Os Fundamentos da Arte
Por: ricellys • 25/11/2017 • Ensaio • 822 Palavras (4 Páginas) • 435 Visualizações
Questão 01:
Como o próprio título do poema suscita, o texto é uma reflexão sobre a omissão do papel dos trabalhadores nas narrativas retratadas pela História. O personagem que dá voz ao texto – o operário alfabetizado, obtém através da leitura conhecimento dos grandes acontecimentos mundiais, mas contraditoriamente não encontra nos livros citações sobre o papel de sua classe na execução dos mesmos.
Sendo as narrativas de Bertold Brecht desenvolvidas a partir de críticas as relações humanas no sistema capitalista, o seu objetivo é de questionar o processo adotado para a produção de conhecimento, que baseia-se em função da alienação das massas sobre seu papel fundamental no alcance dos cultuados feitos heroicos históricos. O protagonismo é invertido, e a classe dominante se apropria do progresso conquistado em detrimento do trabalhador.
Há neste contexto a exemplificação da teoria do fetiche da mercadoria de Karl Marx, onde a manutenção da inversão de valores nas relações sociais envolvidas na produção torna-se fundamental para que os trabalhadores não percebam que são a verdadeira fonte de riqueza da sociedade capitalista.
A partir desta reflexão, pode-se tecer uma analogia a utilização subjacente do termo fetichismo nas conceituações sobre a Indústria Cultural desenvolvidas por pesquisadores da Escola de Frankfurt, e contestar sua perspectiva elitista em análises sobre a cultura popular, constatadas ineficientes em evidências empíricas, por não levarem em consideração uma maior fundamentação conceitual sociológica do objeto.
Theodor W. Adorno desenvolve o termo Indústria Cultural fundamentado na defesa que há no sucesso das sociedades capitalistas o controle ideológico da classe operária – ditas massas, através do processo onde há a predominância do valor de troca sobre o valor de uso no domínio dos bens culturais. As massas se tornam vítimas do fetiche da mercadoria a partir do momento em que as relações sociais são definidas como “coisas” e os bens culturais são materializados em dinheiro. Também acrescenta, de acordo com as conceituações de Herbert Marcuse, que a produção de mercadorias culturais padronizadas visam a alienação, estimulando a saciedade de necessidades supérfluas e acobertando as insatisfações das necessidades reais das pessoas.
Acontece que suas argumentações são edificadas na diferenciação da cultura popular como sendo inferior a cultura erudita. Além de não levarem em consideração que a cultura se torna popular porque gera prazer aos consumidores que a identificam a partir do processo de padronização. De acordo com Walter Benjamim, os efeitos da reprodutibilidade técnica sobre a “aura” de uma obra de arte podem ser em parte negativos, mas, em contrapartida, as tornam mais acessíveis, enfatizando seu poder democrático e participativo.
Referências:
BRECHT, B. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bertolt_Brecht>. Acesso em: 27/09/2017
CARVALHO, Ruth; MATIAS, Fernando. Alienação e Ideologia em ‘Perguntas de um trabalhador que lê’, de Bertolt Brecht. Disponível em:
<https://expertusperennis.wordpress.com/2011/04/03/alienacao-e-ideologia-em-perguntas-de-um-trabalhador-que-le-de-bertolt-brecht/> Acesso em: 27/09/2017
Questão 02:
01. De acordo com Maria Clara Machado, esclareça por que não se faz necessário distinguir cultura popular da cultura erudita.
Para Machado, não se faz necessário oposição pois tais expressões são apenas rótulos que as diferenciam apenas em relação ao conteúdo e sua forma de representação em uma determinada realidade social. Se levarmos em consideração que ambas se alimentam reciprocamente da circularidade entre elas, ou seja, da troca de valores entre duas culturas diferentes, uma de origem da classe dominante apropriando-se de outra de classe inferior, e através desta troca de conhecimentos mútuos, de forma circular, se torna possível uma nova visão de mundo.
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