Guerras do Alecrim e Mangerona
Por: SofiMartelo • 29/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.073 Palavras (5 Páginas) • 1.545 Visualizações
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“Guerras do Alecrim e da Manjerona”
António José da Silva
Introdução
No âmbito da unidade curricular Dramaturgia Portuguesa, foi-nos proposto a realização de uma ficha de leitura da peça “Guerras do Alecrim e da Manjerona” de António José da Silva (O Judeu). Irei apresentar um resumo da peça, algumas notas biográficas do autor e o conceito afectação e risibilidade.
António José da Silva (O Judeu)
Dramaturgo e escritor luso-brasileiro, António José da Silva Coutinho, mais conhecido por O Judeu, nasceu no Rio de Janeiro em 1705, e é em 1739 que morre em Lisboa. Em 1725 inscreve‐se no curso de Direito na Universidade de Coimbra, profissão que só pratica durante cerca de três anos antes de descobrir a sua verdadeira vocação.
Aos 21 anos, com o curso interrompido, António José da Silva é processado, e é condenado com pena de prisão perpétua e é obrigado a ser instruído nos mistérios da fé. Nessa altura não consegue assinar a sua “reconciliação”com a Igreja pelas próprias mãos por ter sido torturado e por isso ter ficado temporariamente inválido.
Em 1737 é preso pela segunda vez, desta vez acompanhado da sua mulher. Após um longo processo “o novo cristão” acabaria publicamente acusado de convicto, negativo e obstinado. Em 1739 foi ainda condenado a pena de morte.
Como era regra com os prisioneiros que, condenados, afirmavam desejar morrer na fé católica, António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto‐de‐Fé. É importante referir que pouco de sabe da vida deste dramaturgo, tendo muitos autores, fantasiado e dramatizado a vida do mesmo.
“Guerras do Alecrim e da Manjerona”
Resumo
A trama inicia-se com as declarações de amor de D. Gilvaz a D. Clóris – rancho do Alecrim; de D. Fuas a D. Nise – rancho da Manjerona; e do criado de D. Gilvaz, Semicúpio, a Sevadilha, criada de D. Clóris e D. Nise.
Gilvaz, que tem o seu criado para se infiltrar em casa de D. Lancerote – tio de D. Clóris e D. Nise – declara rivalidade a D. Fuas, já que seguem ranchos adversários, ficando assim D. Fuas em desvantagem. Porém, de seguida entra Fagundes – uma velha criada de D. Lancerote - à procura das duas raparigas. D. Fuas, fazendo-se prestável, consegue ajuda de Fagundes para entrar à socapa na casa de D. Lancerote.
O principal obstáculo da trama amorosa é D. Lancerote, que pretende que D. Tibúrcio, um outro sobrinho seu, escolha uma das suas sobrinhas para casar, contudo, quem cai nas suas graças é a criada Sevadilha. Para “apimentar” um pouco mais a intriga, D. Fuas tem ciúmes de D. Gilvaz porque, devido ao engenhoso Semicúpio, este consegue sempre infiltrar-se na casa por intermédio das combinações de Fuas e Fagundes. Através de várias peripécias, baseadas em mecanismos de engano, típicos da farsa, os apaixonados ficam juntos e tudo acaba em bem.
Personagens
- D. Gilvaz;
- D. Clóris;
- D. Fuas;
- D. Nise;
- D. Lancerote;
- D. Tibúrcio;
- Fagundes;
- Sevadilha;
- Semicúpio;
As personagens em António José da Silva, remetem para os universos da Comedia dell’arte e de Molière, como argumenta António Pedro no Prefácio da obra em estudo (edição Círculo de Cultura Teatral, teatro Experimental do Porto, imp. 1963).
É importante sublinhar que se tratam de universos distintos, contudo, intimamente ligados. O que há de comum nestes universos, no que toca às personagens, é que se tratam sempre de personagens pouco densas a nível psicológico, visando até certo ponto o conceito de personagens-tipo.
Ora veja-se as semelhanças:
- Entre D. Lancerote e o protagonista da peça O Avarento, de Molière, existem claras semelhanças, quer a nível do que os caracteriza psicologicamente – a avareza; quer a nível de estatuto – ambos velhos nobres, com herdeiros; quer a nível da sua relação com as outras personagens – que conspiram nas suas costas, e acabando ridicularizado no final;
- Fagundes é, a meu ver, a representante do papel dos criados em Molière – coadjuvante de todos os projectos das restantes personagens, tentando ver de onde retira proveito próprio e fica do lado “das herdeiras” na trama amorosa;
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