Kevin Lych
Monografias: Kevin Lych. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: uoluol • 23/10/2014 • 1.865 Palavras (8 Páginas) • 549 Visualizações
Kevin Lynch foi arquiteto urbanista e teórico americano, muito conhecido por seu livro “A Imagem da Cidade”, publicado em 1960. Este livro, resultado de longos anos de pesquisa e análises, trata da fisionomia das cidades e da possibilidade de modificá-las. Além disso, por meio do estudo da imagem mental que os habitantes fazem de sua cidade, o livro aborda a qualidade visual da paisagem urbana.
Para entender o papel desempenhado pelas imagens ambientais, Lynch examinou detalhadamente três cidades americanas, Boston, Jersey City e Los Angeles, e conversou com seus habitantes, com “a convicção de que a análise da forma existente e de seus efeitos sobre o cidadão é uma das pedras angulares do design das cidades” (LYNCH, 1960). O trabalho foi dividido em duas etapas: um reconhecimento de campo das áreas estudadas e longas entrevistas feitas com uma pequena amostra dos moradores de cada cidade.
As análises feitas por ele apontam para uma substancial variação do modo como as diferentes pessoas organizam sua cidade, de quais elementos mais dependem ou em quais formas as qualidades são mais compatíveis com elas. A paisagem urbana é “algo a ser visto e lembrado, um conjunto de elementos do qual esperamos que nos dê prazer. Olhar para as cidades pode dar um prazer especial, por mais comum que possa ser o panorama. Como obra arquitetônica, a cidade é uma construção no espaço, mas uma construção de grande escala; uma coisa só percebida no decorrer de longos períodos de tempo.” (LYNCH,1960).
O texto fala da importância da imagem que cada um faz de sua cidade e de sua singularidade. Cada cidadão tem vastas associações com alguma parte de sua cidade, e a imagem de cada um está impregnada de lembranças e significados. Além disso, as pessoas e suas atividades são tão importantes quanto as partes físicas permanentes de uma cidade. Sendo assim, se é bem organizada visualmente, ela também pode ter um forte significado expressivo.
A flexibilidade dos espaços e seus significados particulares são evidenciados por Lynch, sendo a cidade estável por algum tempo, porém sempre se modificando nos detalhes. Logo, não há um controle total sobre seu crescimento e sua forma nem um resultado final, mas apenas uma contínua sucessão de fases.
O primeiro capítulo do livro, que estrutura conceitos de análise urbana, se divide nos tópicos Legibilidade, Construção da Imagem, Estrutura e Identidade e Imaginabilidade. A legibilidade é um conceito de importância particular quando consideramos os ambientes na escala urbana de dimensão, tempo e complexidade. A sociedade atual conta com os artifícios tecnológicos. Temos mapas, números de ruas, sinais de trânsito, mas “caso alguém sofra o contratempo da desorientação, o sentimento de angústia irá mostrar com que intensidade a orientação é importante para a nosso equilíbrio e bem-estar.” (LYNCH, 1960).
Uma imagem clara da paisagem urbana constitui uma base preciosa para o desenvolvimento individual. A necessidade de reconhecer e padronizar os ambientes tem raízes profundamente arraigadas no passado e é de enorme importância prática e emocional para o indivíduo. A legibilidade oferece a sensação de segurança emocional, assim como a identidade. Uma boa imagem requer a identificação de um objeto, o que implica seu reconhecimento enquanto entidade separável. A isso se dá o nome de identidade, no sentido de individualidade ou unicidade.
A imagem também deve incluir a relação espacial ou paradigmática do objeto com observador e os outros objetos e esse objeto deve ter algum significado para o observador. Segundo Kevin Lynch, “é preferível que a imagem seja aberta e adaptável à mudança, permitindo que o indivíduo continue a investigar e organizar a realidade. Deve haver espaços em branco para que ele possa ampliar o desenho”.
Sobre a construção da imagem, as imagens de grupo, consensuais a um número significativo de observadores, é que interessam aos planejadores urbanos, assim como a imaginabilidade, a característica, num dado objeto físico, que confere alta probabilidade de evocar uma imagem forte em qualquer observador dado. Esses objetos parecem repercutir, de modo bastante curioso, os tipos formais de elementos imagísticos nos quais Lynch divide a imagem da cidade: vias, marcos, limites, pontos nodais e bairros. Existem outras influências atuantes sobre a imaginabilidade como o significado social de uma área, sua função, sua história ou mesmo nome. No design atual, a forma deve ser utilizada para reforçar o significado, e não nega-lo.
O autor também fala sobre cada um dos elementos que compõem a cidade. As vias, canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial, para muitos observadores constituem os elementos predominantes. Alamedas, linhas de trânsito, canais ou ferrovias, algumas delas podem tornar-se características importantes. Para Lynch, o trajeto habitual é umas das influências mais poderosas, de tal modo que as principais vias de acesso são todas imagens de importância vital. A constituição de uma via, as atividades realizadas ao longo de seu percurso ou as fachadas dos edifícios pode torná-la importante aos olhos dos observadores. Nesse sentido, as vias com grau satisfatório de continuidade foram escolhidas como as mais seguras e, quando a largura da via se altera, as pessoas tem dificuldade para perceber uma continuação da mesma via. As ruas podem não ser apenas identificáveis e contínuas, mas ter, também, qualidade direcional.
Segundo Lynch, um método para alcançar esta qualidade é por meio de um gradiente, de uma mudança regular em alguma qualidade que seja cumulativa numa direção, por exemplo, as vias com origem e destino claros e bem conhecidos têm identidades mais fortes, ajudam a unir a cidade e dão ao observador senso de direção. Lynch ainda cita as vias férreas, o metrô e as ruas de mão única como exemplos de dissociação da estrutura do todo. Já as ruas transversais funcionam como dispositivos de medição.
Os limites são elementos lineares que representam fronteiras entre duas fases, quebras de continuidade lineares. São exemplos de limites: praias, margens de rios, lagos, cortes de ferrovias, espaços em construção, muros e paredes. Parecem mais fortes os limites que não só predominam visualmente, mas têm uma forma contínua e não podem ser atravessados, porém muitos limites são uma costura, muito
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