O Impacto do Feminismo na Arte Contemporânea: A Arte Feminina em Forma de Protesto Político
Por: Kamilla Esquível • 7/12/2021 • Artigo • 3.011 Palavras (13 Páginas) • 165 Visualizações
KAMILLA ESQUIVEL SOARES DA SILVA
Licenciatura em Artes Visuais
O impacto do feminismo na Arte Contemporânea:
A Arte feminina em forma de protesto político
Tutor: Arethusa Almeida de Paula
Claretiano - Centro Universitário
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BATATAIS
2021
O impacto do feminismo na Arte Contemporânea:
A Arte feminina em forma de protesto político
Resumo: Este artigo tem como foco principal o trabalho de conclusão de curso de Licenciatura em Artes Visuais do Centro Universitário Claretiano, juntamente com a reflexão sobre o impacto do movimento feminista na arte como forma de empoderamento feminino e luta contra a sociedade patriarcal. Será feito uma pesquisa histórica sobre o movimento e para finalizar, será apresentado 3 artistas representando o movimento.
Palavras-chave: Feminismo; Arte; Sexismo; Empoderamento feminino;
01. INTRODUÇÃO:
Nesse artigo, trataremos sobre como artistas femininas se expressam com ideais do movimento feminista, contra aos padrões impostos sobre as mulheres; mostrando quão significativo o trabalho artístico em forma de protesto pode ser dentro do contexto social.
A sociedade ocidental patriarcal, sempre tratou da mulher objetificando-a, rotulando, e impondo padrões comportamentais, estéticos e intelectuais a estas. A Arte em museus e os considerados “grandes mestres”, por exemplo, sempre foram homens, fazendo com que a narrativa artística histórica fosse apresentada em suma, pela visão masculina, sobrando as mulheres a posição de “modelo” e quase nunca, a de artista.
Trataremos sobre a independência e empoderamento feminino sobre a questão de como as mulheres querem representar e serem representadas a partir desse marco de independência feminina, que foi e é o Movimento Feminista, e para isso, traremos três artistas e suas obras, representando o impacto do movimento em sua arte, por meio de contextualização e revisão bibliográfica.
O movimento feminista originou-se por questões de desigualdade, caracterizando-se em uma forma de revolta. Acredita-se tratar-se de um movimento com uma camada de agressividade como forma de reação na arte, certo sarcasmo, mas também, contato com ancestralidade e sensibilidade.
No primeiro Tópico, faremos uma contextualização histórica sobre a construção de “gênero” e identidade, trazendo um aprofundamento sobre como a sociedade se organizou ao longo dos séculos e qual o impacto dessas construções sociais na arte e no papel da mulher em sociedade.
No segundo Tópico, trataremos sobre o surgimento, reinvindicações e principais teóricas do movimento feminista, além de claro, o posicionamento estrutural da sociedade contra o movimento feminista, que faz com que as mulheres tenham uma relação complicada consigo mesmas, usando como principal arma contra a evolução da mulher: o mito da beleza.
No terceiro Tópico, apresentaremos as artistas: O grupo Guerrillas Girls, a fotógrafa Cindy Sherman, e a brasileira Rosana Paulino, que tratam em suas obras sobre os estereótipos da mulher em sociedade e representam como a mulher é e quer ser apresentada na sociedade contemporânea, ou seja, trataremos do poder de fala da mulher artista e a impacto positivo de sua arte para todas.
O objetivo deste artigo é mostrar que a arte como protesto político pode ser revolucionária, exaltar artistas feministas e incentivar jovens, e mulheres de todas as idades a expressarem-se pelos seus direitos ao respeito, igualdade e liberdade, empoderamento feminino.
02. DESENVOLVIMENTO:
Neste artigo, trataremos sobre o impacto do movimento feminista na Arte Contemporânea, iniciaremos, para isso, com uma breve contextualização histórica, começando por a definição de gênero e da estrutura social vigente em toda a sociedade ocidental.
Gênero e construção social
Após a segunda onda do Movimento Feminista, o termo “Gênero” a passou a ser importante pauta de debate em meios científico-sociais, houveram diversas reações ao movimento, tanto prós, quanto contras. Para a filósofa norte americana Judith Butler (pós-estruturalista), “Gênero” caracteriza-se em uma forma de classificação social identificativa do corpo sexuado, produzido pela sociedade.
O gênero é a estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de ser. (SCOTT. 1988)
Podemos dizer, assim, que gênero é uma construção social que determina valores e papéis sociais, como forma de hierarquização de poder. Numa sociedade machista/patriarcal, a qual desde a infância ensinamentos sobre essa hierarquização de poder é passada, através de brincadeiras e brinquedos de forma à serem preparados para suas respectivas funções sociais, sendo as meninas tendo papéis de cuidadoras e os meninos sempre ao trabalho, a mulher foi culturalmente apresentada e tida como um ser frágil e inferior que deveria servir aos homens, incapaz de realizar grandes feitos.
Linda Nochlin, em seu artigo nomeado “Por que não houve grandes mulheres artistas?”, trabalhou de forma a fazer analogias sobre a forma de reconhecimento destoante entre homens e mulheres na Arte, reforçando o fato de que inclusive na Arte, a estrutura vigente preconceituosa identificada através do gênero, excluiu a mulher do papel de artista, restando-lhes os papeis de assistentes ou modelos, na arte.
A culpa não está nos astros, em nossos hormônios, nos nossos Ciclos menstruais ou em nosso vazio interior, mas sim em nossas Instituições e em nossa educação, entendida como tudo o que acontece no momento em que entramos nesse mundo cheio de significados, símbolos, signos e sinais. (NOCHLIN. 1971)
Feminismo: conhecendo o movimento e os movimentos antifeministas
Pode-se dizer que o feminismo é o movimento pela emancipação da mulher.
O movimento feminista é dividido em quatro ondas. A primeira, aconteceu no século XIX, período marcado por grandes revoluções, como a revolução francesa, e a corrente teórica iluminista. A segunda onda, aconteceu na década de 1960, principalmente em países da Europa e nos Estados Unidos da América, num contexto de guerra fria e revoluções culturais; A terceira onda, aconteceu duas décadas depois da segunda onda, em 1980. E a quarta e última acontece desde 2010, até os dias atuais, período marcado por revoluções tecnológicas, internet e redes sociais.
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