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Gombrich - OS LIMITES DA SEMELHANÇA; FUNÇÃO E FORMA

Por:   •  20/11/2017  •  Resenha  •  4.200 Palavras (17 Páginas)  •  412 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ[pic 1]

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

BACHARELADO EM HISTÓRIA – MEMÓRIA E IMAGEM

HH218 – IMAGEM, PERCEPÇÃO E ESPACIALIDADE – 1º SEMESTRE 2016
PROFESSORA ROSANE KAMINSKI  

MARIA EDUARDA BRITO

FICHAMENTO

E. H. GOMBRICH – ARTE E ILUSÃO

OS LIMITES DA SEMELHANÇA

FUNÇÃO E FORMA

CURITIBA

2016


  1. ERNST HANS JOSEF GOMBRICH

Gombrich nasceu em Viena, em 1909. Ficou conhecido, sobretudo, por seus estudos sobre o renascimento. Foi um dos mais renomados historiadores da arte do século XX. Seu livro “The Story of Art” (“A História da Arte”), de 1950, é aclamado entre os estudiosos da área. Além disso, “Arte e Ilusão”, de 1960, é considerada pelos críticos como sua obra mais célebre, e de maior envergadura.

  1. OS LIMITES DA SEMELHANÇA
  1. DA LUZ À TINTA

A ilustre obra de John Constable, que representa Wivenhoe Park, é um grande exemplo do minucioso uso da tinta para representar o jogo de luz. Constable tem a perícia de fazer com que a paisagem pareça muito natural. Segundo o artista, “Pintar é uma ciência e deve ser praticada como uma investigação das leis da natureza. Por que, então, não pode o paisagismo ser considerado como um ramo da filosofia natural, da qual os quadros não passam de experiências?” (pg. 29). Constable refere-se com “filosofia natural” ao que conhecemos por “física”. De fato, na cultura ocidental, as pinturas são mesmo tratadas como ciência, isto porque passam por experimentações variadas, até chegarem ao resultado final.

Para o artista, tentar “transcrever” uma paisagem, com a iluminação da maneira que se encontra naturalmente, torna-se um desafio, porque ele não pode apenas traduzir, do modo como vê, com os meios que utiliza (escassez de tons, por exemplo). Quando a escala trabalhada é a cinza, a transposição pode ser vista mais facilmente.

Sempre que o artista utiliza gradações coloridas de tons, para representar uma imagem, é possível dizer que trata-se de uma representação fiel? Na verdade, a realidade e a cópia apenas serão extremamente parecidas, quando colocadas em mesma iluminação, caso uma estiver na sombra, e outra na luz do Sol, serão diferentes. Por esse motivo, os pintores tendem, desde a antiguidade, à voltar seus estúdios para o norte, com a intenção de não permitir que um raio de Sol atrapalhe seu processo de reprodução.

Sir Winston Churchill, quando ainda tratava-se de um amador, conseguiu exprimir a seguinte lição sobre o tema, “Seria interessante se alguma verdadeira autoridade investigasse cuidadosamente a parte que a memória tem na pintura. Olhamos para o objeto com um olhar atento, depois para a paleta e em terceiro lugar para a tela. A tela recebe a mensagem despachada, via de regra, alguns segundos antes pelo objeto natural. Mas veio através de uma agência de correios ‘em route’. Foi transmitida em código. Passou de luz para cor. Chega à tela sob a forma de um criptograma. Até que seja posta em relação correta com tudo o mais que se encontra na tela não pode ser decifrada ou seu significado feito aparente, traduzido uma vez mais de mero pigmento de luz. E a luz, dessa vez, não é da Natureza mas da Arte.” (pg. 34).

Temos uma capacidade admirável de interpretar imagem, isto é, decifrar os criptogramas da arte. Um exemplo cotidiano disto é a distinção que fazemos de placas de sinalização. Alguns modelos de desenhos, pode também exemplificar essa nossa capacidade, é o caso de malhas, nas quais a rede é deixada cheia ou vazia, mas fornece imagens de homens ou animais. “Não importa em tal meio que os quadrinhos representem ‘figura’ ou ‘fundo’. A única coisa que conta é a relação entre os dois signos.” (pg. 34).

Os gregos utilizavam essa técnica de reversão na pintura de vasos, no momento em que passaram da representação de figuras negras, para as vermelhas. Eles sabiam que com a relação de contraste era possível realçar a forma. O mosaico ilustra um caráter de código, de um lado contraste do fundo com a figura; de outro as variações da “cor local”, com o emprego de mais ou menos luz.

“Ficamos tão dóceis às sugestões do artista, que respondemos com a maior naturalidade à notação em que linhas pretas indicam tanto a distinção entre fundo do quadro e figura quanto as gradações de sombreado que se tornaram tradicionais em todas as técnicas gráficas”. (pg. 38).

No século XVIII, surgiu um mecanismo, denominado “espelho de Claude”, que ajudava os pintores na transposição da cor local para uma gama mais restrita de tonalidades. Tratava-se de um vidro curvo, que reduzia a variedade de tons do mundo visível.

De acordo com Constable, pintar paisagens é uma investigação das leis da natureza. A verdade da pintura de paisagens e relativa, e cada vez mais os artistas aceitam o desafio da luz. De um lado há o público que é cego e alimentado de mentiras, e do outro o artista, em busca da verdade.

“Aquilo que um pintor investiga não é a natureza do mundo físico, mas a natureza das nossas reações a esse mundo. Ele não se preocupa com as causas, mas com o mecanismo de certos efeitos. Seu problema é de natureza psicológica – trata-se de conjurar uma imagem convincente apesar do fato de que nenhum tom isolado corresponde ao que chamamos de ‘realidade’. A fim de decifrar o enigma – até onde se possa, por enquanto, pretender decifrá-lo –, a ciência teve de explorar a capacidade da nossa mente para registrar relações de preferência a elementos individuais.” (pg. 44).

O cérebro, tanto humano, quanto animal, está mais acostumado com gradações do que com estímulos individuais. A retina capta uma confusão de pontos de luz dançantes, os quais estimulam os bastões e cones sensitivos, que enviam essas mensagens ao cérebro.

“A natureza não nos dotou com essa capacidade para que possamos produzir arte; mas, ao que parece, estaríamos perdidos neste mundo se não tivéssemos a aptidão de descobrir relações: assim como uma melodia permanece a mesma qualquer que seja o tom em que é tocada, nós reagimos de preferência a intervals de luz, que têm sido chamados de ‘gradientes’, do que a quantidades mensuráveis de luz refletida por qualquer objeto.” (pg. 46).

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