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SATIRAS A ORGANIZAÇÃO

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Por:   •  3/6/2014  •  3.872 Palavras (16 Páginas)  •  2.182 Visualizações

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SÁTIRAS À ORGANIZAÇÃO

Os estruturalistas abordam a organização sob um ponto de vista eminentemente crítico. Contudo, surgiram ultimamente livros de cunho humorístico, pitorescos e irreverentes, e que expõem à sátira o paradoxo e o aparente absurdo de certos aspectos tradicionalmente aceitos nas organizações.

Procuram demonstrar o ridículo de certos princípios dogmáticos, utilizam afirmações jocosas e absolutas, exemplos perfuntórios e, sobretudo, demonstram uma visão apocalíptica da irreparável entropia das organizações. Apesar do non-sense - apontam falhas e incongruências no processo aparentemente racional da organização. Seu sucesso literário, entretanto, tende a populizar uma visão eminentemente crítica e negativa do funcionamento das organizações. Principalmente das burocracias. Obviamente, pecam pelo exagero.

Incluímos tais autores na abordagem estruturalista devido apenas à dificuldade de enquadrá-los adequadamente na teoria administrativa. Na realidade, tais autores somente têm em comum a crítica acerba e contudente à organização, aspecto que notamos em quase todos os autores estruturalistas. Foi apenas esse traço comum que nos levou a colocá-los neste capítulo, como a menos pior das colocações.

1. LEI DE PARKINSON

Northcote Parkinson, inglês catedrático de história e autor de obras sobre história naval e militar, publicou um livro no qual faz uma análise irreverentee implacável da administração burocrática. O livro de Parkinson apresenta as seguintes partes:

a) a ''Lei do Trabalho'';

É mais conhecida como a ''Lei de Parkinson'': O trabalho aumenta a fim de preencher o tempo disponível para sua execução. Esta lei procura demonstrar que ''um trabalho sempre se prolonga de maneira a tomar todo o tempo que para ele se tem disponível''. Em outros termos, ''quanto mais tempo se tem para fazer uma coisa, tanto mais tempo se levará para fazê-la''. Se o trabalho é elástico em relação à necessidade de tempo para a sua execução, e se pouca relação existe entre o trabalho a ser executado e a quantidade de pessoas necessárias para sua execução, então a falta de uma tarefa real não resulta necessariamente em falta de atividade: pode-se produzir muito sem aparente trabalho, como também pode-se perfeitamente gestar enormes esforços sem se realizar nada.

Dá ''LEI DO TRABALHO'' derivam dois princípios que ocasionam a chamada ''PIRÂMIDE EM ASCENSÃO'', a saber :

- LEI DA MULTIPLICAÇÃO DE SUBORDINADOS: um chefe de seção deseja, sempre, aumentar o número de seus subordinados, desde que não sejam seus rivais.

- LEI DA MULTIPLICAÇÃO DO TRABALHO: um chefe de seção sempre inventa trabalho para outros funcionários.

Segundo esses dois princípios, todo chefe procura provocar a impressão de grande atividade e de grande responsabilidade em função do número de subordinados e, com isto, ascender as posições mais elevadas na organização.

b) a ''Lei da Banalidade'';

'' O tempo dispendido na discussão de cada item de uma agenda está na razão inversa da soma discutida.'' A discussão de uma diretoria é curta e incisiva quando se trata de grandes despesas e torna-se longa e detalhada quando se trata de assuntos banais e sem importância alguma.

c) o ''Princípio da Comissão'';

''Uma comissão é orgânica em vez de mecânica em sua natureza. Uma comissão não é uma estrutura, mas uma planta que deita raízes, cresce, floresce, murcha e morre, espalhando as sementes que farão outras comissões florescerem por uma vez''. Parkinson propõe uma nova ciência, a Comissologia, para o devido estudo da praga das comissões.

d) o ''Princípio do Bloco da Administração'';

'' A perfeição da estrutura planejada só é alcançada quando a instituição está no ponto de colapso.'' Quando uma organização atinge sua perfeição, já se tornou obsoleta ou está no fim de sua vida. Como as organizações são imperfeitas e os seus objetivos só são alcançados muito tardiamente, quando são atingidos já estão obsoletos.

e) a ''Hipótese da Paralista das Organizações'';

''Se o chefe da organização não é dos melhores, ele tratará de se cercar de empregados que sejam ainda piores; e eles, por sua vez, providenciarão subordinados que sejam piores que todos. Haverá logo uma verdadeira competição de estupidez, em que as pessoas fingem ser ainda mais estúpidas do que realmente são.'' Para se defenderem da concorrência profissional, os chefes levam as organizações a uma fossalização e a uma consequente paralisia.

f) a ''Hipótese da Demora-Padrão'';

'' É o tempo normal decorrido entre o recebimento de uma correspondência ou documentação em uma organização burocrática e sua posterior distribuição e resposta. Geralmente, a reação da organização é lenta e demorada dentro de um padrão de tempo que o autor implacavelmente procura exagerar.

g) ''Princípio da Aposentadorias Acelerada pela combinação de viagens constantes e preenchimento de formulários''.

Algumas tribos primitivas liquidavam o chefe quando as suas forças vitais já se haviam consumido. Também a organização moderna procura liquidar o chefe, programando viagens e confêrencias, relatórios repletos de formulários e etc, que passam a ocupar totalmente o tempo dele, desviando-o de suas funções executivas.

A obra de Parkinson reflete sua experiência pessoal na administração pública de seu país que pode ser tranquilamente transferida para a organização privada de qualquer outro local. Suas críticas ferinas enquadram-se perfeitamente no revisionismo dos estruturalistas.

2. PRINCÍPIO DE PETER

Peter e Hull publicaram um livro dentro da mesma orientação de Parkinson e da abordagem do ''non-sense''. Procuram demonstrar que a ação administrativa na burocracia revela sempre uma busca de justificativas para o desempenho ineficiente. No fundo, sua tese é de que as organizações burocráticas parecem fadadas à presença constante da mediocridade e da imcompetência.

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