A glória - Alphonse de Lamartine
Por: Leonardo Martins • 17/11/2016 • Abstract • 374 Palavras (2 Páginas) • 184 Visualizações
XV
A glória
À um exilado poeta
Gentis meninas queridas pela memória,
Dois caminhos diferentes à percorrer,
Um conduz à felicidade, o outro à glória,
Um deles deverá o mortal escolher !
Mas, Manuel, de glória e desdita
Será sua vida, versos e prantos...
Quando a musa revela seus encantos
Aprende que a beleza não se evita....
Se esse grande dever ainda te aterra
E pela árida vida humana ainda suspira,
Pense que eles ficarão apenas com a terra
Mas que os deuses lhe deixaram a lira.
Os séculos te pertencem, o mundo é ser lar.
E quando o teu gênio estiver pronto não mais
Se cobrirá de sombras o teu merecido altar,
Mas será iluminado de honras imortais.
Como uma altiva águia entre o trovão,
Ensaiando sua fuga enquanto rasga o véu
Das nuvens, talvez dizendo ao mundo vão :
"Nasce aí mais hoje eu tenho o céu !"
Sim, em seu templo já te aguarda
A Glória mas para entrar é preciso
Que os negros agouros desse guarda
Sentado na entrada ignore o aviso !
Relembrando como foram ingratos para um certo
Gênio os mares jônios, oferecendo por suas rimas
Um pedaço de pão - que era cada dia mais incerto -
Vindo desses mares certamente salgado de lágrimas.
Como Tasso, onde o fogo do gênio glória
E amor no futuro prometiam, porém ele mal
Pode amar ou ouvir as ovações da vitória,
Quando foi usurpado por um destino fatal.
Mesmo que encontre um céu nos corações piedosos,
Para onde quer que vá será o infeliz, o proscrito,
A vítima, lutando contra as medidas dos maldosos
Homens ou talvez contra um destino já escrito !
Mas devem cessar um pouco as queixas da lira
Quando nos corações serenos encontras fortaleza.
Nessa hora sua desgraça um certo orgulho te inspira
Pois nela, destronado rei, tens a tua nobreza.
E pensa
...