Tradições Taquara e Vieira
Por: robcamba • 2/8/2017 • Trabalho acadêmico • 2.793 Palavras (12 Páginas) • 190 Visualizações
FACULDADE REDENTOR
INSTITUTO DE ARQUEOLOGIA BRASILEIRA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ARQUEOLOGIA BRASILEIRA
PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA
SÍNTESE RELATIVA ÀS TRADIÇÕES TAQUARA E VIEIRA
Professor Dr Ondemar Dias
Belford Roxo – RJ, janeiro de 2016
JOÃO CLAUDIO ESTAIANO
JULIANA KONFLANZ
MARCUS WITTMANN
MARIA KEIKO YAMAUCHI
RODRIGO OTÁVIO CAMBA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
1. TRADIÇÃO TAQUARA/ITARARÉ/CASA DE PEDRA 4
1.1. Datações para a Tradição 5
1.2. Localização dos Sítios da Tradição Taquara 6
1.3. As Fases da Tradição Taquara 6
1.4. As cerâmicas da Tradição Taquara 6
2. TRADIÇÃO VIEIRA 10
2.1. Datações para a Tradição Vieira 10
2.2. Localização dos Sítios da Tradição Vieira 11
2.3. As Fases da Tradição Vieira 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15
ANEXO: Apresentação em ppt
INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se à avaliação da disciplina de “Pré-História Brasileira”, ministrada pelo Professor Dr Ondemar Dias, e compreende uma síntese das Tradições Vieira e Taquara, que ocorreram na Região Sul do Brasil.
Vale destacar a grande dispersão da cerâmica Tupiguarani por toda a região Sul do Brasil, tendo como centro difusor a Amazônia, alcançando as bacias dos rios Paraguai, Paraná, Uruguai e da Prata (OLIVEIRA, 2008). Segundo Brochado, a tradição Tupigurarani se dividiria nas subtradições Pintada, Corrugada e Escovada. A primeira, mais antiga, estaria relacionada aos tupinambás, a Corrugada e Escovada aos guaranis. A subtradição Corrugada ocorreu no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, ocupou também territórios do Uruguai e Argentina. Porém, esta tradição não será foco de pesquisa deste trabalho.
Além dessa síntese, integra o trabalho a elaboração e apresentação em sala de aula dessas duas Tradições pesquisadas.
Essa disciplina integra o plano curricular do curso de pós-graduação lato sensu de Arqueologia Brasileira, de responsabilidade do Instituto de Arqueologia Brasileira – IAB.
A apresentação realizada em aula integra o Anexo deste documento.
1. TRADIÇÃO TAQUARA/ITARARÉ/CASA DE PEDRA
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A denominação Taquara se deu em função dos primeiros achados arqueológicos terem sido encontrados nos arredores da cidade de Taquara, no morro da Formiga. Na localidade de Osório, no litoral riograndense, foram encontrados os primeiros sítios arqueológicos.
Os povos da tradição Taquara eram caracterizados por ser um grupo coletor caçador e pequeno plantador, que viviam nos planaltos da região sul do Brasil, em grupos relativamente numerosos desde o século II até a chegada dos europeus, com alteração de sua denominação por Guaianá, Coroado e Kaingang.
A tradição Taquara diz respeito aos sítios arqueológicos que possuem cerâmicas com as seguintes características: pequena, composta por potes e tigelas com decorações variadas, nas quais os negativos de cestarias são facilmente distinguíveis, depressões regulares produzidas por pontas de vários formatos ou por unhas e incisões lineares (SCHMITZ, 2006).
As tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra são correspondentes, apresentando cerâmicas de características muito semelhantes, só que ocorrem em estados diferentes, que seriam, segundo Silva (2001), Taquara, no Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina; Itararé, no planalto e litoral dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina; e Itararé, no sul do Paraná e planalto catarinense.
Miller define, em 1967, a “Fase Taquara”, de cerâmica completamente distinta da Guarani, a partir de levantamentos na região dos rios dos Sinos e Maquiné, bem como do litoral nordeste do Rio Grande do Sul (MILLER, 1967). Chmyz define, no mesmo ano, para a região do rio Papanapanema, no Paraná, a “Fase Itararé”, posteriormente incluindo esta e outras fases não Guarani do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo dentro de uma mais ampla “Tradição Itararé” opondo-se a outra considerada distinta da “Tradição Casa de Pedra”. Chmyz propõe a denominação “Gê meridional” para a tradição Taquara e Itararé de modo a associá-las aos Kaingang e Xokleng, habitantes históricos da região e falantes de línguas da família Jê. Já Miller propõe que se unissem as tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra definindo-as como pré-Kaingang (MILLER, 1971:54).
Com base em dados do PRONAPA, e por trabalhos mais recentes, foram formuladas algumas sínteses algumas com descrição detalhada das inúmeras fases, com especificação dos sítios, datas e características da cerâmica (Beber2004: Schmitz 1988: Schimitz & Becker 2006). Todas as sínteses em geral convergem a um ponto: o fato de que as Tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra representam um mesmo fenômeno, que se estenderia por uma vasta região, ocupando o planalto, a encosta e o litoral dos Estados Sulinos (P.M.Ribeiro 2000; Schmitz 1988; Beber 2004: Araujo 2007; Noelli 1999, e se reportam a continuidade entre a Tradição Itararé-Taquara e as parcialidades “Jê do Sul”, representadas pelos Kaingang e Xokleng. O que reforça esta continuidade seria a coincidência dos territórios, as menções no século XVI a grupos “Guaianás” ainda vivendo em casas subterrâneas (J.A.Reis 1997), aos “Gualachos” cremando e sepultando seus mortos sob montículos no século XVII (Montoya in Veiga 2007), ao uso de montículos funerários pelos Kaingang ainda no século XIX (Métraux 1946), bem como a existência de datas tardias para a tradição arqueológica.
Outra característica da tradição Taquara diz respeito aos tipos de moradias em que vivam: em casas subterrâneas, galerias nas encostas de morros, taipas em forma de fortificações e terraços de terra e pedra.
As cerâmicas da tradição Taquara são bastante distintas daquelas da tradição Vieira.
1.1. Datações para a Tradição
Schmitz e Becker (2006), para um carvão retirado entre 80 e 100 cm de profundidade, em escavações realizadas na localidade de Água Azul, no município de Caxias do Sul, indicaram idade de mais ou menos 470 ± 70 anos (d.C.) e, considerando ainda a existência de outra camada arqueológica, estimaram uma ocupação de cerca de 100 anos anterior a essa data, indicando uma ocupação e reocupação neste sítio. Neste mesmo sítio, uma camada de ocupação indicou 1.110 ± 60 anos (d.C.) e por baixo desta, outra camada indicando idade de 20 ± 100 anos (d.C.). Estas datas indicam a ocupação e reocupação do sítio de Água azul.
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