Ética E Educação - Caminhos Buberianos Ferdinand Röhr
Dissertações: Ética E Educação - Caminhos Buberianos Ferdinand Röhr. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: corrinhadantas • 27/7/2014 • 3.150 Palavras (13 Páginas) • 967 Visualizações
Centro Universitário Internacional - UNINTER
Maria do Socorro de Souto Dantas
RU: 985079
Bibliografia
Para fazermos um resumo sobre o artigo proposto, comentarei um pouco sobre o nosso autor, Martin Buber, era filósofo, escritor e pedagogo, judeu de origem austríaca, e de inspiração sionista. Tinha educação poliglota: em casa aprendeu ídiche e alemão, na escola hebraico, francês e polonês.
Martin Buber, que embora seja um autor pouco difundido no pensamento educacional brasileiro contemporâneo, pode nos trazer elementos significativos para uma reflexão ética direcionada à educação. Suas publicações filosóficas deu ênfase a sua ideia de que não há existência sem comunicação e diálogo, e que os objetos não existem sem que haja uma interação com eles. As palavras-princípio, Eu-Tu (relação), Eu-Isso (experiência), demonstram as duas dimensões da filosofia do diálogo que, segundo Buber, dizem respeito à própria existência.
Ética e Educação - Caminhos Buberianos
Ferdinand Röhr
A educação tem como objetivo contribuir para a formação humana, no sentido de humanizar o educando, quer que a Educação ajude o educando a se constituir um ser ético.
O fato de a Educação ser um tipo de agir humano abre a segunda perspectiva de interligação entre ética e Educação, ela precisa, como qualquer ação humana, de uma orientação ética.
Por muito tempo, a Filosofia da Educação tendeu a enxergar na Educação ética e na ética pedagógica as únicas ligações entre ética e Educação. Com raras exceções, o educando não conta apenas com um educador. Assim, podemos falar de uma ética da comunidade dos educadores, constituída pelos pais, parentes, professores, amigos e outros membros significativos. Se na comunidade dos educadores não se instala um comportamento ético entre os seus membros em relação ao trabalho pedagógico, este pode ser ameaçado na sua qualidade e até no seu êxito. Esse é um aspecto pouco discutido academicamente sob o ponto de vista da ética. Situação que amplia e reverbera na dificuldade de determinar o ético desde uma perspectiva pedagógica que, embora ultrapasse a mera fixação de orientações do nosso agir em fórmulas, regras, leis ou posturas dogmáticas, não pode abdicar de "enfrentar o não enfrentável" (BAUMAN, 2011, p. 31) de nossas escolhas e orientações educativas.
Uma vez identificadas essas três problemáticas da Educação, que solicitam uma noção daquilo que é a ética, encontramo-nos diante da dificuldade de determinar o ético.
Martin Buber pode nos trazer elementos significativos para uma reflexão ética direcionada à Educação.
Como ressalta Newton Von Zuben (1985), Martin Buber apresenta-se como um dos intelectuais mais criativos de nossa época, uma vez que sua vida e sua obra "[...] articularam-se de tal modo que, cada uma a seu modo, serviu de testemunho à outra [...]" (p. 1), desvelando o vínculo entre o compromisso do pensamento e da ação. Por isso, cada nova retomada de sua reflexão encontra expressão em alguma atividade social, cultural, política e pedagógica.
Martin Buber tem exercido, através de sua obra, uma influência notável em diversos campos do saber. Para Von Zuben, seu pensamento é atípico, na medida em que recusa apresentar uma doutrina estruturada, formal: "Seus escritos nem sempre obedeceram a planos preconcebidos. Aconteciam à medida que as questões cruciais lhe defrontavam e exigiam sua palavra [...]" (Ibid., p. 2).
Sua obra foi Tematização em torno do problema do homem.
O diagnóstico sobre o problema do homem é acompanhado de uma percepção da própria insuficiência da linguagem científica na interpretação das dimensões fundamentais da existência humana. Von Zuben afirma que as ideias de Martin Buber são encapsuladas em um uso abusivo da noção de dialogo, o que tem gerado, principalmente no campo educacional, uma espécie de "sobrecarga semântica".
As proposições buberianas para uma existência dialógica fundada sobre a relação inter-humana é bastante complexa, na medida em que tal concepção configura-se como um elemento catalisador de toda a sua concepção de homem, de sociedade e de educação, a qual não está confinada em construtos meramente antropológicos ou psicológicos.
• O caminho da ética diante do universalismo e do relativismo
Dentre as possíveis classificações geradas pelo pensamento filosófico, podemos distinguir três posições principais em relação à ética. A primeira, mais bem representada na história da humanidade, tem base na crença da possibilidade de estabelecer a ética de forma objetiva e válida para todos os seres humanos. Mais frequentemente, trata-se de sustentar essa posição em revelações divinas por intervenção direta de instâncias transcendentes na imanência, seja por sinais na matéria física, seja em momentos de iluminação de sujeitos humanos extraordinários. A segunda posição nega, categoricamente, qualquer validade geral de máximas éticas, independentemente do fundamento que se alega para elas. Todos os valores são criados por seres humanos e podem ser, portanto, questionados e negados por outros homens.
É grande a polêmica entre essas duas posições. A primeira acusa a segunda de promover uma decadência moral sem precedentes. Não incentivando as novas gerações a empenharem-se na busca de orientações éticas válidas, essas jamais serão encontradas e aceitas. A segunda acusa a primeira de ser responsável por todo tipo de dogmatismo e violência, pois valores supostamente válidos seriam instrumentos de poder e opressão que só aumentam o domínio e castração da liberdade humana. Detectamos uma terceira posição, identificável na história, iniciando no mais tardar com Sócrates e se prolongando até os dias atuais. Semelhante à primeira posição, nela também se crê em valores éticos válidos. Existe a verdade sobre o bem, falando em termos socráticos, mas o conhecimento absoluto sobre ele é dos deuses. Aos humanos cabe a busca dessa verdade. A certeza sobre os avanços não é uma certeza exterior, mas íntimo-existencial. Se ganha firmeza sobre a ética, nessa perspectiva, em processos intuitivos que podem alcançar certezas em longos processos de contemplação sobre as próprias vivências. Independentemente da linguagem em que se expressam os diversos representantes dessa posição, todos pressupõem um conhecimento
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