Um Estudo Bibliométrico Da Aprendizagem Dos Riscos Do Processo De Desenvolvimento De Produtos Baseado Em Jogos

1. Introdução

“O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, a fim de atender aos seus requisitos” (PMI, 2012).

Existe a constante colaboração entre universidades e empresas, focada em fazer com que a teoria de Gestão de Projetos seja aplicada na prática. Os resultados desse processo de geração de conhecimento estão colaborando para que cada avanço seja compartilhado, reduzindo o desperdício de recursos valiosos e energia intelectual (WALKER et al., 2008).

Pesquisa de Jugdev et al. (2007) aponta que o conhecimento tácito da organização representa um recurso intangível e, por isso, pode ser considerado estratégico. De acordo com o referido estudo, o correto compartilhamento desse tipo de conhecimento alavanca a competência em Gestão de Projetos como fonte de vantagem competitiva.

A realidade é que as iniciativas para o ensino e a aprendizagem de Gestão de Projetos exigem mudanças na relação aluno-professor. Ou seja, os estudantes de hoje têm expectativas de educação superior diferentes das quais eles atualmente recebem. Por essa razão, o nascimento dos “nativos digitais” demanda que as percepções e visões expressas pelos estudantes sejam consideradas (OJIAKO et al., 2011), já que o ensino de Gestão de Projetos só se torna eficiente quando se equilibra a transferência de conhecimento e o desenvolvimento das habilidades dos alunos, ao mesmo tempo em que eles aprendem a teoria (ASHLEIGH et al., 2012).

Odenweller, Hsu e DiCarlo (1998) afirmam que muitos educadores consideram insuficiente o tempo empregado pelos alunos em pensamentos independentes, discussões em pequenos grupos ou aprendizagem ativa, uma vez que, em aulas tradicionais, as informações são transmitidas de forma passiva.

É neste contexto que surgem os jogos educacionais como uma mídia capaz de entreter as pessoas, criando um ambiente dinâmico e interativo, em que o aluno assume uma postura menos passiva a partir de aulas mais práticas, que representam melhor a realidade das empresas (SAVI, 2011).

Dentre os benefícios da Aprendizagem Baseada em Jogos, Savi (2011) destaca:

 Possibilidade de aprendizagem baseada na experiência, que leva a uma descoberta sobre as matérias de uma forma mais pessoal;

 Desenvolvimento de habilidades cognitivas, para resolução de problemas, tomada de decisão, reconhecimento de padrões, processamento de informações e pensamento crítico;

 Aplicação prática do conhecimento aprendido, com inserção de elementos como diversão, competição saudável, cooperação e disciplina; o que potencializa a interatividade e a aprendizagem em grupos.

Outro assunto tratado neste trabalho é o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP), que é considerado um tipo de projeto a ser gerenciado. Para Rozenfeld et al. (2006), o PDP é um conjunto de atividades que busca as especificações de projeto do produto e do seu processo produtivo, considerando as necessidades de mercado, as possibilidades tecnológicas e as estratégias da empresa. Sendo assim, é uma visão que engloba todo o ciclo de vida do produto e abrange todas as áreas funcionais da organização. Contudo, o PDP tem riscos inerentes.

Para Schuyler (2001), ‘risco’ é o efeito acumulativo da probabilidade de incerteza que pode afetar positivamente (oportunidade) ou negativamente (ameaça) o projeto. Galway (2004), em vez de buscar respostas para a pergunta “o que é uma boa análise de riscos?”, buscou responder o que os usuários do projeto esperam do gerenciamento de riscos. A resposta foi óbvia: precisão e auxílio no processo decisório. Cooper (1990) inova quando relaciona o gerenciamento de riscos ao conceito de desenvolvimento de produtos denominado Stage-Gate System. Comparando o desenvolvimento de produtos com uma linha de produção, os stages são os locais onde o trabalho é realizado e os gates são os pontos de controle que asseguram que a qualidade é suficiente para sua continuidade. Para o autor, o PDP objetiva orientar um projeto de novo produto desde o estágio de ideias até depois do seu lançamento.

Blau et al. (2000) consideram como riscos no PDP: a possibilidade de este não vir a atender os requisitos de forma satisfatória; o processo de priorização de produtos dentro de um portfólio; e os riscos relacionados aos custos e prazos no processo de desenvolvimento. Já Huchzermeier e Loch (2001) partiram dos mesmos tipos de riscos, mas os denominaram incertezas. Estes autores desenvolveram estudos que analisaram como tais fatores influenciam o grau de flexibilidade gerencial nos processos de desenvolvimento de produto. Por fim, Chamberlain e Modarres (2005) concentraram sua atenção nos riscos que dizem respeito aos aspectos de especificações técnicas do produto, analisando os riscos de incêndio em compressores de veículos movidos a gás e determinando a sensibilidade dos resultados a variações nas taxas de falhas dos componentes.

Apesar da importância cada vez maior dos projetos nas organizações, a maioria dos projetos (sejam eles projetos para desenvolvimento de produtos ou não) falha ao cumprir suas metas. Entregar projetos que atendam às metas de prazo, custo e especificações planejadas e que também atendam aos objetivos de negócio que o justificaram é ainda um desafio a ser superado nas empresas (MARQUES JUNIOR e PLONSKI, 2011).

A maioria dos estudiosos e profissionais considera que esta taxa alta de insucesso se deve, principalmente, ao fator de falha humana (ASHLEIGH et al., 2012). Isso evidencia que proporcionar um ensino de qualidade em Gestão de Projetos para futuros profissionais e desenvolver comportamentos adequados resulta em melhoria de competências e aproximação do sucesso nos projetos (ALAM et al., 2008).

2. Metodologia de pesquisa

O estudo bibliométrico é uma ferramenta de análise quantitativa da literatura e foi primeiramente introduzida como uma técnica de análise por Pritchard em 1969 (SUN, WANG; HO, 2012). De acordo com Gumpenberger e Gorraiz (2012), a bibliometria é uma disciplina desenvolvida como uma ferramenta para medir e monitorar a produção científica. A análise bibliométrica tem amplas aplicações em diversas áreas com o intuito de aumentar o desempenho de pesquisas ou avaliar suas tendências, investigando as características das publicações, tais como: autoria, fontes de pesquisa, temas, origens geográficas e citações (SMALL, 2003).

Para a condução desse estudo bibliométrico, a base de dados escolhida para a seleção dos artigos que compõem a amostra foi a ISI Web of