Tempos Modernos E Fordismo
Monografias: Tempos Modernos E Fordismo. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: ester.piperno • 14/3/2014 • 1.327 Palavras (6 Páginas) • 419 Visualizações
Tempos Modernos e o fordismo
Em Tempos Modernos, Chaplin nos mostra o fordismo de modo incompleto pois a produção de mercadorias é em massa, mas não se aplicou ainda uma implicação de consumo de massa, o que ocorreria apenas no pós-guerra nos principais países capitalistas, sob pressão do movimento sindical e político de classe (o compromisso fordista, como diria David Harvey).
Neste filme o fordismo é mostrado como inovação da produção e do processo de trabalho. Caracterizando como prática de gestão onde se observa a separação entre concepção e execução, baseando-se no trabalho fragmentando e simplificado, com ciclos operatórios muito curtos, requerendo pouco tempo para formação e treinamento dos trabalhadores (o que permite, deste modo, a integração na produção capitalista de operários de massa e pessoas simples, sem muita formação educacional, como é o caso do The Tramp, o personagem do filme).
O processo de produção fordista fundamenta-se na linha de montagem acoplada à esteira rolante que evita o deslocamento dos trabalhadores e mantém um fluxo contínuo e progressivo das peças e partes, permitindo a redução dos tempos mortos. Esta é a impressão primordial que Chaplin nos apresenta neste filme, pois o grande personagem do filme, ao lado de Carlitos, na cena da fábrica, é o sistema de máquina, a esteira rolante que impõe seu ritmo, ditado pelo capitalista, aos demais operários-massa. Em várias cenas, a máquina adquire vida própria. E o trabalho, como atividade vital, transforma-se, para os operários-massa desta produção fordista, em atividade repetitiva, parcelada e monótona, com sua velocidade e ritmo estabelecidos independentemente do trabalhador, que o executa através de uma disciplina rígida. No fordismo o trabalhador perde suas qualificações, as quais são incorporadas à máquina.
Nas primeiras cena deste filme, Charles Chaplin apresenta os principais elementos da fábrica fordista-taylorista. Através de imagens, ele faz a anatomia da lógica fordista-taylorista, da produção em massa. Mostra as imensas instalações fabris e uma massa de operários entrando na fábrica que, através de um recurso metafórico, é comparada com um rebanho de ovelhas – no meio delas, uma ovelha. O que Chaplin sugere é a ideia do operário-massa, que tanto caracterizou a produção fordista-taylorista.
Depois, Chaplin nos apresenta as formas de controle do capital sobre a força de trabalho. O capitalista exerce controle total sobre a produção capitalista através do comando da velocidade da esteira automática, acionada pelo capataz, comandado pelas suas ordens dadas através de uma tela imensa. É um controle virtual que atinge o operário não apenas na linha de produção, mas inclusive nos locais de privacidade no interior da fábrica, tal como o banheiro.
Entretanto, o controle capitalista que ocorre através da linha de montagem, a esteira automática, e as telas imensas que existem na fábrica, não podem ser consideradas absolutas. O que vemos é que o surto nervoso do trabalhador aparece como uma dimensão da sua subjetividade insubmissa diante do controle do capitalista.
O sistema de máquinas possui, como mediação hierárquica, o capataz, homem musculoso e de força física, em contraste com os demais operários da linha de montagem. É ele quem executa as ordens do capitalista no local de trabalho, acionando o controle de velocidade do sistema de máquinas.
Além do capataz, aparece a secretária, mulher jovem, agente das mediações complexas do controle capitalista e também objeto de desejo. Os músculos do capataz e os botões traseiros da secretária são signos do desejo na corporalidade viva do controle capitalista. O que Chaplin sugere é que, a lógica de controle capitalista, não deixa de se apropriar das dimensões do desejo.
Em primeiro lugar, Chaplin nos apresenta o cotidiano do capitalista. Ele aparece em sua tipicidade parasitária, montando quebra-cabeças, lendo jornal e digerindo um comprimido de medicamento para alguma disfunção orgânica: stress? Talvez Chaplin esteja sugerindo que o capitalista deve estar preocupado com a crise.
Em seguida, o capitalista em sua sala de comando, atende um vendedor, trabalhador de classe média, que aparece deslocado de sua função profissional por uma máquina automática. Chaplin sugere que a máquina que caracteriza a modernidade capitalista irá atingir a função do vendedor, tornando-o, tal como o operário da linha de montagem, um mero apêndice da máquina.
O vendedor e seus auxiliares técnicos, apenas conduzem as máquinas: primeiro, um dispositivo automático de áudio que reproduz a apresentação de uma nova invenção, capaz de reduzir os tempos mortos na produção de mercadorias: a sopeira automática. É a máquina que faz a apresentação de venda da máquina. Se a produção de máquinas através de máquinas irá representar uma importante revolução técnica, a venda de máquinas através de máquinas deverá indicar uma nova revolução técnica no interior da grande indústria. O que Chaplin sugere
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