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Agulha de Machado Assis

Por:   •  30/9/2015  •  Resenha  •  633 Palavras (3 Páginas)  •  880 Visualizações

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LITERATURA BRASILEIRA [pic 1][pic 2]

Textos literários.

Um Apólogo, de Machado de Assis.

Obra Completa, de Machado de Assis, vol.II, Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994

UM APÓLOGO

NARRADOR FALA era uma vez em uma caixinha de costureira de uma baronesa uma agulha e um novelo de linha,que por sua vez viviam bringando em um desses dias o novelo falou para a senhora agulha

AGULHA FALA— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que você é a coisa mais importante neste mundo?

NOVELO DE LINHA FALA — Deixe-me, quieto dona agulha que hoje não estou pra papo..

AGULHA FALA — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque falo que está com um ar insuportável?

AGULHA FALA -Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

NOVELO DE LINHA FALA— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça sua boba

 

AGULHA FALA -Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

NOVELO DE LINHA FALA— Mas você é orgulhosa.

A AGULHA FALA— Decerto que sou.

 

NOVELO DE LINHA FALA— Mas por quê?

NOVELO DE LINHA FALA— Essa é boa! Porque se acha. Então os vestidos e enfeites de nossa baronesa, quem é que os faz, senão eu?

 

NOVELO DE LINHA FALA— Você? Esta agora é boa. Você é que os faz ? Você faz? vc ignora que quem os faz sou eu, e muito eu!

O NOVELO LINHA FALA — Você fura o pano, nada mais; eu é que faço, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...hahaha

AGULHA FALA— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando..

.

NOVELO DE LINHA FALA— Também os batedores vão adiante do imperador.

 

A AGULHA FALA— Você é imperador não me faça rir hahaha

O NOVELO DE LINHA FALA— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho

,

NARRADOR FALA - a linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, a linha, para tirar sarro da agulha, perguntou-lhe:

NOVELO DE LINHA FALA— Ora agora, fala quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e toda bonitona? Quem é que vai dançar com gente chique e importante?, enquanto você volta para a caixinha da costureira,aquela caixinha toda escura e feia han han responda?? Vamos, diga lá.

...

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