Gregório De Matos E Padre Antônio Vieira

Gregório de Matos é o principal poeta brasileiro do período barroco. Padre Antônio Vieira é um dos maiores expoentes da prosa doutrinária europeia, escritor de textos não literários estudados tanto na Literatura Brasileira como na Portuguesa. Gregório só produz versos, Vieira só produz prosa não literária. Embora Gregório de Matos seja um autor cultista, em muitas de suas obras predomina o conceptismo. Geralmente estas obras são os poemas de lírica religiosa em que ele se dirige a Deus. Não só Vieira se aventura na apresentação do ponto de vista seiscentista a respeito da relação do homem com Deus, como também Gregório de Matos fez isso. A diferença nessa comparação com a religiosidade é que Vieira procura orientar os pecadores enquanto Matos se posiciona como pecador e procura o perdão.

Além da poesia lírica religiosa, Gregório de Matos também se aventurou pela lírica amorosa, como já mencionei no post anterior, sobre Camões, e pela lírica filosófica. Na primeira, o autor vai registrar a oposição entre o desejo e a adoração neoplatônica, entre os dois tipos de amor de que Camões já falava, mas, desta vez, com uma tensão muito maior. Isto porque não apenas sucumbir ao desejo é vivenciar uma forma inferior de amor, como era para Camões, nos textos em que predominava a visão neoplatônica, mas especialmente porque, para o homem Barroco, sucumbir ao desejo é sucumbir ao pecado, é sujeitar-se ao inferno. Daí que, em muitos poemas amorosos, o Boca do Inferno afirma preferir ficar cego a ver a beleza da mulher amada e sentir-se tentado por ela, como no soneto abaixo: