Tga Honda
Artigos Científicos: Tga Honda. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: CrisBarbosa • 10/3/2015 • 3.041 Palavras (13 Páginas) • 212 Visualizações
Reportagem:
A revolução planejada da Honda
A pequena Itirapina vive em torno de uma linha férrea, uma penitenciária e uma empresa de sofás. Saiba como a chegada da nova fábrica da Honda, transformará a cidade e toda a região considerada o novo ABC da indústria automobilística brasileira
Por Hugo CILO e Rafael FREIRE
“Konnichiwa”, “arigatô”, “sayônara”, que em português significam olá, obrigado e até logo, são algumas das primeiras palavras do vocabulário japonês que parte dos 15 mil moradores da pacata Itirapina, localizada a 212 quilômetros da capital paulista, começou a aprender na semana passada. Isso porque, a partir de 2015, mais de dois mil novos moradores circularão pelas ruas da cidade, e cerca de 400 deles terão olhos puxados. Serão funcionários da nova fábrica de veículos da Honda, anunciada na quarta-feira 7, o maior empreendimento já visto nos 78 anos de história do município.
Masahiro Takedagawa, CEO da Honda América do Sul: sob seu comando,
a montadora irá dobrar, até 2015, a capacidade de produção
para 240 mil unidades por ano
A unidade receberá mais de R$ 1 bilhão em recursos – dez vezes mais do que os R$ 100 milhões desembolsados no ano passado pela gigante sucroalcooleira Cosan na construção de um porto seco, o maior investimento feito na cidade até então. Inicialmente, a fábrica da Honda montará um novo modelo compacto, que ainda é mantido em sigilo pela marca, e dobrará sua capacidade produtiva no País, dos atuais 120 mil carros para 240 mil unidades por ano. “A fábrica estabelece o início de um novo ciclo na história da Honda no País”, disse à DINHEIRO o CEO da montadora na América do Sul, Masahiro Takedagawa. “Nossa confiança no mercado brasileiro não poderia ser maior.” Não é para menos.
Com a nova fábrica, a segunda de automóveis da Honda, a participação de mercado da marca deverá subir de 3,8% para mais de 5%, deixando para trás a rival Toyota, hoje com 4,7% das vendas. A confiança e a empolgação do CEO da Honda, que também comanda o negócio de motocicletas da companhia no País (veja entrevista ao final da reportagem), refletem a euforia dos habitantes itirapinenses. Desde quando surgiram os primeiros rumores, alguns meses atrás, de que a cidadezinha entraria para o mapa da indústria automobilística brasileira, Itirapina vive uma autêntica revolução econômica. O município passa a compor, com papel protagonista, uma região considerada o novo ABC da indústria automobilística nacional.
Em um raio de 200 quilômetros de Itirapina já estão instaladas fábricas das marcas Hyundai, Volkswagen, Toyota e a outra unidade da própria Honda, em Sumaré (veja quadro abaixo). “Nossa região é a nova Califórnia brasileira”, afirma o prefeito da cidade, José Maria Cândido, comparando sua cidade ao Vale do Silício nos Estados Unidos, onde estão as maiores companhias de tecnologia do mundo. O mais apropriado seria referir-se a Detroit, o berço da indústria automobilística americana, mas hoje a cidade, antiga meca da indústria automobilística mundial, vive uma decadência sem precedentes. A analogia com a Califórnia, embora seja exagerada, exemplifica a importância da Honda para o futuro do município.
O prefeito estima que a arrecadação com repasse de ICMS passará de R$ 10 milhões para R$ 50 milhões até 2020. A estratégica posição geográfica e a infraestrutura de logística foram decisivas na escolha de Itirapina como sede da nova fábrica. A cidade é cercada pelas rodovias Washington Luiz e Engenheiro Nilo Romano, além de ferrovias operadas pela ALL. “Estar mais próximos de fornecedores e ter acesso rápido à capital paulista, o maior mercado consumidor do País, são fundamentais para ter sucesso e agilidade em nosso negócio”, diz Takedagawa. A proximidade com o Porto de Santos também pesou a favor da cidade paulista. A fábrica poderá abastecer outros mercados da América do Sul, como Argentina e Chile.
“O Brasil é peça-chave nos planos mundiais da Honda e base para toda nossa estratégia no continente”, afirmou o presidente mundial da Honda, Takonobu Ito. A escolha de Itirapina é, de fato, o pilar do plano de negócios da Honda no Brasil. A nova unidade ficará a menos de 50 quilômetros de Rio Claro e São Carlos, cidades que são referência nacional na formação de engenheiros, com universidades federais e estaduais. Até mesmo Itirapina poderá se tornar um polo de geração de conhecimento. O prefeito da cidade solicitou ao governo do Estado, horas depois da confirmação da fábrica na cidade, a implantação de uma Escola Técnica Estadual (Etec), além da instalação de uma unidade do Senai.
“Não podemos perder a oportunidade de desenvolvimento profissional, porque se não tivermos mão de obra específica a Honda buscará em outro lugar”, diz o prefeito itirapinense. A julgar pelos planos da Honda no mercado brasileiro, não faltarão oportunidades de negócios e empregos no interior paulista. Graças a essa nova ofensiva bilionária, a montadora fará sua estreia no segmento dos populares compactos, que representou 72% das vendas no País no ano passado, segundo a associação nacional das concessionárias, a Fenabrave. Outra estratégia nos planos da marca japonesa no País será o lançamento de um SUV compacto, segmento dominado pelo Renault Duster, com 46,9 mil unidades vendidas em 2012, e pelo Ford EcoSport, com 38,2 mil.
“A Honda enxergou tarde, mas a tempo de se recuperar, que os segmentos de maior potencial no Brasil não estão nos carros premium”, afirma o americano Bill Russo, presidente da consultoria Synergistics. “Com a boa reputação da marca, não será difícil desbancar as concorrentes.” No quesito reputação, a Honda é quase imbatível no mercado nacional, junto com outras asiáticas. O estudo Vehicle Ownership Satisfaction Study 2013, realizado pela consultoria J.D. Power com mais de oito mil consumidores brasileiros, divulgado na quarta-feira 7, mostrou que a marca só perde para a Toyota no ranking de satisfação de seus clientes. Em seguida aparecem Hyun¬dai, Nissan e Kia.
“A boa imagem junto a seus consumidores fez a Toyota e a Honda serem as últimas a entrar no mercado de compactos e esperar ao máximo para anunciar novas unidades de produção”, diz Wim van Acker, consultor para o mercado automobilístico da americana The Hunter Group. A Honda foi, realmente, a última grande montadora brasileira a expandir a sua capacidade produtiva com a construção de uma nova fábrica. Nos
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