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A Revolução Digital E Seus Reflexos Na Linguagem Audiovisual

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Por:   •  30/11/2014  •  929 Palavras (4 Páginas)  •  299 Visualizações

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A revolução digital e seus reflexos na linguagem audiovisual

O estado das coisas

Propositalmente me refiro aqui a audiovisual e não a cinema. A convergência das mídias e suportes resultante do desenvolvimento acelerado da tecnologia digital, que faz com que possamos assistir nossos filmes prediletos num telefone celular, deverá num prazo ainda indeterminado, provocar mudanças notáveis na linguagem audiovisual. São muitas as questões que a convergência digital coloca: Padeiros fazendo filmes sobre panificação, com seus equipamentos portáteis e baratos, revelarão algo novo com relação à essa atividade? A indústria do videogame, tendo nos últimos anos faturado mais do que a produção hollywoodiana, poderá influenciar a forma e o conteúdo dos filmes norte-americanos daqui para a frente? Existirão espectadores dispostos a sair de casa para enfrentar uma fila e comer pipoca fria podendo assistir aos últimos lançamentos em alta definição e surround, saboreando uma taça do seu vinho predileto? Essas e tantas outras perguntas ainda sem respostas claras ou definitivas, vêm atazanando não só os tycoons da indústria, como os criadores, artistas e técnicos envolvidos na produção audiovisual. Hoje, o maior empecilho ao mundo dos sonhos da democratização do audiovisual não está tanto na produção, mas sim na distribuição e na exibição das obras. O funil permanece, e os canais que levam a obra ao espectador mudarão de suporte tecnológico mas permanecerão em mãos de grupos hegemônicos. A revolução capilar, com mini salas digitais e DVDs feitos domesticamente certamente não irá arranhar o mainstream da industria audiovisual mundial. Entretanto, novidades vêm acontecendo, como é o caso peculiar do “cinema de rua” nigeriano. Num país com meia dúzia de salas de cinema, foram lançados mais de mil títulos nos últimos quatro anos em VHS e DVD. Os de maior sucesso com tiragens de mais de 300 mil cópias! Tudo vendido informalmente nas ruas, e bem barato! A mesma surpresa de deixou atônitos os executivos da indústria fonográfica em todo o mundo, quando os ouvintes se voltaram para a internet para baixar as musicas que antes compravam nos CDs, está prestes a acontecer no audiovisual. A batalha contra a pirataria é dura, e os avanços dos ilegais ainda não foram contrarestados por medidas eficientes, tanto na área tecnológica quando na legal.

Produtores e consumidores

Talvez seja um exagero, mas já ouvi até de especialistas que no Brasil existem mais escritores do que leitores. No caso do audiovisual, certamente caminhamos na mesma direção. Já repararam que pelo mundo todo, quase não existem mais eventos sem registro fotográfico ou audiovisual? Existe sempre alguém com uma câmera (ou uma câmera remota...) para documentar (quase sempre por acaso), o avião que se choca contra o prédio, o tsunami que varre o litoral turístico, a bomba que explode em Bagdad.

As imagens e os sons - da mesma forma que as palavras grafadas, se constituem num discurso na medida em que são seqüenciadas com nexo numa linha de tempo. Assim, obedecem também a uma gramática, e estabelecem uma sintaxe. A pergunta é: já somos todos alfabetizados na linguagem corrente do audiovisual? A resposta é: Como consumidores, certamente sim. Como produtores, nem sempre (independendo de sermos amadores ou profissionais...). Como júri de seleção de festivais de vídeo, já vi centenas de exemplos de peças audiovisuais onde o encadeamento das imagens dizia o exatamente o contrário do que o realizador tinha em mente, ou simplesmente não diziam

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