Valores Morais Em Construcao

VALORES MORAIS EM CONSTRUÇÃO

Hoje em dia, deparamo-nos com inúmeras notícias de atos de delinquência, criminalidade ou mesmo de desrespeito, cometidos por adolescentes. Essas situações nos deixam incrédulos, assustados, muitas vezes estarrecidos, e nos fazem questionar: O que está acontecendo com nossos jovens? Que tipo de educação eles estão recebendo? De quem é a culpa? Os pais e educadores sentem-se angustiados e receosos com esses fatos.

Porém mais do que motivo de lamentações, essas pequenas tragédias precisam servir como um “alerta” a toda sociedade. Precisamos urgentemente refletir na educação que estamos oferecendo a nossas crianças. Qual a qualidade do meio em que elas estão interagindo? O meio aqui é entendido como a família, a escola, os amigos, a televisão, etc. Que valores morais os futuros adultos estão construindo?Muitos justificam tais atitudes como derivadas unicamente dos meios de comunicação, principalmente a televisão, que explora a violência e a pobreza cultural. Outros atribuem exclusivamente a culpa à desintegração da família, alegando que os pais são separados, que não colocam limites ou são autoritários demais, etc. Há ainda aqueles que culpam a escola ou as influências dos amigos. E por último, há os que consideram tais ações como sendo “desvios” de personalidade dos jovens envolvidos (eram apáticos, indiferentes, agressivos, egoístas, etc.).

O que está por trás dessas alegações, é a visão de que o indivíduo simplesmente internaliza as influências do meio, tem um papel passivo, impotente diante do meio em que vive, e não é isso que ocorre. Piaget, um grande psicólogo suíço, mostra-nos que o sujeito tem um papel ativo na construção dos valores, das normas de conduta. Há uma interação, isto é, um caminho de ida-e-volta, com o indivíduo atuando sobre o meio e o meio sobre ele, e não simplesmente a internalização pura desse ambiente. O indivíduo é ativo na construção de seu desenvolvimento. Na realidade, não é apenas um ou outro fator isolado (família, traços de personalidade, escola, amigos, etc.), mas o conjunto deles que contribui nesse processo, e, a partir da interação do sujeito com esses fatores (meio), é que ele vai, aos poucos, construindo seus próprios valores morais. A moralidade, portanto, é construída, não vem pronta. Uma criança aprende o que vive e se torna o que experimenta.

Ao contrário do que se pensa os valores morais não são ensinados diretamente. Não se pode ensinar a ser honesto, justo ou a respeitar o outro, com sermões, histórias ou lições de moral. A criança irá construir sua moralidade (sentimentos, crenças, juízos e valores) a partir de sua interação com as inúmeras e cotidianas experiências que tem com as pessoas e com as situações. Se queremos que construa tais valores, ela necessita interagir com situações em que a honestidade, justiça ou o respeito estão presentes de fato. Se por exemplo, uma criança pequena ouve da mãe que não pode mentir, mas percebe que os próprios pais mentem ou que é punida quando conta a verdade, pode acabar aprendendo que nem sempre ser honesta é o melhor negócio

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