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Resenha:A História da Sexualidade I - A vontade de saber

Por:   •  5/5/2018  •  Resenha  •  2.142 Palavras (9 Páginas)  •  1.413 Visualizações

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Resenha da obra A História da Sexualidade I – A Vontade de Saber

Edna de Carvalho Fonseca[1]

FOUCAULT, Michel.  História da sexualidade I: A vontade de saber, tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988.

Em sua obra, A História da Sexualidade 1: a vontade de saber, o filósofo francês Michel Foucault, nos apresenta uma excelente obra que pode servir de ponto de partida para o entendimento da origem do sujeito: a sexualidade. Trata-se de uma obra filosófica, histórica não linear

Nesta obra, Foucalt destaca os mecanismos de repressão referentes à sexualidade, experimentado pela sociedade a partir do século XVIII, observa a hipocrisia e traz à tona a imagem da moral vitoriana. Focault, indica a rigidez com a qual a sexualidade era reprimida e que esse momento histórico poderia permanecer como modelo para outras gerações. Por outro lado, destaca que até o século XVII, a sexualidade era limpa, não havia repressão quanto ao vocabulário, obscenidades, corpos a mostras inclusive no que se refere às crianças, nada se via de escandaloso.

O exercício da repressão à sexualidade na burguesia vitoriana, passa a fazer parte do cotidiano das pessoas, no ambiente familiar, através do poder dos pais, responsáveis por manter a reprodução. O discurso dos burgueses tende a disseminar a ideia do limpo e decoro em suas ações, o que estiver fora dessas regras é considerado anormal. Sendo assim, as crianças não possuem sexo, portanto, não havia necessidade de se falar no assunto. Quanto aos que insistentes nas práticas ilícitas quanto à sexualidade deveriam se afastar para ambientes lucrativos, longe dos meios de produção uma vez que os operários não deveriam canalizar energias com prazeres.

Com o início do sistema capitalista, a repressão sexual se fortalece através do controle dos operários o quais eram expostos a longas jornadas de trabalho nas fábricas inglesas na revolução ao industrial, o que lhes exigia dedicação intensa. Neste sentido, aponta-se o sexo como causa política de controle de poder.

A repressão da sexualidade nesta obra é apresentada como um indício histórico, que faz parte de um discurso, o qual está presente no regime burguês e que possui o poder de apoderar-se da sexualidade das pessoas. Neste ponto o autor questiona a repressão, porque escondemos, calamos e negamos o sexo, o qual foi constituído em pecado desencadeando efeitos desastrosos.

A essa repressão o autor da obra chama de hipótese repressiva, da qual ele destaca três questionamentos, que são:  A repressão ao sexo é uma evidência histórica? O recurso usado pelo poder, é repressivo? O discurso crítico cruza com o recurso do poder? Partindo das indagações sobre a verdade do sexo como uma história de repressão, Focault, nessa obra responde com a ideia da existência de uma hipótese de repressão, onde a sexualidade consiste num dispositivo de poder sustentado por um discurso sobre ela.

No capítulo dois dessa obra, há um retorno ao século XVII, onde surge os primeiros traços de repressão quanto ao tema em questão, o autor destaca a dificuldade de denominar o sexo e incorporá-lo ao discurso, nesse momento histórico não se ousava falar de sexo explicitamente, gerando pudor e em seguida censura. No século XVIII, surge um crescente discurso no âmbito do exercício do poder.

Na Contrarreforma, a Igreja Católica estabelece exigências que incluíam métodos para a realização de confissões e com isso, essa instituição, institui uma vigilância sobre o cotidiano das pessoas, até mesmo o pensamento sexual deveria confessado como ações não condizentes com a lei. Nesse contexto, o homem tornava-se um ser confessional, examinador de suas atitudes, partindo de um discurso dirigido apenas aos frequentadores cristão, mas que é extenso à toda a sociedade.

As questões referentes ao sexo no século XVIII, torna-se caso de polícia, não pelo rigor da proibição, mas pela necessidade de regulação através de discursos públicos. Nesse contexto, surge a necessidade de controle e análise populacionais de diversos fatos sociais como, natalidade, morbidade, expectativa de vida, fecundidade, estado de saúde, incidência das doenças, formas de alimentação e moradia. O discurso formado sobre essa população refere-se a propagação em torno dos grandes centros, onde geração de futuro e fortuna tem relação com o sexo de cada um.  O corpo passa a ser monitorado configurando em novos modos de viver, hábitos, sensações e gestos passam a ser objetos de medicina e saber.

Nos campos da demografia, biologia, medicina, psiquiatria, psicologia, na moral e na crítica política, o sexo torna-se em objeto de discurso. Qualquer irregularidade sexual, era considerado de caráter médico e o indivíduo, doente mental. O sexo portanto, deveria estar relacionado ao processo de reprodução, pois até mesmo dentro do matrimônio, existiam regras a serem seguidas, destaca-se aí: o período de amamentação, quaresma e abstinência, lembrando que todo o processo vivido deveria ser detalhado no momento confessional. A quebra de qualquer dessas regras ou até mesmo traição acarretava em condenação.

O século XIX é compreendido como o período da multiplicação das perversões. A Igreja então se incumbia de estabelecer regras ligadas ao julgamento de justiça, entre os crimes estavam, a homossexualidade, o adultério, o rapto, o casamento sem consentimento dos pais e a bestialidade como um crime global. Os hermafroditas estavam entre os considerados criminosos e/ou filhos do crime. Assim, surge a sexualidade periférica, onde libertinos e perversos, ultrapassam a lei da aliança e a ordem dos desejos e envergonham toda a sociedade.

No capítulo três, Foucalt destaca a o estudo que a ciência  desenvolveu a respeito do sexo, a forma de abordagem, sua veracidade e ao público a que destina. Dá ênfase, a confissão ligada a verdade do sexo e ao processo de purificação. Na verdade, através do ato de confissão existe o domínio do poder, e as variadas formas de tortura como forma de convencer o indivíduo a  expor sua íntima e cotidiana.

Esse foi um período que o discurso referente ao sexo se consolidou e se disseminou, e este processo foi seguido de proibições de se falar de sexo nos espaços de convívio social com o objetivo de omitir a verdade entendida como perigosa.  Essa temática se tornou objeto de estudo da ciência e apontada como sombria. Explica-se a posição da ciência, a qual sempre se posicionava do lado do poder, elitista e seletiva. Esse processo incorporou os medos antigos e os modernos no que se refere às doenças venéreas, onde se propagou o ideia das transmissões dessas doenças em decorrência disso práticas racistas.

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