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A História do Cinema

Por:   •  6/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.129 Palavras (5 Páginas)  •  134 Visualizações

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Envelope Ana Filipa Silva

Estamos na manhã de 4 de abril e as nuvens assustam quem para elas olha. Olho em volta, árvores, barulhos que não consigo decifrar de onde surgem e insetos, muitos insetos. Olho em volta em busca de respostas para justificar a existência de um lugar tão misterioso como este. O meu pai deu-me um mapa e pediu-me para seguir o trajeto que lá estava traçado e o sítio onde estou agora, é o sítio onde no mapa aparece aquela grande cruz vermelha. Começo a explorar o lugar e deparo-me com umas escadas infinitas. Demorei a decidir se as descia ou se ficava cá em cima à espera que alguém me abordasse de estar a invadir propriedade privada ou de estar a bisbilhotar um lugar que não devia, mas logo me lembrei do velho ditado da minha mãe, “Quem não arrisca, não petisca” e lá fui eu. No final das escadas encontrei um portão de quatro metros de comprimento e de um metro de altura, admito que fiquei confusa e até com algum medo. Mas a curiosidade de saber o que estava lá dentro era superior ao medo que estava a sentir naquele momento. Tentei abrir o portão, mas estava trancado, fiquei chateada comigo mesma pois só pensava que não podia sair dali sem abrir aquele portão. Volto a subir as escadas, mas algo mudou nelas. Tinham letras espalhadas pela parede acima, mas que quem descia escadas não as conseguia ver. Depois de meia hora a subir e descer escadas, construi uma palavra com as letras. Escorpião. Escorpião? Porquê escorpião? Depois pensei que talvez tivesse de encontrar naquele bosque/floresta um escorpião. Confesso que estava com um amor/ódio ao desafio do meu pai. Adoro mapas do tesouro, mas odeio não saber o que procuro e onde procuro. Mas lá correu bem pois ao fim de duas horas de passeio, deparei-me com um jovem, Carlos, que procurava o mesmo escorpião. Falamos e falamos, e quando já tínhamos desistido de procurá-lo, levantamo-nos para ir embora e eu tropecei numa pedra e cai num buraco. O buraco tinha uns cinco metros de profundidade e mal me tentei levantar após a queda, rapidamente me apercebi que o meu pulso estava partido. Foi todo um drama da minha parte, que pensava que ia morrer naquele buraco e que o Carlos não me iria conseguir tirar dali de dentro. Sentei-me, e mal olhei para o chão à minha frente entrei numa excitação enorme. Não estava a acreditar. Eu cai em cima do escorpião, o famoso escorpião, e apesar de infelizmente o ter morto, no meio do seu cadáver estava lá a chave do portão. Comecei a gritar de alegria pelo Carlos para lhe contar o quão estranho e incrível era eu ter morto o nosso escorpião. Por momentos, pensei mesmo que aquilo era a coisa mais estranha e incrível que me acontecera naquele dia até que o Carlos me disse, que por sorte tinha o seu antidoto com ele e que ele era mágico. Mas os mágicos que eu conhecia não faziam magia real, era tudo encenado e com truques…. Fiquei assustada, mas respirei fundo e ouvi a ideia dele para me tirar dali. Foi a ideia mais absurda e inacreditavelmente criativa que ouvi, queria me dar asas para sair do buraco. Enlouqueci…. Voar? Ele estava maluco ou andava a sonhar? Nunca pensei que iria voar na minha vida até que ele me atirou um colar com uma pedra azul. Sim…. um colar com uma pedra azul…Naquele momento pensei que aquilo era mesmo uma piada, o que por um lado me deixou mais aliviada. Porque sejamos sinceros… um colar que tinha um antidoto e me dava asas? Algo de muito errado se deveria passar para ser verdade. Mas pelo sim, pelo não, segui as instruções dele e ao carregar na parte de trás do colar, a pedra abriu-se e tinha lá um minúsculo frasco com um líquido. Pensei que o meu pai se tinha esmerado mesmo desta vez pois aquilo parecia real. Contudo, lá bebi o antidoto e qual não é o meu espanto, que num abrir e fechar de olhos, tinha asas. Depois de me beliscar quarenta mil vezes, percebi que não estava a sonhar e que estava pronta para voar. Confesso que não me lembro de dizer ao meu pai que sonhava voar um dia, mas fico feliz que a nossa relação seja tão forte ao ponto de ele saber do que eu gosto sem eu lhe ter de dizer. Mas bem, continuando… Mal sai do buraco, dirigi-me até ao portão com o Carlos e abrirmos juntos o portão. Quando abrimos o portão deparamo-nos com uma sala revestida de tecido bege, laranja, magenta e roxo, estava linda. No meio da sala estava uma máquina de escrever numa mesa revestida de ouro, como se fosse mágica ou especial. Sentei-me na mesa onde estava a máquina de escrever e perguntei ao Carlos o que queria que eu escrevesse na máquina. Ele disse-me que queria que eu escrevesse “amor, saúde e dinheiro” e eu escrevi. Mal acabei de escrever, bateram ao portão e ele foi ver quem era. Qual não foi o espanto, quando ao abrir, se deparou com a mulher dos sonhos dele que trazia um cheque com dinheiro para ele. Acreditei por momentos que aquele amor à primeira vista era real, pois a forma como olhavam um para o outro era coisa do outro mundo. Claro que após aquilo, também eu tentei a minha sorte na máquina de escrever e desejei um vestido azul ás bolinhas pretas que tinha visto num filme à pouco tempo e um espelho daqueles antigos vintages. Quando eu abri os olhos, tinha estava vestida com o vestido azul ás bolinhas pretas e tinha o espelho ao lado da máquina de escrever. Fiquei mesmo feliz. Porém, não satisfeita, escrevi na máquina de escrever que queria o meu pulso bom porque estava cheia de dores. Aquele buraco era incrivelmente fundo e ter partido só o pulso foi sorte. Contudo, depois de tudo descobri que o desafio que o meu pai me deu foi não desistir. O mapa foi feito para sobreviventes, para me ensinar que se eu lutar pelo que quero, que posso alcançar tudo na vida. Porém, não quero ganhar tudo o que quero escrevendo numa máquina. Decidi dar a máquina ao Carlos, mas ele disse-me que já tinha o que queria e que não a queria. Achei então por bem, deixar a máquina onde estava para uns anos mais tarde poder fazer o mesmo desafio aos meus filhos para que eles possam perceber por eles próprios que desistis dos seus sonhos não é uma opção e que devem sempre lutar por o que querem. Os sonhos existem, todos temos. Pena é não lutarmos por eles.

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