Capoeira como cultura popular
Por: Gabriel Palmeira • 28/4/2016 • Trabalho acadêmico • 1.308 Palavras (6 Páginas) • 367 Visualizações
A Roda de Capoeira Angola: Cultura Popular de Resistência
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
RESUMO:A história da capoeira, a distinção entre a capoeira angola e regional e a identificação da capoeira angola enquanto cultura popular.
PALAVRAS-CHAVE: capoeira, angola, roda, cultura.
1. Introdução
O trabalho se concentra em caracterizar e identificar a Roda de Capoeira Angola como cultura popular. Para isso, é introduzida a origem da capoeira, sua divisão contemporânea e características de sua cultura com o enfoque na Capoeira Angola.
2. A origem da capoeira
A origem da capoeira ainda não é comprovada mas para alguns pesquisadores, ela se origina dos povos pastores do sul da atual Angola que tinham a tradição de comemorar a iniciação dos jovens à vida adulta com uma cerimônia chamada n'golo. Em parte da cerimônia,os jovens lutavam,enquanto atabaquesZeramZtocados, ganhava aquele que encostasse o pé na cabeça do adversário. O vencedor tinha o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens que estavam sendo iniciadas à vida adulta.
Com a chegada dos invasores portugueses, a escravização dos povos africanos e o tráfico negreiro, uma parte da população desses povos africanos vieram para o Brasil.Com a repressão à parte da cultura nativa dos escravos e às formas de resistência, a luta da n'golo teve que se passar por dança, o que criou a "ginga", movimento-base característico da capoeira que se assemelha muito a um passo de dança.
O termo capoeira é citado pela primeira vez em 1712, por Bluteau, com o título “Vocabulário Português e Latino”. A palavra, de origem Tupi, significava "mata que foi" e se referia aos trechos de mata que eram queimados ou cortados para abrir terreno para plantações dos índios, terrenos com vegetação rala e baixa. Eram nesses locais em que a luta-dança africana era praticada e também a origem de seu nome brasileiro: Capoeira.
Mais tarde, a capoeira foi utilizada como arte marcial militar pelos quilombolas, soldados portugueses, que lutaram nas batalhas contra o Quilombo dos Palmares, relataram ser necessário mais de um militar português para capturar um quilombola, porque se defendiam com estranha técnica de ginga e luta.
Após o fim da escravidão e com a marginalização do povo negro, a capoeira e a cultura afro-brasileira começaram a ser estigmatizadas socialmente e em 1890 a República Brasileira proíbe diversas manifestações culturais e religiosas, entre elas a capoeira.
Em 1930 a capoeira é legalizada, surge o contexto de criação de academias de capoeira e, consequentemente, uma divisão em tipos de capoeira, que existe até hoje: a Capoeira chamada Regional e a Capoeira Angola.
3. A Regional e a Angola
Uma das exigências da legalização da capoeira por parte do Estado era de que a prática deveria ocorrer apenas em recintos fechados.aA partir Zdisto, ZZcapoeristas começaram a dar aulas de capoeira em academias próprias. Dois professores do Estado da Bahia, Mestre Pastinha e Mestre Bimba, criaram então, as chamadas Capoeira Angola e a Capoeira Regional, respectivamente.
Mestre Pastinha é reconhecido como principal divulgador da Capoeira Angola e que colocou alguns preceitos na prática da capoeira, que diferencia-se da outra: na Capoeira Angola, os praticantes utilizam calçados e usam roupas comuns e não há hierarquia reconhecida entre seus praticantes. O mestre é considerado pela comunidade ou grupo que reconhece-o e pressupõe respeito e não autoridade. Alguns movimentos da Capoeira Angola se diferenciam também dos movimentos corporais da Capoeira Regional, bem como a velocidade que se joga: a Capoeira Angola é mais lenta e exige muito mais força e equilíbrio de quem a pratica. A Angola também era envolta de religiosidade e misticismo e Mestre Pastinha, que passou a chamar a prática da capoeira como Capoeira Angola, dava enfoque às tradições dos negros.
A Capoeira Regional de Mestre Bimba, utiliza um sistema de graduação e hierarquia para os praticantes , que podem praticá-la descalços. Este sistema de gradação é dividido por cordões com cores e especificações diferentes. Seu jogo compreende mais velocidade e movimentos, os golpes são mais agressivos. A Regional era secularizada e Mestre Bimba também criou uma didática para o ensino da luta.
4. A Tradicional Capoeira de Angola
A Capoeira Angola é a forma mais tradicional da capoeira, uma manifestação decisiva no processo de resistência negra, principalmente nos séculos de escravidão. Na Capoeira Angola existem concepções que associam a prática à uma visão de mundo, que “não dissocia a matéria do espírito”, segundo Mestre Pastinha. Essas concepções, estão no sentido de ensinamento e aprendizagem, que trazem a possibilidade de discutir as relações de ancestralidade afrobrasileiras para os indivíduos que praticam a Capoeira Angola.
A Angola é o estilo mais próximo de como os escravos lutavam ou jogavam a capoeira. Caracterizada por ser estratégica, com movimentos furtivos executados perto do solo ou em pé dependendo da situação a enfrentar, ela enfatiza as tradições da malícia, da malandragem e da imprevisibilidade da capoeira original. Alguns praticantes afirmam que seu domínio é muito complicado, envolvendo não só a parte mecânica do jogo mas também características como sutileza, o subterfúgio, a dissimulação, a teatralização, a mandinga ou mesmo a brincadeira para superar o oponente.
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