CENTRO DE ARTES BACHARELADO EM ARTES PLÁSTICAS
Por: Alexandra Herkenhoff • 31/10/2018 • Trabalho acadêmico • 4.707 Palavras (19 Páginas) • 238 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE ARTES
BACHARELADO EM ARTES PLÁSTICAS
DESENHO I – TURMA 01 – DAV05085
PROFESSOR DIEGO RAYCK
MARIE ORENSANZ
Branco: luz, vazio, papel
Alexandra Romanelli Herkenhoff Coelho
Vitória/ES
2018/1
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DO CONTEXTO DA ARTISTA 2
1.1 INÍCIO DA CARREIRA ARTISTICA 3
1.2 UMA ARTISTA NÔMADE 5
1.3 DESTAQUES 14
2 ANÁLISE DA OBRA 15
3 REFERÊNCIAS 20
1 APRESENTAÇÃO DO CONTEXTO DA ARTISTA
Marie Orensanz é uma consagrada artista contemporânea argentina, nascida em Mar del Plata em 1936. A artista é conhecida por sua arte conceitual e minimalista, representada em diferentes suportes como acrílico (onde desenha com fita adesiva preta), madeira, mármore, papelão e papel, fotografia e vídeo. (RUTH BENZACAR GALERIA DE ARTE) De modo geral, a artista varia no suporte de suas obras, mas sempre apresenta uma linha de pensamento em seu conjunto. Orensanz afirma que o suporte é a liberdade do artista, que pode escolher diferentes tipos de materiais para expressar uma linha de ideias. (AUDRAS, 2011) Ainda de acordo com a artista, seu trabalho não é delimitado pelas linhas e, sua mensagem, não pertence a ela, sendo apenas um conjunto de pensamentos que comunica por meio da arte. (MARIE ORENSANZ, 2014)
O trabalho de Orensanz é desenvolvido com forte ênfase e presença de palavras e símbolos (matemáticos e físicos) em seu sentido formal, gramatical e conceitual. As palavras, que aparecem inteiras ou fragmentadas, formando frases ou fragmentos de frases, são uma externalização de seus pensamentos e preocupações sociais, declarações imperativas que buscam acionar o expectador. Cristina M. Harrison escreve
Orensanz utiliza materiais e fragmentos simbólicos – de mármore, de linha, de símbolos – para representar pensamentos (...) uma interpretação de sua obra, de acordo com a concepção da artista, depende da intersecção dos fragmentos com os pensamentos e experiências do expectador.[1] (MARIE ORENSANZ)
O trabalho com os símbolos, entretanto, não torna sua obra indecifrável. Pelo contrário, a artista os utiliza para que o expectador possa decifrá-los, utilizando a cabeça e o coração; a emoção e a razão. (CULTURA UNSAM, 2017) Na visão de Orensanz, o expectador é um ser pensante, e pensar é um trabalho diário. A inserção de palavras, símbolos e fragmentos destes significam algo, tanto para a artista, quanto para o expectador. Sua obra é para todos e para que todos possam entender e construir novos pensamentos por meio delas. (MECHA MECHA, 2016)
O artista, de modo geral, segundo Orensanz, é receptor e transmissor de ideias, imagens e pensamentos. Ela afirma que artistas recebem influências do meio, processam-nas e depois passam a informação adiante, por meio das obras. (CULTURA UNSAM, 2017) O outro é muito importante para ela. Sem o movimento intelectual, emotivo e de reflexão causado no expectador, sua obra não existe realmente. Ela diz: “eu quero que o expectador participe da execução do meu trabalho, porque a obra não é só minha, pertence a eles também”[2]. (MECHA MECHA, 2016)
Marie Orensanz apresentou seus trabalhos em inúmeras exposições individuais e/ou coletivas na Europa, América Latina e Estados Unidos. Desde os anos 1980, a artista executou diversos trabalhos em locais públicos, como instalações no Parque de la Memoria e a Universidade de San Martín em Buenos Aires e o Liceu Blanc-Mesnil e Museu Nacional de Ciências em Paris. Obras da artista fazem parte da coleção de renomados museus, fundações e galerias, além de compor coleções particulares. Uma análise detalhada de uma amostra da obra de Marie Orensanz, especificamente suas esculturas em mármore, é apresentada no Capítulo 2 deste trabalho.
1.1 INÍCIO DA CARREIRA ARTISTICA
No início da década de 1950, Marie Orensanz era estudante de Direito em Buenos Aires, caminho que escolheu por acreditar que havia algo a ser feito por meio da justiça. (AUDRAS, 2011). Neste período, viajou com a família para a Europa e visitou diversos museus e igrejas em países como França, Inglaterra, Suíça, Itália e Espanha. De acordo com Orensanz, nesta viagem inicia-se sua carreira artística, uma vez que percebe que “a comunicação passa pela imagem, pelas pinturas formidáveis que vi, e por todos os artistas e esculturas”. (AUDRAS, 2011, 1m08) Ao retornar a Buenos Aires, decide se dedicar à carreira artística e inicia seus estudos no atelier de um dos pintores precursores do modernismo argentino, Emilio Pettoruti[3], entre 1954 e 1959. Com Pettoruti, a artista aprende técnicas de desenho e pintura e, também, como estruturar a obra e a utilizar o espaço. (MARIE ORENSANZ) Ao finalizar os estudos, a artista percebe que sua produção artística baseia-se na reprodução de “pequenos pettorutitos” e, portanto, decide buscar novas alternativas para seu crescimento como artista. Abre então seu primeiro atelier na capital argentina, porém sem uma proposta de trabalho claramente definida. (AUDRAS, 2011) No início da década de 1960 conhece Antonio Seguí[4], destacado representante da pintura neofigurativa argentina (PACHECO & MEZZA, 2011) e com ele estuda entre 1961 e 1962. Orensanz afirma que, com Seguí, aprendeu a “se liberar” (MALEMALETA, 2007). Ela afirma que
com os mestres você só pode aprender isso, as técnicas; a liberdade do fazer, temos que encontrar em nós mesmos. Sozinhos encontramos o nosso caminho. (AUDRAS, 2011, 2m17)
Com esta descoberta, a artista encerra seus estudos no atelier de Seguí e inicia a exposição de suas obras na Argentina, a partir de 1963. Em 1968, participa da mostra coletiva a “Nuevas técnicas, nuevos materiales”, no Museu Nacional de Belas Artes e, em 1971, integra a exposição “Arte de Sistema”, no Museu Moderno de Buenos Aires, considerada a maior exibição internacional de arte conceitual realizada no país. (MARIE ORENSANZ) As Figuras 1 e 2 apresentam alguns dos seus trabalhos iniciais.
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