Ética
Dissertações: Ética. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ninafreitas • 14/3/2015 • 3.588 Palavras (15 Páginas) • 165 Visualizações
O ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTUAL EM DIFERENTES PERSPECTIVAS
TEÓRICAS
PINTON, Francieli Matzenbacher ; GONÇALVES, Ana Cecilia Teixeira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL (UFFS)
francieli.matzembacher@gmail.com
acgteixeira@yahoo.com.br
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo revisar criticamente as diferentes perspectivas teóricas que
fundamentam (ram) o ensino de produção textual no contexto educacional brasileiro. Para isso,
sistematizamos tais perspectivas teóricas em quatro grandes momentos. No primeiro momento,
discutimos a perspectiva da norma e seu enfoque prescritivo de regras gramaticais para o ensino de
texto. No segundo, exploramos a perspectiva da redação, baseada na apropriação de regras textuais
e gramaticais pelos sujeitos aprendentes. No terceiro, destacamos a visão interacionista para o
ensino de textos, denominando esta perspectiva de produção textual. Por fim, no quarto momento,
abordamos a perspectiva dos gêneros discursivos/textuais que preveem uma sistematização das
atividades que explicitam a relação dialética entre texto e contexto. Procuramos apresentar um
panorama crítico para o ensino de produção textual, identificando as diferentes perspectivas de
ensino que,de certa forma, refletem as variações que o conceito de texto e de escrita sofreu ao longo
dos anos.
Palavras-chave: ensino, língua portuguesa, produção textual.
INTRODUÇÃO
O ensino de língua portuguesa no Brasil, tradicionalmente, se volta para gramática
normativa numa perspectiva prescritiva (imposição de um conjunto de regras a ser seguido,
como, por exemplo, as regras de concordância nominal e verbal) e analítica (identificação
das partes constitutivas do todo, com suas respectivas funções, como as funções sintáticas
dos termos da oração, elementos mórficos das palavras) (BEZERRA, 2007, p. 37). Essa
constatação permite refletir sobre a recência da história do ensino sistemático do ato de
escrever no contexto educacional. Tal recência relaciona-se à diversidade de objetos de
ensino que circulam(ram) nas aulas de língua materna. Esses objetos revelam diferentes
concepções de língua(gem) (BUNZEN, 2005, 2006), assim como os diferentes enfoques que
o ensino de produção de textos tem assumido no contexto escolar.
Nesse sentido, pode-se afirmar que existem diferentes perspectivas para o ensino de
produção textual. Neste trabalho tais perspectivas são denominadas de: perspectiva da
norma, perspectiva da redação, perspectiva da produção textual e perspectiva dos gêneros
discursivos/textuais.
1. Perspectiva da norma
Segundo Marcuschi (2000), até a década de 50 do século XX, havia o predomínio da
concepção de língua como sistema de regras, concepção esta impulsionada pelos estudos
estruturalistas, cuja ênfase recaía nas análises fonológica, morfológica e sintática da língua.
Nesse contexto, a reflexão incidia sobre a teoria tradicional da gramática, apoiada nas
técnicas da retórica clássica. Essa postura prescritiva pautava-se na aplicação de regras de
bem escrever (BONINI, 2011). Conforme Bunzen (2005, p.55), até meados do século XX,
“há uma ênfase no ensino de leitura, entendida como prática de decodificação e
memorização de textos literários, reservando para ensino da produção de textos um lugar
apenas nos níveis mais elevados”.
O ato de escrever, nessa situação, estava relacionado à composição de textos,
normalmente oriundos de atividades de observação de gravuras ou de títulos fornecidos
pelos professores. Além disso, o ensino se dava por meio de modelos apresentados pelo
professor, sendo que a ênfase estava no produto final (BUNZEN, 2005). Segundo Rojo
(2009, p. 85), essa perspectiva encontra sustentação na crença de que escrever é um dom
e de que, em razão disso, não precisa de um ensino sistemático. Como consequência, não
há necessidade de ir-se além dos “bons modelos” retirados das “belas letras”, já que os
textos literários são considerados modelos padrão e prescritivos, cuja avaliação encontra-se
ainda centrada em correção gramatical e ortográfica (Idem,Ibidem).
Bezerra (2007, p.42) apresenta uma justificativa linguística sócio-histórica, para esse
fato, afirmando que o ensino de português baseado exclusivamente nos livros de gramática
ocorria porque o público que tinha acesso à escola falava o português padrão, cujo modelo
era para ser seguido. Dessa maneira, à escola reservava-se apenas o dever de ensinar
explicitamente as regras gramaticais, sendo o ato de escrever uma consequência da prática
anterior.
Bonini (2011, p.3) define esse momento no ensino de método retórico-lógico,
argumentando
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