Inspirado na Obra de Machado de Assis
Por: Carlos Augusto • 4/4/2024 • Dissertação • 1.422 Palavras (6 Páginas) • 144 Visualizações
Inspirado na Obra de Machado de Assis “O alienista” Por Mayana Louise Coelho - ANO 2003 Personagens Bacamarte médico; Evarista esposa; Tia de Bacamarte; Padre (pode intercalar com o m o personagem “homem”); Garota 1; Garota 2; Prefeita; Crispim; Homem |
BACAMARTE: Minha senhora case-se comigo e assim seremos felizes para sempre...
EVARISTA: Você encantou-me com essas palavras doces. Mas como posso aceitar? O que as pessoas vão dizer?
BACAMARTE: Se é medo o que sentes, serás feliz ao meu lado... (E a roda com alegria)
EVARISTA: Quando marcamos o casamento?
BACAMARTE:
Amores derretidos,
Pessoas tão amadas,
Esquecem suas vidas
Para então viver casadas.
O amor ilumina
A terra gira,
O corpo treme,
E tudo rima.
O que fazer se não tentarmos ser felizes?
Penso em você,
Penso no amor,
Penso em nossa vida.
Eu penso!
EVARISTA: Você conseguiu mexer com o meu coração!
BACAMARTE: Daqui a dois dias nós nos casamos. O que você acha?
EVARISTA: Está bem...
BACAMARTE: (Ele abre a porta e diz): Adeus minha futura esposa... (Sua tia está na porta bem na hora em que Evarista e Bacamarte se despedem).
TIA: Simão Bacamarte, Dona Evarista reúne condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem. Dorme regularmente, tem bom pulso e excelente vista. Está apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes, mas...
BACAMARTE: (interrompe) Não diga nada minha tia. Estou certo que ela será a melhor esposa...
TIA: Mas ela é muito feia!
BACAMARTE: Também estou certo de que os homens não olharão para ela.
TIA: Não diga mais nada, estou indo embora! (Ela sai muito irritada, porém mantém a compostura).
Bacamarte e Evarista se encontram no cartório para esperar o padre celebrar a missa.
PADRE: Estamos aqui para celebrar a união entre duas pessoas que se amam, a fim de curtir a vida, juntar os trapos, botar algema (apontando para o dedo). Sacou?
Dona Evarista Soares Filho, aceita a mão de Simão Bacamarte Poldina em casamento? Prometendo amá-lo, respeitá-lo, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, na traição e no perdão... Até que a morte vos separe?
EVARISTA: Sim, aceito.
PADRE: Doutor Simão Bacamarte Poldina, aceita a mão de Evarista Soares filho em casamento? Prometendo tudo aquilo que já disse?
BACAMARTE: Sim, eu aceito.
PADRE: Pode beijar a noiva.
Depois desta celebração eles vão para casa. Mas logo que chega e olha pela janela, vê duas garotas no banco da praça. Uma delas está interpretando o texto em voz alta...
GAROTA 1: (O povo no poder - de Castro Alves):
“A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor,
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor.
Senhor!... Pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu...
Ninguém vos rouba os castelos,
Tende palácios tão belos...
Deixes a terra ao Anteu.”
BACAMARTE: (Chama as garotas e pedem para entrar na sua casa) Entrem! (pausa) O que faz você ler uma poesia em voz alta?
GAROTA 1: Ah, é a alegria de viver, é a vida, é o cantar, é a felicidade, é tudo! Amor talvez.
BACAMARTE: Amor?
GAROTA 1: Sim, amor. Àquilo que faz você ser feliz, que faz você cantar, amar...
BACAMARTE: Esta felicidade traz algum benefício para sua vida?
GAROTA 1: Traz o prazer da felicidade.
BACAMARTE: Como você explica essa felicidade?
GAROTA 1: Não tem explicação!
BACAMARTE: Mas tudo tem explicação.
GAROTA 1: (Muda a expressão de rosto e diz): Não sei explicar.
BACAMARTE: Então você ficará aqui.
GAROTA 1: Como assim, ficarei aqui?
GAROTA 2: Ei, e eu?
BACAMARTE: Ficarão as duas aqui!
GAROTA 1: Você está brincando, não é?
BACAMARTE: Você não sabe explicar o que está causando sua felicidade, isso é loucura. Você sofre de demência.
GAROTA 1: Demência? Como você explica que minha felicidade é demência?
BACAMARTE: Você não tem direito de ficar na sociedade
GAROTA 2: Direito você não tem é de trancar nós duas aqui.
BACAMARTE: Tenho sim.
GAROTA 1: Como?
BACAMARTE: Você verá! (Tranca-as num lugar onde a platéia não pode ver e vai à prefeitura. Bate na porta da prefeitura e fala do lado de fora): Gostaria de falar com o prefeito!
PREFEITA: Espera um minutinho! (a porta se abre)
BACAMARTE: Seu prefeito, espera aí, prefeita?
PREFEITA: As pessoas se surpreendem quando vêem uma prefeita e não um prefeito.
BACAMARTE: Quero dizer que sou Simão Bacamarte, um alienista que estuda as anormalidades alheias. Ando fazendo estudos muito críticos das pessoas.
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