A SONORIDADE NA ARTE
Por: WILLAMS DIAS FERREIRA • 24/6/2021 • Trabalho acadêmico • 2.386 Palavras (10 Páginas) • 140 Visualizações
A construção de uma boa sonoridade no trombone perpassa pelo domínio de muitos fundamentos, que muitas vezes são questões:
[...] básicas que a gente vai usar sempre: a parte de sonoridade, a parte de articulação simples, a parte dos glissandos que é para a regularidade sonora, a parte de flexibilidade que isso é uma coisa que sempre você acaba tendo que fazer em qualquer trabalho que você utilize, a parte do ligado natural, ligado artificial, o staccato duplo também [...] (AREIAS, 2019).
O básico da emissão do som consiste em “como o ar tem que passar pelos lábios, vibrar eles, como esse ar tem que sair do seu corpo e de uma forma que ele soe relaxado e faça os lábios vibrarem relaxadamente” (VIEIRA, 2019). Nessa perspectiva, Rodrigo Santos (2019) reforça que “tocar [trombone] é a vibração do lábio, ou seja, o ar passando pelo lábio, tudo depende do ar, [...], exercícios de coordenação entre fluxo de ar e o posicionamento do lábio” são muito importantes nesse processo. “Um bom som significa um bom manejo do ar”4 (BONILLA, 2019, tradução nossa), então, é necessário possuirmos “não só uma boa respiração, mas uma boa emissão também, [...] quanto melhor a gente emitir o ar no instrumento, melhor será o nosso som” (PAIXÃO, 2019).
[...] o fluxo de ar é muito mais importante do que a quantidade de ar que [...] coloca para dentro, [...] colocar [o ar] para dentro é algo muito natural [...], agora controlar esse fluxo é algo muito mais complexo, [...] tem que ter realmente um domínio, se não corre risco de ter um fluxo descontrolado e aí todo esse ar não vai servir para nada se não tiver qualidade (FREITAS, C., 2019).
XXX Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – Manaus – 2020
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Possuir uma boa inspiração auxilia de maneira bastante significativa na emissão do ar. Uma boa respiração é reflexo de uma boa inspiração. Nessa conjuntura, é pertinente que ao realizarmos qualquer tipo de atividade respiratória focada na prática de tocar trombone, estejamos “sempre buscando com que [ao inspirarmos] o ar entre relaxado e [ao expirarmos] saia relaxado [...], porque se o ar entra tenso, sai tenso, se entra relaxado, sai relaxado”5 (BONILLA, 2019, tradução nossa). “É muito importante ficar sempre pensando no jeito que o ar percorre na nossa música, sempre pegar o ar em um fluxo relaxado” (FENOGLIO, 2019), temos “que soprar e saber soprar e, também saber dosar tudo, o ar e tudo”6 (FONTANA, 2019, tradução nossa), para depois “organizar tudo em função desse ar, mas esse conceito [...] é muito importante, a gente estuda de uma maneira que vai colocar em prática tudo que for tocar sempre pensando no ar” (FENOGLIO, 2019). Entretanto, para termos essa percepção, antes de mais nada, “a gente precisa conhecer bem o nosso corpo, perceber como funciona todo o nosso sistema respiratório, para poder extrair o melhor possível [...], com o mínimo esforço possível” (PAIXÃO, 2019).
[...] fui estudar anatomia do sistema respiratório e aí eu tirei vários tabus, [...] realmente me dei conta que o sistema funciona de um jeito só para todo mundo, salvo algumas exceções, então eu entendi que para cada engrenagem, vamos dizer assim, você tem que fazer um trabalho específico, para o ar é um trabalho específico, para a articulação tem um trabalho específico, para extensão tem um trabalho específico, e por aí vai (FREITAS, C., 2019).
Antes de apresentarmos as diversas formas utilizadas pelos entrevistados para praticarem suas atividades respiratórias, faz-se necessário destacarmos a partir de Marcos Flávio Freitas (2019), que existem “centenas de exercícios de respiração que você pode fazer e que vão trazer o mesmo benefício, [...], só que às vezes são trabalhados de uma forma um pouco diferente, mas todos estão buscando a mesma coisa”, o mesmo entrevistado também comenta que apesar de estar habituado a praticar esses exercícios uma vez por semana, ainda assim sente falta deles. Em suas palavras:
A questão dos exercícios de respiração eu faço religiosamente uma vez por semana. Também não faço todos os dias, mas eu sinto falta, [...], eu costumo fazer uma vez por semana, às vezes com algum aluno aí eu aproveito e faço, não necessariamente o primeiro dia da semana, mas eu sempre faço uma vez por semana (FREITAS, M., 2019).
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Para Marcos Botelho (2019), os cuidados com a respiração e com os músculos que compõem a embocadura, integram atividades de estruturação do corpo, que merecem atenção redobrada por parte do trombonista. O mesmo ressalta que:
[...] a parte de estruturação do corpo é a gente cuidar da respiração e dos músculos que envolvem a embocadura. [...]. Eu particularmente hoje em dia não faço mais exercícios respiratórios, mas aos meus alunos eu costumo falar com eles, principalmente quando eles estão começando a fazer uma série de exercícios respiratórios, que essa preparação nada mais e nada menos é do que você se acostumar a uma respiração um pouco diferente para sobreviver. Né, o Philips Farkas fala no livro dele que a gente foi criado por Deus não pra tocar instrumentos de metais, a gente está indo contra a natureza, a gente adaptar o corpo a isso. Na verdade é só a gente reaprender a respirar [...]. (BOTELHO, 2019).
Os exercícios de fluxo de ar são trabalhados por Carlos Freitas (2019) diretamente no instrumento por intermédio de exercícios de glissando, nos quais ele sempre busca “usar o instrumento inteiro para poder ter conhecimento do instrumento como um todo” (idem), uma vez que em termos de dimensão, a gente toca vários instrumentos diferentes. Em suas palavras:
[...] eu adoro fazer exercícios de glissando, por exemplo, para trabalhar fluxo de ar. [...] então eu trabalho o glissando como uma forma de expressão de ar livre, o tempo todo relaxado, [...] já trabalho a região da quarta, quinta e sexta posição, para trabalhar um pouco essa coisa da extensão do instrumento, para ter essa noção de que a gente toca vários instrumentos ao mesmo tempo. Então da primeira para a quarta posição você tem um tamanho do instrumento, da quarta para sétima você tem outro tamanho do instrumento. [...] logo você não vai poder usar o mesmo ar da primeira para quarta, da quarta para a sétima, porque o tamanho do instrumento muda (FREITAS, C., 2019).
Jackes Douglas Angelo (2019) enfatiza, que, com exercícios de glissandos também “dá para conferir se realmente o fluxo de ar ele está acontecendo”
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