VISÃO SOCIAL: CONCEITOS E PROBLEMAS
Seminário: VISÃO SOCIAL: CONCEITOS E PROBLEMAS. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: alanflaviolopes • 24/11/2013 • Seminário • 1.265 Palavras (6 Páginas) • 481 Visualizações
Passo 1
VISÃO SOCIAL: CONCEITOS E QUESTÕES
LIVRO: QUARTO DE DESPEJO, DIÁRIO DE UMA FAVELADA
O livro conta a trajetória de vida de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), moradora da favela do Canindé em São Paulo. Estudou até o segundo ano de uma escola primária de Sacramento, Minas Gerais, onde nasceu. Foi empregada doméstica em São Paulo, onde mais tarde, passou a catar papel e outros tipos de lixos recicláveis.
No seu dia-a-dia, mostrou um panorama variado da vida dos favelados e de sua luta pela sobrevivência.
Quase analfabeta não impediu que ela pegasse prazer pela leitura, passou a escrever um diário, que em 1960 foi publicado o livro que correu o mundo, sendo discutido e admirado em treze idiomas.
A fome é muito citada no livro, adultos e crianças que ficam doentes ou morrem por se alimentar de restos encontrados no lixo. Faltas de saneamento básico traziam outras enfermidades.
A prostituição de menores, abuso sexual,drogas são outros problemas narrados pela autora.
Ela faz essa comparação da vida na favela em relação à outra camada da sociedade:
“...Às oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de veludo, almofadas de cetim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo...” (pág.33)
Carolina criticava sem medo os políticos da época, o cenário vivido por ela na década de 60 ainda é atual, os políticos visitam favelas no período de eleição, para pedir votos e fazer promessas. Ao procurar o serviço social ela se sentia desolada, ao perceber a ironia com que os pobres eram tratados e que única coisa que eles queriam saber eram seus nomes e endereços.
As grandes cidades que muitas vezes são cartões postais no nosso país podem ser comparadas como um organismo doente, pois as favelas são suas úlceras.
De fato é mais fácil ignorar essa parte da realidade tão triste e sofrida destes brasileiros.
A falta de estrutura urbana ainda gera muitos “quartos de despejo” pelo Brasil.
É preciso entender que não é possível alcançar a realidade dessas classes, sendo indiferentes à sua cultura, seu cotidiano e sua visão de mundo.
Segundo Carmelita Yazbek (set.2010). Abordar aqueles que socialmente são constituídos como pobres é penetrar num universo de dimensões insuspeitadas, marcado pela subalternidade, pela revolta silenciosa, pela resiliência aliada as estratégias para melhor sobreviver apesar de tudo.
Passo 2
Claramente, a carência é parte da prática diária do trabalho dos assistentes sociais. Convivemos muito de perto com a experiência trágica de pertencer às classes subalternizadas em nossa sociedade; conhecemos esse universo caracterizado por trajetórias de exploração, pobreza, observamos o crescimento da violência, da droga, e de outros códigos que sinalizam a condição submetida: o desconforto da casa insegura e insalubre, as astúcias de sobrevivência frente ao desemprego, a fragilidade da saúde, a ignorância, a fadiga, a resignação, a crença na felicidade das gerações futuras, o sofrimento expresso nas falas, nos silêncios, nas expressões corporais, nas linguagens além dos discursos. Cada vez mais, é preciso considerar a impossibilidade de alcançar a realidade das classes subalternas sendo estranhos à sua cultura, à sua linguagem, a seu saber do mundo. Do ponto de vista conceitual, é fundamental não perder de vista que a pobreza é expressão direta das relações vigentes na sociedade, relações extremamente desiguais, em que convivem acumulação e miséria.
Não podemos esquecer que as condições materiais da existência e as formas concretas que elas assumem nas vivências da sociabilidade, levam muitas vezes ao caminho da desesperança, do ilícito e de experiências conjugadas em outro jogo de referências tecido entre a dureza do desemprego e do trabalho incerto. Trata-se, segundo a autora, de um jogo que se caracteriza pela erosão dos mundos sociais construídos em torno do trabalho regulado, que atinge duramente os que foram afetados pela reestruturação produtiva e os que, na “virada dos tempos”, transitam nas suas dobras e constroem outros campos de possibilidades. Embora a renda se configure como elemento essencial para a identificação da pobreza, o acesso a bens, recursos e serviços sociais ao lado de outros meios complementares de sobrevivência precisa ser considerado para definir situações de pobreza.
Mas, se fundamental é decifrar as lógicas do capital, sua expansão predatória e sem limites, desafiante é, também, saber construir mediações para enfrentar as questões que se colocam no tempo miúdo do dia-a-dia da profissão. É nesse tempo que podemos partejar o novo, construir resistências, construir hegemonia, enfrentar as sombras que mergulham esta imensa parcela de humanidade explorada, enganada, iludida, massacrada,
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