A REPRESENTAÇÃO DO CORPO FEMININO COMO OBJETO NA ARTE MODERNA: NAS OBRAS DE TARSILA DO AMARAL
Por: História História • 15/6/2020 • Projeto de pesquisa • 1.334 Palavras (6 Páginas) • 317 Visualizações
ESTUDANTE: Isabela Da Silva Carapina
TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO: A representação do corpo feminino como objeto na arte moderna: nas obras de Tarsila Do Amaral.
INTRODUÇÃO
O corpo feminino foi por muito tempo uma área pouco explorada e não problematizada, falar sobre o papel feminino dentro da história e do mundo é um grande desafio, pois o lugar feminino foi atribuído por uma sociedade que sempre favorecia os homens. A inferiorização do corpo feminino é inserida na sociedade através dos olhares masculinos, fazendo com que a condição subordinada da mulher seja irradiada e absorvida na sociedade. Não poderíamos deixar de comentar que boa parte de escritas oficiais de há menos de dois séculos, foi escrita por homens. Os homens que tinham acesso a ler e escrever, a educação feminina foi pensada a partir do ponto de vista masculino. Segundo Berecine Lamas (1997), a escolarização feminina remete aos papéis tradicionais, ou seja, para a maioria das mulheres, seu destino seria educar-se para profissões femininas como magistério, ou mesmo dedicar-se ao lar e casamento.
As concepções sobre o corpo feminino mudaram ao longo dos séculos, principalmente depois que a sociedade começa a explorar o corpo através de desejos, a mulher assume então um espaço social que acabou por determinar sua imagem, a concepção da função específica da imagem artística do corpo feminino mudou muito, em sucessão dos mais variados fatores históricos.
No decorrer da história da arte, encontra-se a tentativa de compreender como a imagem da mulher como objeto de apreciação do olhar masculino foi delineada através do tempo, a imagem da mulher nada mais é do que um conjunto de representações que a cultura e a arte lhe conduzem ao longo dos anos.
Uma das formas de libertação das mulheres foi pelas artes, a mulher autora da arte muda a história das mulheres, da arte e da cultura, quebrando as normas patriarcais de domínio do homem. John Berger, em seu livro - Modos de Ver (1999), nos traz uma reflexão interessante sobre a representação feminina quando realizada pelas mulheres. Para o autor, a representação social masculina difere da feminina na manifestação de poder que cada um dos dois emana. O poder pode ser de diversas ordens: moral, físico, econômico, sexual e etc., porém, é sempre ―exterior ao homem ‖ (BERGER, 1999, p. 49).
Nos séculos seguintes, encontramos maior afluência de obras feitas por mulheres, surgindo na última década do século XIX o movimento modernista consolidou a participação artística das mulheres, e de acordo com Grosenick (2005), gradualmente, entre os anos de 1910 e 1920, algumas artistas começaram a ter notoriedade e reconhecimento.
No Brasil o modernismo teve uma grande representante feminina: Tarsila Do Amaral. Tarsila criou uma série de formas e signos audaciosos, uma expressão artística ligada ao grotesco. O grotesco se caracteriza pela presença de elementos irreais, estranhos e fantásticos, constituído por aspectos inerentes à realidade. Há no grotesco uma conduta imprescindível atuado pelo estranho e pelo surpreendente, que caracterizam a estética em pauta. Como afirma Adolfo Sánchez Vázquez (1999, p.291),
[...] ás vezes se assemelha á sátira, mas seu distanciamento da ordem normal, cotidiana, e seus componentes de horror, estranheza e antinaturalidade, o aproximam mais do feio, do monstruoso, que exatamente do cômico. Enquanto o cômico desvaloriza não propriamente o real, mas sim uma aparência de realidade, o grotesco desvaloriza o real a partir de um mundo irreal, fantástico e estranho.
Em 1917, Tarsila ainda não se considerada modernista, então poderíamos definir essa fase como ‘surrealista’, no qual está presente aspectos relevantes do mundo natural. Essa fase surrealista é ligada a um uso da figura humana, onde está presente o termo ‘antinatural’, grotesca. Onde se caracteriza pela presença de elementos ligados ao mundo natural. O caminho de Tarsila no surrealismo é individualizado, temos como exemplos as telas A lua, O lago, Distância, entre outras. Tarsila tentou nos anos de 1920 associar a estética cubista com o seu próprio conhecimento das cores do interior, nesse sentido relevamos a importância da relação de Tarsila com Blaise Brancusi.
Desse modo, propomos aqui investigar como o modernismo brasileiro busca romper com a lógica de apropriação do corpo feminino, baseado no patriarcado, a partir de uma análise das obras de Tarsila do Amaral. Por meio do artifício do grostesco, temos como hipótese que Tarsila rompe com as representações definidas pelo patriarcado.
Definida hoje como uma das principais artistas femininas dos anos vinte, considero, então, Tarsila não somente uma transgressora nos conceitos e nas formas, mas ela soube através de suas obras, que não são somente surrealistas ou cubistas, mas que contém habitualmente o elemento grotesco. Estabelecido essa medida expressiva, se faz necessário procurar nas produções de Tarsila, as várias propriedades que ofereçam, então, uma perspectiva para a interpretação de suas obras.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
Compreender as representações sociais de mulheres na obra da modernista Tarsila Do Amaral.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Investigar as apropriações históricas das Artes sobre o corpo feminino.
- Perceber o peso do patriarcado no tratamento do corpo feminino.
- Observar como se dá essa apropriação na obra de Tarsila Do Amaral.
- Contribuir para a promoção de uma educação histórica, que inclua as contribuições das mulheres no mundo das artes.
MÉTODOS OU MATERIAIS E MÉTODOS OU PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A análise se voltará para a obra de arte como fonte histórica e utilizaremos o método de análise iconológica crítica, método desenvolvido por Warburg (2009), onde teve sua origem e desenvolvimento vinculados ao grupo de estudiosos do instituto fundado por Aby Warburg (2009), que procura uma clarificação dos conteúdos representativos das imagens, de um modo que a imagem constitui um campo do saber por si só, no qual condiz à investigação da “realidade exterior”. Carlos Ginzburg (2009) afirma que o método do autor se baseia na “utilização dos testemunhos figurativos (pinturas) como fontes históricas”. Método que procura a elucidação do tema, num discernimento mais profundo. Esta parte constitui uma interpretação do assunto através do mundo metafórico. Didi-Huberman (2013) apresenta o modo como Warburg interpretava as imagens: “A imagem não é um campo de um saber fechado. É um campo turbilhonante e centrífugo. Talvez nem sequer seja um ‘campo do saber’ como outros. É um movimento que requer todas as dimensões antropológicas do ser e do tempo” (DIDI-HURBERMAN, 2013, p. 21)
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