ANÁLISE DA ESCULTURA TANTRA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO

ANÁLISE DA ESCULTURA TANTRA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO

Introdução

O tantrismo surge na Índia, entre os séculos IV e V d.C, como uma filosofia de vida, ou seja, uma corrente de pensamentos que considera o universo como centro de tudo. Um dos traços mais característicos do tantrismo é a vivência do espiritual por meio do corpo.

A cultura indiana tem uma característica importante, diferindo-a de muitas outras, que é a integração do corpo e do espírito. Ambos têm a mesma importância e são trabalhados conjuntamente. Isso fica bem evidente nas esculturas dos templos de Khajuharo,pois a sensualidade e a beleza se destacam sem o apelo ocidental do erotismo.

Na arte tantra, deve-se observar e entender todo o contexto histórico de um povo que possui crenças distintas.

A forma de representação dessa filosofia dá-se através de várias manifestações; arquitetura, escultura, pintura, dança, escritos, formas de meditação, música entre outras. As características específicas do tantrismo são estranhas aos olhos ocidentais, fazendo com que sua compreensão seja distorcida.

O erotismo ocidental é diferente do erotismo hindu, e isso se torna claro nas esculturas com temas de relações físicas e íntimas entre pessoas.

A falta de conhecimento sobre a cultura indiana faz com que o espectador pré julgue e determine conceitos não verdadeiros, como exemplo; as representações marcantes de sexo explícito nas esculturas que, analisadas fora de contexto, poderão ser interpretadas como estímulos sensoriais.

O trabalho tem como objetivo analisar as formas, técnicas e simbolismos eróticos apresentados nas esculturas hindus. Essa análise será feita por meio de leituras, e imagens sobre esculturas “eróticas” nos templos de Khajuharo ( India).

A pesquisa será feita por meio de livros, sites e imagems.

O trabalho terá como referência os autores, Marília Albanese: Índia Antiga, em “Grandes Civilizações”, e Bhagwan Shree Rajneesh : O livro dos Segredos.

Devido ao grande preconceito que os ocidentais têm em relação às esculturas eróticas da Índia, pretende-se levar ao entendimento de que uma obra de arte independente de seu aspecto visual, ela está sempre atrelada a um contexto histórico, ou seja, há sempre uma cultura ligada à representação.

Breve história da arte na Índia

Índia é um país extremamente artístico, a arte para o indiano esta quase sempre ligada a espiritualidade, utilizam a arte; dança, música, teatro, escultura e pintura como meio de chegar próximo dos deuses e da salvação muitas vezes em forma de rituais.

Várias expressões dos indianos causam estranheza para os ocidentais, ou seja, são muitos símbolos, muitos rituais, enfim muitas curiosidades existentes nessa cultura que nos causam estranheza, a maioria delas esta ligada ao hinduísmo, uma das religiões com mais seguidores na Índia, seguido pelo Islamismo e o Budismo. O hinduísmo é tão antigo quanto á civilização da Índia, tanto que a palavra "hindu"é utilizada de forma errada para dizer - indiano, e toda a simbologia é vista pelos outros países como se representasse a própria Índia.

A arte indiana sempre vai além do que está representado, buscando sempre atingir os olhos do espírito e para os ocidentais que são desprovidos desse olhar, fazer um juízo válido sobre uma obra de arte indiana e sua significação profunda é quase impossivel, e a compreensão só pode ser adquirida por meio de estudos.

Segundo o mito indiano a arte do espetáculo, ou seja, do teatro e a dança teriam sido inventados por Bhama, senhor da origem do mundo, como forma de entretenimento intuitivo. A música também fazia parte deste espetáculo ambos como já foi dito tinham origem sobrenatural.

A música indiana tinha três aspectos considerados fundamentais, a tala (pulsão e execução), o raga (melodia), a rasa (essência da fruição musical),

A escultura indiana representa aspectos do divino, energias superiores possuem uma beleza celestial que lembram o ser humano porém o que querem transmitir é sabedoria e a imagem da união com deuses.

A pintura indiana desenvolve-se em afrescos, tecidos e manuscritos e assim como as outras manifestações artísticas possuíam em seus temas motivos religiosos ou elementos da natureza. As cores costumam ser brilhantes e intensas é considerada como uma das artes mais populares e figurativas da Índia.

Tantra

Tantra é uma filosofia indiana, desenvolvida pelos drávidas, povo que viveu no noroeste da Índia há mais de cinco mil anos que promove o autoconhecimento e a evolução interior a partir da sensibilidade e percepção da alma humana, utilizando como instrumentos as artes, a criatividade e o prazer. É o conhecer a partir da comunhão com o outro, com a arte, com a natureza, com a vida.

O tantrismo inclui experiências através da integração do físico, do emocional, do mental, do psíquico e do espiritual, realiza e vive o orgasmo espiritual. A prática da meditação é uma etapa fundamental desta filosofia. Essa filosofia reconhece a mulher como um ser divino, é a ela que compete a função da reprodução, ou seja, ela é a única criatura capaz de dar vida a outro ser humano.

Para seus seguidores o prazer sexual é um caminho para o desenvolvimento interior, pessoal e coletivo. Existe nele ética, respeito, valorização de si mesmo e do outro. O “contato sexual” é um momento divino, um encontro capaz de proporcionar, um ao outro, o pleno prazer, acompanhado do mais profundo estado de graça, leveza plenitude, e total integração com o próximo.

Na filosofia tantra, a mulher não é “possuída”, e sim reverenciada. À mulher tantrica é dada o direito de iniciativa e expressividade de seus sentimentos, desejos, pensamentos, emoções e sua sensualidade.

É necessário sutileza e sensibilidade para perceber e compreender a arte tantra, sua sensualidade e seu erotismo tão aparente nas esculturas indianas.

Nós, ocidentais, temos uma visão do sexo bem moralista e preconceituosa. Os orientais vêm nos mostrar outra idéia, deixamos de perceber a relação de posse um do outro para perceber a relação de doação, quando deixamos de pensar somente no prazer individual e passamos a contemplar o outro, tanto o homem, quanto a mulher que é vista como um ser especial, elevado e divino.

Para os seguidores do tantrismo a relação sexual é como um ritual, uma celebração pela união de dois seres especiais,