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O Menino Que Vestia Cor De Rosa

Por:   •  12/8/2023  •  Artigo  •  5.520 Palavras (23 Páginas)  •  109 Visualizações

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O MENINO QUE VESTIA COR DE ROSA

Texto – Flavio Alves

ELENCO

Zezé –

Seu Miguel –

Dona Natalina

Juquinha –

Rafael –

Vivi –

Leninha -

Diretora Rosalina -

Zezé é um menino, que sempre gostou de brincar com brinquedos de meninas, e adora vestir cor de rosa. Isso causa um conflito em família. Zezé, como muitos garotos na sociedade, sofre preconceito pelo seu jeito de ser. O cenário é uma praça. Zezé está sentado em um banco, vestido de rosa, conversando com sua boneca Safira, quando uma voz debocha dele.

VOZ – Mas olha só que vergonha! Um menino vestido de rosa e brincando de boneca. Se fosse meu filho, ele ia ver o que eu seria capaz de fazer.

ZEZÉ – Ainda bem que não sou seu filho, e se eu fosse, eu teria vergonha. Vá cuidar da sua vida e deixe a minha vida em paz. Tá vendo Safira? Até na rua o povo quer mandar na minha vida. Já não basta na escola, que tenho que enfrentar a turma do Juquinha. Olha aqui Safira, o que fizeram comigo. Estou com machucado no braço e o joelho tá ralado também. Eu sai da escola e segui por outro caminho, mas eles me seguiram gritando, e me chamando de mulherzinha. Eu tenho culpa safira, se eu gosto de brincar com você? Não gosto dessas brincadeiras dos meninos, acho umas brincadeiras muito chatas. Prefiro ficar aqui na praça, brincando com você. Ai, ai, ai, meu joelho ralado tá doendo e meu braço também. Eu corri da turma do Juquinha, aí caí e me machuquei. Eles ficaram sorrindo, me xingando e saíram correndo. Não disse nada a minha mãe, pra ela não ir na minha escola falar com a diretora. (Entra, Vivi e Leninha).

VIVI – Êita Zezé! Nem esperou pela gente. Veio pra praça sozinho.

LENINHA – Tá vendo Vivi! Eu bem que falei pra você que o Zezé não era nosso amigo. Eu acho melhor a gente ficar de mal dele. (mostra o dedo cruzado pra Zezé) Pode cortar.

ZEZÉ – Oxe! Que agonia! Pra que tudo isso?

VIVI – Tudo isso não. A Leninha tá certa. Pode cortar também. (Mostra o dedo cruzado para Zezé).

ZEZÉ – Será que eu posso explicar?

LENINHA – Espero que tenha uma boa explicação.

ZEZÉ – Vivi, Leninha, vocês acreditem em mim. Eu não chamei vocês porque eu fui perseguido pela turma do Juquinha. Olha como eu estou, todo machucado. Por causa deles eu cai e ralei o joelho e o braço, e eles correram rindo de mim. Peguei safira e vim aqui pra praça. Estou pensando o que vou dizer a minha mãe quando ela ver meu braço e meu joelho machucado.

VIVI – Ah, Zezé! Desculpa a agente. A gente não sabia. Eu odeio aquela turma do Juquinha.

LENINHA – Eu também. Se eu pudesse, eu dava uma surra naqueles pirralhos.

ZEZÉ – Eu não sei brigar, e não gosto de violência e a única defesa que eu tenho, é correr. Meu Deus! E agora, o que vou dizer a minha mãe?

VIVI – A verdade Zezé, a verdade. Sua mãe tem que saber e fazer alguma coisa. O que não pode é você viver sendo perseguido pela turma do Juquinha.

LENINHA – Pegue seu telefone agora e ligue pra dona Natalina, e diga a sua mãe que você tá com a gente aqui na praça, e já, já, você chega em casa.

VIVI – Liga Zezé. Cadê o seu telefone.

ZEZÉ – Minha mãe tirou de mim por uma semana. Eu estava dormindo muito tarde jogando meus joguinhos, e acordava já pensando no celular.

LENINHA – Eu acho é bom, seu Zezé. Eu mesma não sou uma bestona, que vive a vida só pendurada no celular. A gente tem a escola, e temos que fazer as tarefas de casa. Tem crianças que ficam até sem comer, e isso não pode acontecer.

VIVI – Eu nem posso falar, porque eu passei um tempo viciada, mas graças a Deus me livrei do celular. Era toda hora, todo instante. E uma criança inteligente não pode deixar o celular dominar a sua vida. Sua mãe tá certa, Zezé. Não seja essas crianças abestalhadas e sem limites.

ZEZÉ – Tá bem, minhas amigas. Eu prometo usar meu celular de uma forma adequada, assim como vocês.

LENINHA – Gente, olha só aquele homem. Jogou o papel, e o palito do picolé no chão. Uma lixeira bem ao lado dele. Parece um porco. Que falta de educação!

VIVI – Se ele faz isso na rua, a casa dele deve ser um chiqueiro. Deixa pra lá, depois a gente pega e bota no coletor de lixo.

LENINHA – Mas mudando de assunto. Onde sua mãe comprou essa roupa pra você? Tá lindo!

ZEZÉ – Não foi minha mãe. Eu peguei as minhas economias da mesada, fui na loja e comprei. Mas na hora de provar, percebi que tinha pessoas olhando pra mim e rindo, e até cochichando, mas eu não dei atenção. Afinal o dinheiro era de quem?

VIVI – Um povo besta e cheio de preconceitos. Grande coisa um garoto não poder usar cor de rosa. Cada um usa o que quiser. Eu mesma estou usando roupa azul, e daí? É cor de menino é? Eu uso. Não tinha nada indicando que roupa azul era pra menino e cor de rosa para menina.

LENINHA – A Vivi tem toda razão. Cada um usa a cor que quiser. Olha aí, sua boneca Zezé, Safira é uma menina, e tá vestida de azul.

ZEZÉ – Safira gosta muito de azul e ela não é um menino. Vamos brincar de pular corda?

VIVI – Boa ideia Zezé! Vamos, mas cadê a corda.

ZEZÉ – Tá em casa, preciso ir pegar. Quem vai comigo? Lá eu digo a minha mãe que estou brincando com vocês, pra ela não ficar preocupada,

LENINHA – Tá bem Zezé, eu vou com você.

VIVI – E eu vou também com vocês. (Saem. Entra Juquinha e Rafael).

RAFAEL – Não sei Juquinha, se essa ideia seria correto. Será que a gente não tá pegando pesado com o Zezé?

JUQUINHA – Já vem você, não é seu frouxo. Se não quiser participar da minha turma, é só cair fora. Por que você não vai brincar com a mulherzinha de cor de rosa?

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