A LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

 LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Autora: Letícia Souza

RESUMO

ZAMBONI, Silvio. A Pesquisa em Arte: um paralelo entre arte e ciência. 4. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

A obra supracitada, é fruto da pesquisa de Doutorado em artes do professor Silvio Perini Zamboni pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade São Paulo, afim de elucidar as questões que envolvem a pesquisa em artes. Neste documento, ele aborda uma série de circunstancias que teve de percorrer para ver reconhecida a importância da área da pesquisa em artes no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). Zamboni relata que na década de 1980, momento em que iniciou seu laboro na instituição, esta área não era oficializada, dificultando assim, seu reconhecimento enquanto parte importante para o conhecimento.

Como principais medidas adotadas, Zamboni entrou em contato com diversos pesquisadores de universidades afim de incrementar a demanda de recursos, como bolsas e cotas para as artes e com isso, abrir os olhos dos representantes da CNPq para que enxergassem a necessidade e o fomento na pesquisa em artes. Seus esforços valeram a pena, mas não facilmente. A CNPq até então, era um órgão visto, como provedor da “ciência” e para alguns de seus aliados, a arte não se encaixava neste contexto. Esse “preconceito” sobre as artes, quase degringolou os planos de Zamboni, mas o próprio presidente do Instituto bateu o martelo reconhecendo, finalmente, que a arte se tornasse efetiva dentro da instituição.

Mas nesse momento surgiu outro impasse, a arte não podia ser enquadrada da mesma forma que as demais áreas do conhecimento e para isso, se fez necessário elencar parâmetros básicos que regeriam tal atividade, porém, as discordâncias continuaram. O mesmo aconteceu em 1986, quando Zamboni participou da fundação da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP) vindo a se tornar Presidente do órgão. Não havia, naquele momento, condições adequadas que pudessem definir e conceituar a pesquisa em criação artística. Na tentativa de contornar este problema, foi decidido pela divisão da entidade em cinco áreas de

pesquisa que são história e teoria da arte, arte-educação, restauração, curadoria e linguagens visuais, mas mesmo assim, as dificuldades continuaram.

A intenção de Zamboni com este trabalho é elucidar o conceito da pesquisa em arte. Para o autor, a pesquisa em arte é qualquer pesquisa que se desenvolva nos campos das artes. Partindo desse entendimento, temos a noção de que a arte enquanto área do conhecimento, se apresenta como manifestação dos sentimentos e expressões humanas e dessa forma, pode se relacionar com os demais saberes. Mas para um melhor entendimento quanto a sua pesquisa, nesta obra, Zamboni, se refere à pesquisa em artes, por meio da visão do artista que se considera pesquisador e vai além de sua obra de arte como produto final. É importante, salientar que as demais pesquisas contam com métodos científicos relativos a outros campos e já qualificados para validarem seus resultados. A grande questão é, que a pesquisa em artes, não se enquadra nessa perspectiva.

No primeiro capítulo, Zamboni trata da “Arte e Ciência”. Basicamente, o autor ressalta que tanto a arte quanto a ciência são dois institutos fundamentais para o conhecimento, mas que divergem de acordo com as interpretações dadas, mas que também se assemelham quando se utilizam da racionalidade e dos métodos experenciais de suas atividades. Como exemplo da racionalidade, o autor se valeu das investigações de Descartes que pregava a razão atrelada a um método. Já Francis Bacon em contraste ao pensamento Cartesiano, foi o precursor do empirismo, o aprender através de experimentações. Apresenta a importância do funcionamento cerebral, que determina as ações mediante estímulos visuais e verbais. Nos traz os avanços dos campos da ciência e das artes e a necessidade de modificar o entendimento vigente. Por fim, a leitura deste capitulo, o autor evidencia demais pensadores que se debruçaram nos estudos quanto ao que seria um método valido de pesquisa cientifica, levando em consideração seu campo de conhecimento, é o caso de Isaac Newton, Richard Wilhelm,Thomas Kuhn, Lucrecia Ferrara e etc.