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O filme "A Onda"

Seminário: O filme "A Onda". Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  6/1/2015  •  Seminário  •  1.245 Palavras (5 Páginas)  •  275 Visualizações

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O filme "A Onda”, dirigido pelo alemão Dennis Gansel, traz uma abordagem acerca do totalitarismo bastante interessante, uma vez que Wenger, o professor responsável por lecionar tal conteúdo aos alunos, busca trazer a matéria sob uma perspectiva concreta, ensinando aos estudantes, na prática, o que compõe uma autocracia - conceituada pelo professor como "poder concentrado nas mãos de um grupo minoritário ou de uma única pessoa".

A priori, o professor mostra-se contrariado por ficar responsável pela disciplina em questão, pois almejava o curso de anarquia. Entretanto, ao encontrar um viés diferenciado e dinâmico para lecionar e, percebendo grande entusiasmo por parte dos alunos, passou a apreciar sua atividade.

Logo no início da interação do professor com os alunos acerca do assunto, um dos jovens diz não ser mais possível que um governo ditatorial, tal como o terceiro Reich de Hitler, fosse instaurado. Contudo, no decorrer da trama, constata-se que não só isto era passível de acontecer, como os estudantes - pelo menos a grande maioria deles - e o professor estavam totalmente envolvidos e engajados com o clã criado e denominado por eles como "A Onda", que, dada as devidas proporções, traz à baila muitas das peculiaridades que compõem um regime totalitário.

Para além das características extrínsecas e convergentes dos regimes totalitários que logo serão destrinchadas, é preciso, primeiramente, destacar que todos eles são maculados de uma essência própria, um espírito comum de comunidade, canalizados no líder máximo ou no Estado instaurado e, para identificar o cerne disso, torna-se necessária a identificação do papel estatal em cada um dos principais regimes totalitários - fascismo, nazismo e stalinismo - abordados pelo autor Jorge Reis Novais em sua obra "Contributo para uma Teoria do Estado de Direito".

No fascismo, o Estado é tido como ente transcendental, de caráter eminentemente espiritual, tendo fins e objetivos superiores aos dos indivíduos. Mussolini (o Duce), em sua doutrina, afirma que o Estado representa a síntese e unidade de todos os valores de uma nação, além de potenciar toda a vida do povo, justificando, assim, a supressão máxima da autonomia privada. Os indivíduos têm papel de mero instrumento dos fins sociais, uma vez que não são o centro de direitos; eles têm uma função de dever para com o Estado. Entretanto, não quer isto dizer que não havia comoção popular em prol disso, pois era feito todo um trabalho de persuasão que será melhor esmiuçado posteriormente.

A despeito de o nazismo (assim como o fascismo) conceber o Estado como ente transcendental, ele é reduzido à posição de mero meio, aparato à disposição do líder, o Führer, que seria um guia para a comunidade atingir os seus fins, pois, segundo Jorge Reis Novais ele é "um indivíduo que, pela excelência das suas qualidades intelectuais e morais, acolhe de forma suprema o Volksgeist "¹. Em suma, o líder nazista era, de acordo com o seu corpo teórico, a própria personificação do povo. O Volksgeist (espírito do povo) tem um aspecto orgânico-espiritual, uma vez que, por ter base rácica e étnica, ele constrói uma realidade vivente e concreta e, por isso, cria uma atmosfera compartilhada mutuamente por todos os cidadãos que compõem a nação.

Pode-se dizer que, a grosso modo, o stalinismo é fruto de uma paulatina degeneração do Marxismo, teoria cujo discurso dizia que, a priori, seria necessária a instauração da ditadura do proletariado para que a sociedade, enfim, atingisse o comunismo, estágio no qual não existiria mais opressão e luta de classes, pois todos estariam em um mesmo patamar social. Então, de acordo com esta corrente, o Estado seria um meio destinado ao estabelecimento da sociedade comunitária e, quando isto ocorresse, ele deveria deixar de existir.

1. NOVAIS, Jorge Reis. Contributo para uma Teoria do Estado de Direito pp.147.

A realidade, todavia, foi outra e a ditadura se tornou uma etapa muito duradoura e, sob a égide de Stálin, evoluiu para um regime totalitário, sem, é claro, concluir o ciclo e atingir o objetivo esperado, sendo este utilizado apenas como justificativa para a manutenção da autocracia soviética, uma vez que era preciso que houvesse, para a população, alguma razão para suportar tanto autoritarismo.

No que tange às características globais do totalitarismo, é importante ressaltar o fator primevo que enseja a sua instauração e consolidação: uma conjuntura devastadora tanto sócio-econômica, como política demonstrada nos altos índices de desemprego e inflação, além de muita injustiça social, levando os cidadãos a viverem submetidos a grande miséria em muitos setores de suas vidas, e, assim, tornam-se

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