SERTÃO DAS FESTAS ANTIGAS
Por: Nininha Azevedo • 11/9/2018 • Dissertação • 252 Palavras (2 Páginas) • 189 Visualizações
Sertão das festas antigas
Perdi o gosto seu moço
De vê festa no sertão
A dispois que tá machando
Pra tá civilização
Perdi o gosto pruquê
A lembrança inda me vem
Do sertão mala manhado
Do prumode e do qui nem.
Da festa a padroeira
Quando o povo vinha a pé
Passa a noite correndo
Em riba do carrocé
Das ciganinhas infeitadas
Da cabeça inté o pé
Pedindo esmola pru santo
Dois toes, cruzado,mil réis.
Do casá de namorado
Comendo pão pelos beco
Do véio sujando a barba
Na goma do doce seco
Do chapéu acabanado
Do paletó sem umbreira
Do vestido de babado
Cubrindo a chinela inteira
Da mulecada da rua
Qua bando de cangaceiro
Isperando pra brigá
O menino beradeiro
De João de Mané padero
De Zé de dona criola
Dando início ao sangangu
Com a queda da cibola
Do botequim do mercado
Com a luz de caboreto
Zuando como enchurada
Na ossada dum esqueleto
Nas casas comerciá
Os lampiões acendidos
Nos tabuleiro de bolo
Os murrão entristecido
Do capilé do maduro
Do pote de aluá
Da gigibirra gostosa
E da casca do ananá
Pruquê num falar da musga
Cum o povo de rua a baixo
Oiando de boca aberta
A boca do contra baixo
Era essa a festa seu moço
Do meu tempo de rapaz
Que procuro em toda parte
E hoje num vejo mais
Eu tenho muita vontade
Se não tiver Deus me aleje
De abandoná para sempre
O sertão cara de herege
Só inda num tou morrando
No centro da capitá
É pruquê sinto arreceio
Da sodade me matar
De perto o sertão é assim
Feio e veio como um monge
Porem é muié formosa
Pra quem dele veve longe
E seu moço a muié bonica
O caba abandona ela
No outo dia amanhece
Chorando na porta dela.
É mio me acostumá
Cum a tá civilização
Pruquê bate, vira e mexe
Sertão é sempre sertão
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