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Por:   •  10/11/2014  •  6.408 Palavras (26 Páginas)  •  265 Visualizações

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Revista Brasileira de História

On-line version ISSN 1806-9347

Rev. Bras. Hist. vol.27 no.54 São Paulo Dec. 2007

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01882007000200009

ARTIGOS

Imigração e família em Minas Gerais no final do século XIX

Immigration and family in Minas Gerais at the end of the 19th century

Tarcísio Rodrigues BotelhoI; Mariângela Porto BragaII; Cristiana Viegas de AndradeIII

IPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais, PUC Minas. Av. Itaú, 505, Prédio Emaús, 3º andar. 30730-280 Belo Horizonte – MG – Brasil. tbotelho@pucminas.com.br

IIPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais, PUC Minas. Av. Itaú, 505, Prédio Emaús, 3º andar. 30730-280 Belo Horizonte – MG – Brasil. angelapb@oi.com.br

IIICambridge Group for the History of Population and Social Structure – University of Cambridge. Sir William Hardy Building Downing Place / Cambridge CB2 3EN – UK. cv233@cam.ac.uk

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RESUMO

Em fins do século XIX e princípios do século XX os fluxos migratórios atingiram proporções significativas em Minas Gerais, especialmente graças à construção de Belo Horizonte e à expansão da lavoura cafeeira na região sul e na Zona da Mata. A partir dos registros da Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora, no ano de 1896, apresentam-se algumas características desses contingentes: sua composição etária e sua origem, bem como a composição dos grupos familiares que migravam. A julgar pelo perfil encontrado nesse ano, os imigrantes que estavam se dirigindo para Minas Gerais ajustavam-se ao padrão da imigração subsidiada, com predomínio dos grupos familiares. O perfil etário e o de sexo diferenciam-se do perfil clássico dos migrantes, no qual predominam os homens jovens.

Palavras-chave: demografia histórica; imigração; família.

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ABSTRACT

At the end of the 19th century and beginning of the 20th century, the migratory flows to Minas Gerais assumed massive proportions, especially as a result of the construction of Belo Horizonte and of the expansion of the coffee industry in the South region of the state and Zona da Mata. The Registers of the Horta Barbosa Inn, in Juiz de Fora in 1896, reveal some characteristics of this contingent: age composition, origin, and characteristics of migrating family groups. Judging from the profile found in 1896, the immigrants coming to Minas Gerais were mostly of the subsidized immigration type, therefore formed mostly by family groups. Age and sex profiles have been found to differ from the classic profile of the migrant, a contingent formed mainly by young men.

Keywords: historical demography; immigration; family.

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A partir de meados do século XIX a Europa é marcada por grandes processos emigratórios, resultantes de transformações econômicas e demográficas.1 As mudanças na distribuição da posse da terra, o processo de modernização da agricultura e as modificações mais profundas nas relações de trabalho foram geradores de condições bastante adversas à permanência em seus locais de origem de parcelas significativas de sua população. Ao lado disso, a transição demográfica, em curso desde o século XVIII, foi fator decisivo na constituição de um grande excedente populacional. Por transição demográfica entende-se a queda progressiva das taxas de mortalidade que ocorreu ao longo do século XIX, sem a correspondente queda da fecundidade, que só veio a ocorrer muitas décadas depois. Nesse intervalo, em que havia uma baixa mortalidade associada a uma alta fecundidade, as taxas de incremento anual da população atingiram níveis inéditos, chegando rapidamente a 1% ao ano ou mais.2 Em conseqüência, o aumento da pressão sobre as terras veio agravar ainda mais o quadro já marcado pelas transformações econômicas mais amplas. À medida que a própria Europa não conseguia absorver esses novos contingentes em suas fronteiras internas, seja em novas áreas agrícolas, seja no meio urbano, a emigração transformava-se em alternativa para escapar às crescentes limitações do mercado de trabalho europeu.3 Calcula-se que toda a Europa ocidental (excluindo-se Rússia, Hungria, os Bálcãs e a Grécia) tenha sofrido uma perda líquida de 35 milhões de habitantes entre 1841 e 1915. Isso representou uma média de quase meio milhão ao ano, ou cerca de 2,5 de cada mil habitantes.4

Os grandes receptáculos desse fluxo populacional foram as Américas. A situação de escassez de mão-de-obra e de abundância de terras tornava o Novo Mundo atraente para os contingentes expulsos, sobretudo, do campo. Além disso, os progressos nas comunicações entre os dois continentes aproximaram esses dois mundos, tornando as viagens transatlânticas cada vez mais rápidas e seguras. Da mesma

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