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Artes visuais e suportes tradicionais

Por:   •  18/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.470 Palavras (10 Páginas)  •  280 Visualizações

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GRUPO GUTAI, PINTURA DE AÇÃO, PERFORMANCE: AS ARTES VISUAIS ULTRAPASSAM OS SUPORTES TRADICIONAIS.

GUTAI GROUP, ACTION PAINTING, PERFORMANCE: VISUAL ARTS SURPASS TRADITIONAL SUPPORTS.

Thais Arruda dos Santos / UFPE.

RESUMO

O artigo desenvolve um percurso por práticas artísticas que modificaram a forma de observar, se relacionar e sentir a arte no século XX. As experimentações realizadas pelos artistas das vanguardas históricas, atravessa e questiona suportes tradicionais. A inquietação e a criatividade do grupo Gutai como força inovadora, a influência da pintura de ação e a autonomia e necessidade do corpo na performance.

PALAVRAS-CHAVE

Gutai; Pintura; Ação; Arte-corpo.

ABSTRACT

The article develops a path through artistic practices that modified the way of observing, relating and feeling art in the 20th century. The experiments carried out by artists of the historical avant-gardes, cross and question traditional supports. The restlessness and creativity of the Gutai group as an innovative force, the influence of action painting and the autonomy and need of the body in performance.

KEYWORDS

Gutai; Painting; Action; Body-art.

Grupo Gutai

Formas geométricas, manchas orgânicas, gotas de tinta sobre a tela demonstravam intervenções artísticas ao longo da década de 1950. Em Ashiya no Japão, no ano de 1954, Shozo Shimamoto e Jiro Yoshihara fundava o grupo Gutai, um dos coletivos de vanguarda que foi reconhecido mundialmente pela sua força inovadora. O grupo era formado por jovens artistas, que questionavam a própria arte, seus suportes e técnicas. O momento era de ressaca pós-guerra no Japão, e a arte se fez eco nas rupturas e descobrimentos que iam surgindo no mundo. A intenção de materializar o novo e de quebrar tabus, foi uma das motivações para a busca da liberdade de

expressão do grupo, que também sentiam a necessidade de modernizar a arte japonesa com vitalidade e brincadeiras.

O fundador do grupo, Jiro Yoshihara chamou de “o grito da própria matéria” a movimentação do grupo, era perceptível a vontade de explorar outros campos de atuação, o coletivo se relacionava com outras linguagens, misturando a música com iluminação, cinema, teatro, pintura com o corpo e o movimento. O termo gutai pode ser traduzido como “concreto”, “solidez” ou “materialização”. Um dos primeiros experimentos do grupo foi a exposição ao ar livre realizada em julho de 1956. Esse movimento de sair do museu ou da galeria, abandonando conceitos tradicionais e a invenção de exposição fechada, instigou a perceber outros espaços e visualizar o vasto mundo como um lugar possível e de terreno fértil para a imaginação, foi um fator importante para despertar o espírito pioneiro dos artistas.

Uma peça que chamou muito atenção dos visitantes e dos fotógrafos nesta exposição, foi o trabalho de Murakami, que fez um grande barulho. Ele posicionou oito camadas de tela de papel uma ao lado da outra e atravessou com seu corpo rasgando-a. Após a ação ele murmurou “Eu sou um novo homem agora” após encontrar seu corpo em outro espaço.

[pic 1]

Figura 01 - Saburo Murakami, Tsuka “Passageml”, exposição de Arte Gutai, 1956. Fonte: Museu e Biblioteca da Universidade de Arte Cortesia Musashino e Editora Biblioteca Tóquio.

[pic 2]

Figura 02 - Akira Kanayama Ashiato “Pegadas”, exposição de Arte Gutai, 1956. Associação da arte de Gutai. Fonte: Museu de Cortesia da Universidade de Osaka.

A realização dessa exposição, mostra uma satisfação pessoal dos membros da Gutai, todas as propostas do espaço, estavam incorporadas na vida concreta, quebrando barreiras e unindo arte e vida. Devido a chuva nos primeiros dia da

exposição e a distância do centro da cidade, não houve tantos visitantes. Os críticos reconheceram o trabalho do grupo como pertencendo a uma categoria diferente de todas as exposições de “arte moderna” que Tóquio tinha vivenciado e elogiaram a originalidade. O coletivo, tratava a criação da ideia como parte essencial do processo, reconhecendo todas as etapas do desenvolvimento artístico, valorizando além do resultado final, relação que reverbera nos dias atuais com a arte contemporânea, onde a obra já não é o objetivo em si, pois se funde com o processo criativo.

Em 1956, a artista Atsuko Tanaka do grupo, realizou “Vestido elétrico”, intervenção na qual usava um quimono tecnológico que gerava uma conexão entre eletrificação e os sistemas fisiológicos do corpo humano. Tanaka trabalhou com camadas para demonstrar a fiação, e representou um tecido refletindo o sistema nervoso e vascular. Elementos como cordas, lâmpadas coloridas e fluorescentes caíam sobre seu corpo, as luzes criaram pinturas com os gestos e os movimentos, assumindo uma interação com o corpo e o espaço.

[pic 3]

Figura 03 - Atsuko Tanaka “Vestido Elétrico” 1956. Lâmpadas, cabos elétricos, Fonte: Museu de Arte da Cidade Takamatsu.

O olhar para o corpo físico como instrumento de arte e a maneira de dar vida aos materiais, é uma característica marcante do grupo, desde a dança com os pé (criando telas) ou das pinturas feitas por robôs telecomandados, gerando uma interação que afirma o caráter multidisciplinar do grupo, que influencia posteriormente alguns artistas ocidentais e movimentos como Fluxus. Outras formas de produção artística que iam além da pintura na tela, da escultura em mármore/bronze e gravura, nesse momento, artistas como Jackson Pollock também produzia de forma diferenciada, vivenciando a “action painting”.

A ação na pintura

Em 1952, o crítico de arte Harold Rosenberg escreve sobre uma pintura do gesto, da ação. A action painting (pintura de ação), é onde o gesto-movimento do corpo criam o produto. Faz parte do Expressionismo abstrato, e é um estilo que teve suas primeiras experimentações nos anos 40 no século XX em Nova Iorque, associada às pesquisas/processos dos surrealistas, se relaciona com a pintura automática, e questões que levam ao inconsciente. Essa técnica trouxe outras possibilidades artísticas, e novas formas de análises estéticas, levando em conta o processo de execução. Rosenberg reflete sobre uma nova forma de pintura da sua época, acompanhando de perto a produção de artistas como De Kooning e Jackson Pollock, ele ressalta a característica única da produção artística desses artistas, onde o ato de pintar e a pintura se torna uma única ação. Diz Rosenberg:

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