Fichamento desenho
Por: Marcos Paulo Gama • 24/4/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 1.669 Palavras (7 Páginas) • 358 Visualizações
COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 2013.
Marcos Paulo Gama Silva
”Os discursos sobre as artes parecem, com frequência, ter a nostalgia de vigor cientifico, a vontade de atingir uma objetividade de análise que lhes garanta as conclusões. ” (p. 26)
“São os ‘olhadores’ que fazem um quadro.” (p. 70)
“No passado, e ainda hoje, os objetos artísticos possuíram funções sociais e econômicas que permitiriam sua constituição e seu desenvolvimento; antes se ser arte, o crucifixo foi objeto de culto, o filme um espetáculo a ser consumido.” (p. 92)
“Se há degradação social no contexto urbano onde o edifício foi construído, não é a celebridade do arquiteto que o salvará.” (p. 103)
Embora não haja uma definição precisa dos questionamentos acerca dos componentes específicos que determinam arte, é comum a identificação de obras de artistas de renome, isto, devido a aspiração cultural adquirida no convívio em sociedade. Porém, abdicar do conhecimento superficial, requer maiores critérios de observação, rotineiras atribuições desempenhadas por historiadores e outros profissionais que se dedicam ao estudo do estatuto de atribuição de arte a um objeto.
Tais atribuições determinantes a arte, possuem critérios imprecisos. Diferentemente da fabricação de um artigo de uso pessoal ou coletivo, de onde são selecionados materiais específicos, afim de proporcionar durabilidade, conforto e beleza. O crítico de arte dispõe apenas do discernimento baseado em seu gosto individual. A concessão do termo arte a um arte a um objeto está relacionada a uma democracia, contando com a participação de vários críticos, afim de obter resultados em pluralidade.
O estudo da arte em conjunto a crítica, não se contentavam com os próprios julgamentos, surgindo a necessidade de se criar novos critérios de observação, visando a objetividade e um vigor cientifico. O principal enforque dessa busca se concentrava basicamente nas classificações estilísticas. O intuito a partir de um senso comum, foi recriar categorias de grupos de artistas da época. O que posteriormente tornou-se superficial, pois o novo modelo de análise não se preocupava com a essência do autor e o que a criação representava perante a sociedade.
”Os discursos sobre as artes parecem, com frequência, ter a nostalgia de vigor cientifico, a vontade de atingir uma objetividade de análise que lhes garanta as conclusões. ” (p. 26)
Em contrapartida, alguns historiadores em determinados períodos históricos, dedicaram-se ao estudo de obras artísticas em uma ótica voltada para a análise e as classificações, excluindo a crítica. Heinrich Wolfflin (1864-1945), Eugenio D’Ors (1881-1954) e Henri Facillon (1881-1943) são exemplos.
Wolfflin utilizava a oposição de períodos de movimentos artístico em seu campo de pesquisa, para que se pudesse elencar peculiaridades na criação de obras. Segundo ele, o renascentismo, tomando como referência a pintura “a sagrada família” de Michelangelo Buonarroti, possuía uma forma linear no desenho, com enfoque aos contornos e a vários planos que compunha a imagem, permitindo uma visualização de proximidade e clareza. Diferentemente da obra de Peter Paul Rubens também intitulada “a sagrada família”, do período Barroco. Sua composição é pictural, com um acentuado de claro e escuto, e se opondo aos planos encontrados na arte Renascentista, o Barroco utiliza a ideia de profundidade na criação, deixando em destaque a carga dramática da imagem.
Com aspirações das classificações zoológicas e botânicas, Eugenio D’Ors, defendia a “categorização” do barroco universal. Consistia na classificação do Barroca como gênero independente da temporaneidade, exemplo: barocchus (barroco=gênero) romanticus (romantismo=espécie). Seguindo em seus estudos, D’Ors ainda criou o termo Classicismo, afim de universalizar as obras clássicas gregas e romanas. O mesmo aconteceu com as obras clássicas Francesas, sendo criado o Classicismo Francês.
Com uma teoria evolucionista da forma, Henri Facillon propunha que a forma estava desassociada de qualquer compreensão humana. Para esse historiador, a forma apresentada desde os primórdios não passava de um estágio inicial, que posteriormente se alcançaria uma certa maturidade de criação.
Jorge Coli, autor do livro que é objeto de estudo para o trabalho acadêmico em questão, traz o conceito museu imaginário, instaurado na sociedade pela concessão a um objeto como artístico. Em uma análise mais aprofundada, é fácil identificar que alguns objetos criados na história com intuito de auxiliar o homem em suas atribuições diárias, não tinham pretensões de serem consideradas arte com o passar dos anos, ou seja, as atribuições de arte são atuais e a perda de sua utilidade funcional são tidos como “supérfluo”. Seguindo essa linha de pensamento, Marcel Duchamp, tido com antiartista, procurou em seus estudos entender como a simples colher de pau criada como utilitário doméstico perdeu suas funções originais, tornando-se arte e expostas em museus. Nesse sentido, Duchamp expos um mictório em um museu como um objeto de crítica, tornando-se arte pelos olhos da sociedade e assim pode concluir seu pensamento:
“São os ‘olhadores’ que fazem um quadro” P70.
“No passado, e ainda hoje, os objetos artísticos possuíram funções sociais e econômicas que permitiriam sua constituição e seu desenvolvimento; antes se ser arte, o crucifixo foi objeto de culto, o filme um espetáculo a ser consumido.” (p. 92)
Exemplos de Antiartistas existiram em um muitos momentos da história. Muitos reuniam-se em grupos e contestavam a validade das obras de artes. Esse artistas criavam no intuito de não deixar vestígios, ou seja, criações de momentos e que provavelmente jamais se repetiriam. Talvez involuntariamente, esses artistas não tivesse intensão de deixar algum legado na essência de que tal movimento propunha. Mas será que as obras de arte não teriam um período de sobrevivência?
Muitos músicos, cantores, atores de teatro não tiveram um legado tão aparente nos dias atuais, isto devido falta de recursos tecnológicos que disponibilizassem registros de vídeo e áudio, sendo esquecidos no passar dos anos. A arqueologia tem papel importante na busca de reconstituições. Textos podem ser recuperados, mas a essência ficou perdida no tempo.
No caso de obras de arte que aparentemente estão intactas em museus, a temporaneidade é fator condicionante de degradação, porém desde a criação de pinturas e esculturas são utilizados métodos de conservação muitas vezes inapropriado que geram uma descaracterização nas obras, e na ótica de sobrevivência, a obra sofreu mutação.
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