Resenha Do Ivro Australia

Ser um filho bastardo. Ser um filho caçado pela polícia. Ser um filho sem lar. Esta é a vida de Nullah, um pequeno menino mestiço que luta por sua própria vida no filme Austrália. Dirigido por Baz Luhrmann em 2008 o filme retrata o período sofrido da população local pré e pós segunda guerra mundial, mais especificamente a história de vida dos creamy, crianças que nasceram da mistura de brancos com os aborígenes, no norte da Austrália. A igreja então recruta estes meninos, a força, para que eles sejam desasnados através do aprendizado católico.

O refúgio de Nullah é uma pequena propriedade no norte da Austrália onde imigrantes ingleses mantem uma estação de criação de gado. Lady Ashley, que vislumbra novos investimentos na Inglaterra, resolve viajar até a propriedade rural da família na esperança de pressionar o seu marido em vender o lugar para um concorrente vizinho. Para chegar até a propriedade Sarah conta com a ajuda de um boiadeiro familiar com a região e seus costumes. Com a morte suspeita de seu marido e denuncias de esquemas que desviam gado e dinheiro através de da conduta desleal de seus próprios empregados a então viúva Ashley muda de ideia e resolve tomar frente dos negócios da família.

A sua frente, Sarah encontra um monopólio que precisa ser quebrado. Ao invés de vender seu gado ao King Carney como todos fazem, ela resolve tocar o seu gado até a cidade para fazer uma venda direta ao exército que pretende pagar preço alto por bifes que servirão os soldados da aliança. O problema é a falta de experiência dos boiadeiros contratados de forma improvisada para o serviço que já começa contra o relógio.

As referências ao filme do mágico de Oz começam a aparecer de forma modesta. Em certo ponto da trama Nullah perde a mãe. Este, obviamente, se sente extremamente abandonado e infeliz. Para tentar minimizar o sofrimento do menino, Sarah cantarola o ícone do mágico de Oz, a música “somewhere over the rainbow” por ser exatamente um símbolo de esperança por uma vida melhor.

Poderia ser alegado que o foco do filme passa então para estes três personagens principais que embarcam na aventura por motivos próprios. O boiadeiro aceita a missão pois sua recompensa será o cavalo de altíssima qualidade da viuva Sarah, a viúva cuja única saída para que consiga vender o restante de seu gado de forma justa e o pequeno Nullah que com seu grande senso de justiça sabe que esta é a coisa certa a se fazer e ao mesmo tempo este busca uma família e um lar onde será bem-vindo. Entretanto o verdadeiro foco do grupo são os sentimentos que os afligem e os sentimentos que os mantem unidos. Nullah passa por duas tragédias em um curto espaço de tempo. No primeiro dia perde sua mãe. No segundo perde o seu grande amigo Flynn. Para simbolizar o momento de dificuldade em que vivem mas ao mesmo tempo a esperança que os mantem unidos, constantemente personagens principais e coadjuvantes tocam em gaitas, assobiam ou cantam a mesma música tão famosa e cheia de sentimentos. É neste momento que Sarah, apesar de não ser capaz fisicamente de ter filhos demonstra um grande sentimento maternal que acolhe Nullah.

Referências a esta música em particular e até mesmo a musicalidade em si estão presentes por todo o filme. A crença dos aborígenes é que cada objeto, cada ser vivo pode ser encantado quando cantamos a música que pertence a tal ser, e este encantamento é demonstrado várias vezes. Em um dos momentos mais dramáticos Nullah consegue parar a manada de gado que quase cai abismo abaixo usando apenas o poder da música. Em outra situação a vida do grupo e a do gado é salva novamente pela musicalidade quando estes são guiados até a fonte de água mais próxima e posteriormente até a cidade, assim vencendo King Carney.

Esta primeira fase do filme acaba e o conto de