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Tribos Urbanas - Motoboys.

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Por:   •  15/5/2014  •  922 Palavras (4 Páginas)  •  648 Visualizações

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A ORIGEM DOS MOTOBOYS

Se fizermos aqui um breve relato da história da categoria dos motoboys, descobriremos que esta é uma profissão relativamente nova no Brasil.

As primeiras empresas que contratavam office-boys motorizados começaram a operar no início da década de 1980, com pouco mais de meia dúzia de motoqueiros. Em menos de duas décadas, por conta da crescente demanda por este tipo de serviço, eles se tornaram uma das maiores categorias de rua do país.

A profissão de motociclista – atividade remunerada que faz uso da motocicleta para execução de diversas tarefas, como entregas e retiradas, que precisam de certa urgência, de documentos, cheques, malotes, medicamentos, alimentos e todo tipo de pequenos volumes e componentes, – surgiu na onda da globalização e do fortalecimento do setor de serviços.

Entrou definitivamente na cadeia produtiva da economia a partir 1988, quando a nova Constituição legitimou a terceirização dessas atividades no setor de serviços. No final daquela década já havia dezenas de empresas e mais de 5 mil motoqueiros rodando por dia nas ruas da cidade de São Paulo.

ETIMOLOGIA

A palavra motoboy é um neologismo que não pertence à língua inglesa, mas foi cunhado no Brasil pela justaposição do sufixo moto (redução de "motocicleta") e boy ("garoto", "rapaz" em inglês). É possível também que tenha evoluído de office-boy, palavra usada para nomear meninos (sem motocicleta) que realizam entregas e serviços burocráticos nos grandes centros.

A definição motoboy popularizou-se em virtude do caso do Maníaco do Parque, um bandido que, em meados da década de 1990, passando-se por um fotógrafo de agência de modelos, atraía jovens garotas para a densa mata do Parque do Estado, onde estuprava e matava suas vítimas. Esse caso causou uma indignação maior do que essa a que assistimos hoje no caso Isabella Nardone. O nome motoboy, portanto, surgiu estigmatizado. E para piorar a situação, nos últimos anos estatísticas policiais revelaram um grande aumento do número de assaltos praticados por ladrões com uso de motos...

Não é fácil a vida de motoboy e motogirl. Ralam em condições de trabalho para lá de precárias, insalubres e periculosas, para obter uma remuneração que vai de R$ 250,00 a, no máximo, R$ 1.200,00 (casos raros). Ainda têm que aguentar o preconceito. Os caras e minas têm uma jornada de trabalho que pode chegar a 16 horas, em três serviços diferentes. Alguns deles começam às quatro da madrugada, entregando jornal até as sete da manhã. Depois, vem o expediente básico na agência de motoboys ou numa firma qualquer, até seis da tarde. Cruzam a cidade e na periferia, onde a maioria mora, ainda complementam a renda entregando pizza, ali mesmo pelo pedaço.

Esse trampo noturno é dos mais ingratos. Normalmente, ganham uma diária de R$ 15,00 e mais R$ 1,00 por pizza entregue. Ou seja, se fizer 15 entregas em uma noite, receberá R$ 30,00. Essa realidade e muitos outros dramas (e delícias, também) da vida desses profissionais estão no brilhante documentário Motoboys Vida Loca, de Caito Ortiz, uma produção de 2003, que foi premiada na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo naquele ano. O belo filme 12 Trabalhos, do cineasta Ricardo Elias (De Passagem), ajuda também a entender o coração que bate em baixo da jaqueta do motoboy. O filme conta a história do jovem Heracles que, saído da antiga Febem, tenta recomeçar sua vida trabalhando com moto-frete. Embora ficcional, a produção, de 2006, revela o perfil de um motoboy com enorme sensibilidade.

CULTURAL

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