Peça de Teatro: Entrevista a Irmã Lindalva em Salvador
Por: P-sil • 25/2/2016 • Dissertação • 1.419 Palavras (6 Páginas) • 401 Visualizações
Peça de Teatro: Entrevista a Irmã Lindalva em Salvador
Jornalista: Boa noite, nessa noite, vamos conhecer (nome da menina) que viu sua vida mudar e se transformar após um milagre em sua vida. Mas, antes de conhece-la, vamos voltar no tempo e exibir uma entrevista que fizemos em 1991, com Irmã Lindalva Justo de Oliveira.
Repórter: Boa noite, recebemos hoje em nosso estúdio, a Irmã Lindalva Filha da Caridade, uma potiguar que acaba de chegar ao Abrigo Dom Pedro II para trabalhar no serviço aos idosos. Boa noite, Irmã.
Irmã Lindalva: Boa noite.
Repórter: Podemos começar?
Irmã Lindalva: Sim.
- Como foi sua infância?
Tive uma infância muito feliz, com os meus quatorze irmãos.
- Quatorze irmãos?
Sim. Meu pai era viúvo quando casou com minha mãe, e tinha três filhos da primeira esposa. Minha mãe teve treze filhos, morrendo um. Nós éramos em quinze.
- Continuando, você falava sobre sua infância...
Isso mesmo, éramos pobres e vivíamos humildemente, meus irmãos brincavam de bola e eu e minhas amigas, brincávamos com as bonecas de barro que eu fazia e eu costurava também as roupinhas para deixa-las mais bonitas. Gostava de correr, tomar banho na lagoa, ajudava a cuidar dos meus irmãos... Meu pai me chamava de Pororoca, porque eu gostava de colocar os pequenos no colo e ficar acalantando-os. Mas, sempre fui consciente dos sacrifícios que meus pais faziam.
- Onde era isso?
Bom, sou de Assu, no RN. Boa parte da infância foi na zona rural, mas mudamos para cidade para podermos estudar.
- E desde essa época você já queria ser Filha da Caridade?
Na verdade, sempre tive dentro de mim, essa vontade de servir aos outros, ajudar, eu cuidada de crianças, ia ao sítio doar roupas, alimentos que sobravam. Mas, naquela época, quando me questionavam se eu queria ser enfermeira, eu dizia que queria ser linda.
- E era muito vaidosa?
Um pouco. Eu gostava de pentear os cabelos, maquiar-me, mas com o passar do tempo, fui deixando de lado, comecei a ser babá numa casa, me procuravam quando alguém estava doente e precisava de cuidados, então fui abandonando mais o espelho, só fazia questão mesmo de arrumava só as sobrancelhas, gostava delas bem fininhas.
- E isso, atraía muitos olhares?
Alguns. Mas nunca cogitei a hipótese de casar, na verdade, eu dizia que não nasci para casar. Inclusive, quando mudei-me para Natal, era o que minhas amigas mais falavam e queriam saber.
- Por que se mudou para Natal?
Bom, meu irmão casou e me levou para cuidar dos três filhos, que passaram a ser meus também, já que cuidava deles.
- E foi uma fase boa em sua vida?
Com certeza: eu cuidava das crianças, estudava, ia na favela ajudar as crianças. Após terminar os estudos, comecei a trabalhar em fábricas de confecção, depois como caixa num posto de gasolina. E cada trabalho, era um prazer e uma alegria enorme. Eu ia à praia c nos fins de semana com os amigos, usava muito jeans. E claro, lia a Bíblia todos os dias.
- E como descobriu a vocação?
A morte de meu pai tocou-me demais. Ele reuniu os filhos, conversou com o Padre, recebeu a extrema unção e foi uma morte que realmente me fez entender a misericórdia de Deus, pois diante da morte, meu pai nos encorajou a perseverar na fé. E, após isso, eu intensifiquei as visitas à casa da Filhas da Caridade. E uma noite, passei na Igreja, onde Irmã Djanira, superiora da Escola Dom Marcolino Dantas falou sobra a necessidade de doar-se a Deus no serviço aos pobres e aos idosos. Eu falei com ela, passei a ir mais vezes ao abrigo para ajudar e a Irmã escreveu à Província o pedido de admissão.
- E como foi daí em diante?
Quando recebemos a resposta, fui a Recife, onde fiquei sabendo que faria a primeira parte do postulado em Olinda e a segunda etapa em Nazaré da Mata. E o noviciado em Recife.
- Como era a vida nessa época?
Sem muitas novidades, mas o serviço aos pobres, aos idosos, me deixavam muito feliz. Difundir a devoção a Medalha Milagrosa, cuidar de todos que precisavam, ir ao Hospital visitar aos doentes... Escrevi muitas cartas aos meus familiares e amigos também, cartas onde eu falava sobre a vida que eu levava e onde orientava os que precisavam de uma palavra.
- Minha pergunta agora é: está preparada para viver aqui em Salvador?
Estou disposta a servir aos pobres e aos idosos que tanto necessitam de carinho, estou disposta a servir a Jesus, para mim, não pode haver alegria maior. Tenho Deus comigo (mostrando o terço) e isto para me proteger.
- Obrigada pela sua presença, por nos contagiar com sua alegria, seja bem-vinda a Salvador!
Obrigada pelo convite!
Jornalista: Como já sabemos, Irmã Lindalva foi terrivelmente assassinada no ano de 1994, no abrigo D. Pedro II, por um dos idosos de quem cuidava. Recebendo 44 facadas na sexta-feira santa, morrendo para defender sua pureza, seu amor a Jesus Cristo e sua fé, principalmente. Esse tipo de morte na Igreja Católica, chamamos de martírio, ao qual a vítima é agraciada com o título da beatificação não sendo exigido nesse caso um milagre. Em casos de martírio, o milagre é necessário apenas para a canonização, processo ao qual a Igreja Católica concede o título de Santo. Gostaria de chamar ao palco, a senhora Rosalba Ferreira e sua filha Alba Caroline.
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