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O papel do educador na contemporaneidade - uma reflexão sob o viés da experiência

Por:   •  21/7/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.274 Palavras (6 Páginas)  •  642 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

ESPECIALIZAÇÃO ARTE NA EDUCAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA

 O PAPEL DO EDUCADOR NA CONTEMPORANEIDADE – UMA REFLEXÃO SOB O VIÉS DA EXPERIÊNCIA

Professora  Doutora Inês Bogéa

Disciplina: Dança

Aluna: Andressa Nishiyama

São Paulo

2015

O papel do educador na contemporaneidade

        O período histórico atual apresenta, uma rapidez enorme na troca de informações, um homem individualista que vive uma eterna busca pela satisfação dos desejos materiais.

        A sociedade globalizada foi capaz de conquistar espaços nunca antes dominados, pôde conectar todos os cantos do mundo, e assim, também tornar muito mais fácil a comunicação. São redes sociais, internet, celulares modernos com inúmeras funções, tudo isso, mantém o homem moderno num contínuo estado de alerta. Porém, com todo esse frisson de atividades e estímulos e a cobrança por produtividade, cada vez mais, a capacidade de concentração vai sendo deixada de lado, as coisas mais artesanais, por exemplo, encontros duradouros e tranquilos são raros.

        Segue abaixo um trecho do texto  “Notas sobre a experiência e o saber da experiência” de Jorge Larrosa Bondía (2002), que descreve muito bem esse contexto :

Tudo o que se passa, passa demasiadamente depressa, cada vez mais depressa. E com isso se reduz o estímulo fugaz e instantâneo, imediatamente substituído por outro estímulo ou por outra excitação igualmente fugaz e efêmera. O acontecimento nos é dado na forma de choque, do estímulo, da sensação pura, na forma da vivência instantânea, pontual e fragmentada. A velocidade com que nos são dados os acontecimentos e a obsessão pela novidade, pelo novo, que caracteriza o mundo moderno, impedem a conexão significativa entre acontecimentos. Impedem também a memória, já que cada acontecimento é imediatamente substituído por outro que igualmente nos excita por um momento, mas sem deixar qualquer vestígio. O sujeito moderno não só está informado e opina, mas também é um consumidor voraz e insaciável de notícias, de novidades, um curioso impenitente, eternamente insatisfeito. Quer estar permanentemente excitado e já se tornou incapaz de silêncio. Ao sujeito do estímulo, da vivência pontual, tudo o atravessa, tudo o excita, tudo o agita, tudo o choca, mas nada lhe acontece. Por isso, a velocidade e o que ela provoca, a falta de silêncio e de memória, são também inimigas mortais da experiência. (p. 23)

        Em nossa sociedade é difícil se acalmar, é difícil arriscar-se no espaço da dúvida, do “não saber” e pensar o papel do educador contemporâneo, e no meu caso, o educador em arte, é pensar onde nos encaixamos dentro deste contexto da velocidade e do não parar para perceber, pois afinal, a arte é a percepção, são os sentidos.

        Ainda do texto de Larossa (2002), temos uma descrição do que seria necessário para se ter uma experiência:

“A experiência, a possibilidade de que algo nos acontece ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinão, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.” (p.24)

        A partir disso, viso construir essa singela reflexão, a cerca do papel do educador sob o viés da experiência, considerando que a experiência traga consigo uma resposta à cultura da massificação, da velocidade e da informação.

        Para fazer um recorte e não tentar abarcar mais coisas do que o necessário, já me antecipo dizendo que falo do ponto de vista do educador que trabalha com crianças. Para tal, gostaria de colocar algumas palavras que julgo traduzirem um pouco do que este educador contemporâneo deveria permear, são elas:

  • Resistência        ;
  • Afeto;
  • Reinvenção;
  • Suspensão;
  • Descoberta;
  • Risco.

        A arte mexe diretamente com os nossos sentidos. A educação em arte com crianças tem como grande motor trabalhar a potência da criança.

        O fato de trabalhar com educação e arte hoje em dia é algo extremamente desvalorizado, algo que vai no contrafluxo da produtividade, característica tão valorizada na sociedade contemporânea.

        As práticas artístico-pedagógicas são tipos de processos que exigem um outro tempo, que são mais artesanais, que envolvem um “perder tempo”. É algo que exige vontade e resistência, pois manter-se nessa função é, realmente, acreditar na sua potência transformadora e lutar para que hajam espaços onde ela possa fluir.

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