Mestre Ataíde

MESTRE ATAÍDE

Manuel da Costa Ataíde (18 de outubro de 1762 – 2 de fevereiro de 1830), pintor barroco, nasceu na cidade de Mariana, Minas Gerais. Mestre Ataíde, como ficou conhecido, foi um dos mais brilhantes artistas do barroco mineiro, ao lado do artista Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho). Além de pintor, foi um importante entalhador, dourador, arquiteto, músico e professor.

Ele era filho do capitão português Luís da Costa Ataíde, oriundo de Santa Cruz de Alvadia, e de Maria Barbosa de Abreu, de naturalidade possivelmente portuguesa. Nasceu na freguesia de Mariana e foi batizado em 18 de outubro de 1762, na Catedral. Sua família era de condição modesta. Teve quatro irmãos: Domingos, tenente e pintor, Sebastião, Antônio, que se tornou padre, e Izabel Gualdina.

Seus primeiros anos são desconhecidos, e pouco se sabe pela sua biografia. Manuel da Costa Ataíde foi também militar, chegando ao posto de sargento. Uma das possibilidades de seu aprendizado é que sua formação tenha seguido o padrão da época, que fazia iniciar os aprendizes junto a uma corporação de ofícios liderada por um mestre, passando gradualmente das atividades elementares até a qualificação.

Em 1802, com o falecimento do pai, renunciou à herança em favor dos irmãos. A partir daí sua carreira foi impulsionada, mas nunca chegou a tornar-se rico, embora vivesse bem. Declarou que vivia de seu trabalho de pintor; é desconhecido se algum tempo veio a receber pagamento por suas funções militares, pois quando foi feito alferes em 1799 um documento registra que não recebia nada, apesar de possuir “honras, graças e privilégios" por seu posto.

Nesta época, relacionou-se com Maria do Carmo Raimunda da Silva (embora nunca chegou a se casar) e com ela teve seis filhos: Francisco de Assis Pacífico da Conceição, Maria do Carmo Neri da Natividade, Sebastião (morto logo após o nascimento), Francisca Rosa de Jesus, Justino (também morto bebê), e Ana Umbelina do Espírito Santo.

Embora fosse um exímio professor, o artista lutou inutilmente, em 1818, para conquistar a licença oficial que lhe permitiria instituir uma escola de belas-artes em Mariana. No período que se estende de 1781 a 1818, Ataíde trabalhou em parceria com Aleijadinho, conferindo um significado às suas pinturas, as quais ocuparam um espaço importante na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.

Em 1801, o Mestre ficou encarregado de ornamentar a Igreja de São Francisco, em Ouro Preto. Pintou a abóbada do templo e o retábulo da sacristia, representando São Francisco assistido pelos anjos em quatro momentos: São Pedro, Santa Margarida de Cortona, Santa Clara e São Francisco em agonia, além de seis cenas da trajetória de Abraão, especificamente criadas para o espaço da capela-mor. Trabalhou em parceria com Aleijadinho em várias obras por 30 anos.

As obras de arte de Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara, Santo Antônio de Itaperava e Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto também são de autoria de Mestre Ataíde.

Em suas obras, as cores vivas possuem grande destaque, além de sua visível preferência pela cor azul, já que esta está presente na maioria de suas pinturas mais grandiosas.