaram, não encontraram nenhuma vegetação significativa, mas inúmeras estátuas imensas e pesadas espalhadas por toda a ilha, além de uma população de poucos milhares de habitantes. Para erguer essas estátuas era necessária uma população numerosa e complexa, além de um ambiente próspero que a sustentasse. O que aconteceu a essa sociedade? Um conjunto de fatores levou ao colapso da ilha: poucas fontes de alimento devido à localização geográfica, que não permitia o crescimento de certas plantas e a formação de recifes de corais que trariam peixes e moluscos, ao vento e a pouca precipitação, que prejudicavam a agricultura e a disponibilidade de água potável. Estima-se que a ilha possuía uma alta densidade populacional e que grande parte da sua superfície foi utilizada para produção de alimentos e excedentes. Através de análises de pólen e fragmentos de fogueira, sabe-se que Páscoa era uma floresta subtropical de grandes árvores e bosques, com espécies de fauna e flora nativas que hoje não vivem mais lá. Toda a floresta desapareceu, acarretando em perda de matéria prima e fontes de alimento. Começou a fome, o declínio populacional e a degradação até o canibalismo. E então
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