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RESENHA SOBRE CONCEITOS ABORDADOS EM DISCURSOS DE GILBERTO GIL

Por:   •  14/7/2017  •  Abstract  •  1.388 Palavras (6 Páginas)  •  502 Visualizações

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RESENHA SOBRE CONCEITOS ABORDADOS EM DISCURSOS DE GILBERTO GIL

Gilberto Gil, nascido em Salvador em junho de 1942, é um músico brasileiro conhecido por sua inovação musical e talento, foi vencedor de diversos prêmios, foi homenageado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito em 1997 e em1999 foi nomeado "Artista pela Paz", pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Gil foi também embaixador da ONU para agricultura e alimentação e Ministro da Cultura do Brasil entre 2003 e 2008.

Gilberto Gil também chama atenção pela sua postura diante diversos assuntos. Enquanto ministro da cultura, ele fez discursos interessantes nos quais abordava alguns conceitos de forma muito interessante. Os discursos que irei usar são o discurso na solenidade de transmissão do cargo, em 02 de janeiro de 2003 e o discurso na Terceira Bienal de Cultura da União Nacional dos Estudantes, em 13 de fevereiro de 2003.

Para Gil e os demais tropicalistas “a cultura não é uma coisa, uma estrutura já definida e cristalizada, mas um processo, um continuum múltiplo e contraditório, paradoxal até, que existe ao ar livre, fora do "freezer", e não se contém em compartimentos imóveis. Cultura é sinônimo de transformação, de invenção, de fazer e refazer, no sentido da geração de uma teia de significações que nos envolve a todos - e que sempre será maior do que nós, em seu alcance e em sua capacidade de nos abrigar, surpreender e iluminar. Foi por esta compreensão que nunca quisemos ser os donos da verdade. Porque a cultura brasileira é feita pelo povo brasileiro - e não por um punhado de pessoas que se julgam esclarecidas e detentoras do sentido e do destino histórico do país.”

Gil diz que o que ele entende por cultura “vai muito além do âmbito restrito e restritivo das concepções acadêmicas, ou dos ritos e da liturgia de uma suposta "classe artística e intelectual"” Ele discorda do Cultura que a define como "uma espécie de ignorância que distingue os estudiosos" e diz que “cultura não é nem somente o que se produz no âmbito das formas canonizadas pelos códigos ocidentais, com as suas hierarquias suspeitas”. Ele interpreta “Cultura como tudo aquilo que, no uso de qualquer coisa, se manifesta para além do mero valor de uso. Cultura como aquilo que, em cada objeto que produzimos, transcende o meramente técnico. Cultura como usina de símbolos de um povo. Cultura como conjunto de signos de cada comunidade e de toda a nação. Cultura como o sentido de nossos atos, a soma de nossos gestos, o senso de nossos jeitos. ” Ele também diz que o papel da cultura “não é apenas tático ou estratégico - é central: o papel de contribuir objetivamente para a superação dos desníveis sociais, mas apostando sempre na realização plena do humano” .

Para a palavra “folclore” ele usa o conceito que diz que "Folclore" é tudo aquilo que - não se enquadrando, por sua antigüidade, no panorama da cultura de massa - é produzido por gente inculta, por "primitivos contemporâneos", como uma espécie de enclave simbólico, historicamente atrasado, no mundo atual.” E defende que “não existe "folclore - o que existe é cultura.” Sobre a relação entre o conceito erudito de "folclore" e a discriminação cultural ele diz que “os vínculos entre são mais do que estreitos. São íntimos.”

Sobre a “multiplicidade cultural brasileira” ele diz ser um fato. E prossegue dizendo que “paradoxalmente, a nossa unidade de cultura - unidade básica, abrangente e profunda - também. Em verdade, podemos mesmo dizer que a diversidade interna é, hoje, um dos nossos traços identitários mais nítidos. É o que faz com que um habitante da favela carioca, vinculado ao samba e à macumba, e um caboclo amazônico, cultivando carimbós e encantados, sintam-se - e, de fato, sejam - igualmente brasileiros. Como bem disse Agostinho da Silva, o Brasil não é o país do isto ou aquilo, mas o país do isto e aquilo. Somos um povo mestiço que vem criando, ao longo dos séculos, uma cultura essencialmente sincrética. Uma cultura diversificada, plural - mas que é como um verbo conjugado por pessoas diversas, em tempos e modos distintos. Porque, ao mesmo tempo, essa cultura é una: cultura tropical sincrética tecida ao abrigo e à luz da língua portuguesa.

Nesses discursos Gil reflete também sobre a diversidade cultural brasileira e sobre isso diz que “diferentes brasileiros produzem de maneiras diferentes suas visões de mundo e seus estilos de vida, incluindo aí sua definição circunstancial do ser brasileiro e do que é e não é "brasileiro". Essas definições, na verdade, competem umas com as outras, buscando impor seu ponto de vista e conquistar a hegemonia no espaço mental da nação. Mas nem todas elas têm o mesmo poder. Algumas aparecem e desaparecem rapidamente. Outras são sustentadas por interesses econômicos e políticos tão bem organizados que ganham durabilidade e condições de abafar as outras, embora a "unidade" assim criada tenha pernas curtas, nunca seja eterna. É uma "unidade" falsa, precária, efêmera. Porque o país e sua cultura não só se configuram a partir de focos diversos, como se acham em permanente mudança. O Brasil pode não ser sinônimo de feijoada, mas de tucupi. Pode não ser sinônimo de orla marítima, mas de pororoca. Pode não

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