Resenha O que é Universidade Wanderley
Por: João Brouwenstyn Jr • 7/8/2015 • Resenha • 1.166 Palavras (5 Páginas) • 2.675 Visualizações
WANDERLEY, Luiz Eduardo Waldemarin. O que é Universidade. 5ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1985.
Universidade: Breve História e Desenvolvimento
João Carlos Brouwenstyn Junior
Luiz Eduardo Waldemarin Wanderley é Doutor em Ciências Sociais(Sociologia) pela FFLCH da USP, Livre Docente em Sociologia da Educação, USP, 1993 e Pós-Doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris (1995-96). É Professor do Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo desde 1973 e Professor no EDF da Faculdade de Educação da USP desde 1990. Atualmente é Coordenador do Núcleo de Relações Latino-Americanas, no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Foi Diretor do Instituto de Relações Latino-Americanas-IRLA/PUC-SP de 1981 a 1984. Ocupou o cargo de Reitor da PUC-SP na gestão de1984-1988. É membro da Comissão de Especialistas para Diretrizes Curriculares do MEC e ainda da equipe de avaliação Institucional do Curso de Relações Internacionais da PUC-SP , CAPES desde 1998. É membro da Diretoria do Centro Ecumênico de Educação e Evangelização Populares – CESEP/São Paulo desde 1989 e da Diretoria da ONG Ação Educativa no período de 1999-2000.
No livro O que é Universidade o autor Luiz Eduardo W. Wanderley ele retrata, brevemente, em oito capítulos a história e formação da universidade, bem como sua cultura, finalidades, papel na sociedade e estrutura. Indaga ainda se a autonomia da universidade seria um mito ou realidade.
Ele inicia o livro apresentando várias visões externas e internas a respeito da universidade. Alguns a veem como um lugar apropriado para criação e divulgação de conhecimento, com a finalidade de formação de profissionais de nível superior. Há também aqueles encaram a universidade como uma ferramenta de formação social capitalista, de formação elitista e garantidora da permanência da classe dominante ideológica e politicamente. Há também aqueles que acreditam que a universidade já se tornou algo obsoleto e sem função alguma, necessitando de uma total reforma ou então acabada.
No decorrer do primeiro capítulo o autor retrata rapidamente a história da universidade, apontando o ano e quais foram as primeiras universidades europeias e latino-americanas. Retratada também fortemente o aspecto conservador e teológico que as universidades tinham nos primeiros séculos de sua existência e ainda ressalta a função de formar uma elite aristocrática. Fala também do desenvolvimento das universidades na América Latina e no Brasil, que se espelharam mais nos modelos franceses de universidade.
Nos próximos capítulos Wanderley conta como se deu o movimento reformista da universidade, citando o “Manifesto de Córdoba” logo de início e todas suas consequências ate a chegada dos acontecimentos na América Latina. Ressalta com ênfase as mortes e prisões que aconteceram nesse período e lembra o surgimento de mártires universitários em todo continente americano.
Logo em seguida aborda aspectos culturais, onde fala que a universidade é onde o indivíduo entra em contato com a cultura universal de forma sistemática. É nesse capítulo também que o autor faz a maior critica a um dos aspectos do sistema capitalista. Nessa parte da obra ele apresenta a característica de dominância do capitalismo na forma de impor sua cultura e generalizar as suas relações, estruturas e processos. E isso atinge também a universidade, como Wanderley argumenta no livro “Se esta cultura domina as mentes e as ações da população em geral, ela vai atingir também a universidade e as atividades dos cientistas, negando a tese da ciência neutra”.
Seguidamente ele apresenta a finalidade da universidade no âmbito da pesquisa e formação tecnológica. Ainda fala da extensão da universidade tanto em nível mundial quanto latino-americano. Argumenta também sobre o papel do professor dentro da universidade, tratando também da história desse papel. O autor da mais espaço para argumentar a respeito do papel do estudante na universidade onde fala das lutas dos mesmos a respeito do aumento das taxas de egresso ou então a contenção delas. Uma parte importante no seu discurso é a respeito do vestibular onde ele fala “que originaram um sistema comercial com verdadeiras “guerras” competitivas entre si” tratando-se do surgimento dos “cursinhos” de preparação. Ainda reserva um espaço no capítulo para falar sobre os funcionários da universidade que ganharam maior destaque durante o tempo no papel que desempenham.
Nos capítulos finais ele nos passa uma breve história do sistema hierárquico da universidade, desde a cátedra ate o departamento. Explica todas as relações de poder e ainda nos passa uma opinião pessoal de que a universidade deve “ter direito a defender ideias e formas de atuação divergentes das assumidas oficialmente pelas diversas instâncias”.
No penúltimo capítulo do livro o autor levanta uma questão polêmica a respeito da autonomia da universidade. Sem ter um posicionamento pessoal a respeito da questão, ele nos explica como funciona e cita também as cinco dimensões dessa autonomia: administrativa, financeira, didática, técnico científica e política.
Wanderley conclui o livro enfatizando novamente a importância da universidade e a necessidade de avanço constante desde questões como desperdício de verbas, falta de infraestrutura, rigidez estrutural e carência de recursos humanos. Termina com uma visão positiva da universidade brasileira no sentido de vencer vários obstáculos que passa devido a crise da época e tem um pensamento otimista visando chegar a um futuro de “desenvolvimento democrático para o país”
O livro todo é de uma leitura leve, prática e breve. A linguagem é de fácil entendimento e conta constantemente com vários exemplos acerca de todos os argumentos que o autor levanta. Durante toda a obra Wanderley procura mostrar os aspectos mundiais da universidade, geralmente focando na Europa e logo após nos apresenta os mesmos aspectos que ocorrem na América Latina e no Brasil. É um livro de fácil entendimento e bastante direto no que propõe passar.
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